Ano após ano, a questão dos golpes aplicados em turistas que visitam Ciudad Del Este para fazer compras permanece sem solução, e os incidentes só parecem aumentar. A falta de punição por parte das autoridades paraguaias tem encorajado esses crimes, e nem mesmo a adoção do “dinheiro digital” tem protegido os brasileiros contra esses golpes na cidade.
Embora não seja uma novidade, as ações cada vez mais ousadas dos “pirañitas” (como são conhecidos os falsos guias de rua que operam em Ciudad Del Este) têm ganhado destaque tanto na mídia brasileira quanto na paraguaia. Mesmo com a ampla divulgação dos casos, novas vítimas continuam surgindo diariamente.
Na última semana, em menos de 24 horas, dois brasileiros, naturais do Estado de Santa Catarina, se tornaram vítimas dos “pirañitas”, sofrendo grandes prejuízos.
No primeiro caso, ocorrido na sexta-feira (16), Felipe Rafael Witezat, de 29 anos, natural da cidade de Chapecó, relatou que foi conduzido à loja Imega por uma mulher que se passava por guia de compras. Ele tinha a intenção de adquirir produtos eletrônicos. Ao chegar ao estabelecimento, foi levado a uma sala nos fundos, onde havia quatro ou cinco pessoas de nacionalidade paraguaia. Um dos indivíduos revistou seu corpo, retirou seu celular e realizou uma transferência de R$7 mil sem sua autorização, por meio do aplicativo PIX. Além disso, revistaram seus bolsos e subtraíram mais de R$1 mil antes de ameaçá-lo e expulsá-lo do local.
No sábado seguinte ao ocorrido, uma equipe do Ministério Público do Paraguai realizou uma intervenção no estabelecimento comercial, acompanhada pelo denunciante. Durante a ação, a vítima conseguiu identificar plenamente um dos envolvidos, identificado como Fernando Alexis Ramos Olmedo, de 23 anos, residente no km 10, lado Acaray, em Ciudad del Este. Olmedo possui histórico de fraude em 2023 e estava com ordem de prisão preventiva decretada.
Quase que simultaneamente à chegada das autoridades, uma advogada também esteve presente no local. Mirta Castillo Sánchez, representante legal da loja, entregou a quantia de R$8 mil ao denunciante, visando encerrar o caso, como ocorreu em episódios anteriores. Surpreendentemente, com a anuência dos representantes do Ministério Público do Paraguai, os suspeitos devolveram o dinheiro, e o proprietário do local permaneceu impune, sem qualquer prisão.
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No segundo caso, Elias Valdecir de Freitas, residente na cidade de Joinville, foi a pessoa lesada. Segundo a denúncia, ele pagou R$14,3 mil via PIX e R$700 reais em dinheiro por produtos eletrônicos na loja “Mercado Libre Brasil”, que prometeu fazer a entrega dos itens adquiridos no hotel da vítima no Brasil. A promessa de entrega nunca se concretizou.
Após perceber o golpe, Elias retornou a Ciudad del Este para registrar a denúncia. Uma equipe composta por representantes do Ministério Público do Paraguai, Polícia Nacional do Paraguai e Defesa do Consumidor de Ciudad Del Este dirigiu-se à loja “Mercado Libre Brasil”, localizada no Shopping Vendôme. No entanto, ao chegarem ao local, encontraram a loja fechada.
Falta de informação, excesso de confiança ou vontade de levar vantagem?
No Destino Iguaçu News, programa que é apresentado ao vivo, todas as segundas-feiras, no canal da Loumar no Youtube, Garon Piceli, Luciano Santana e Kaká Souza debateram este caso.
Neste debate, os apresentadores tentam entender porque a informação não tem chegado aos turistas, e porque, turistas da região sul parecem cair mais em golpes do que turistas de outras regiões do Brasil. Você pode assistir o programa na íntegra no Youtube, ou ouvir o trecho do debate no Clickcast postado no nosso canal no Spotify no player abaixo:
Para Kaká Souza, um dos apresentadores do Destino Iguaçu News e também responsável pelo perfil @GuiaParaguai na rede social Instagram, a sensação é de estar “enxugando gelo”.
“Agora em fevereiro, completou 5 anos desde que fiz meu primeiro vídeo denunciando a ação dos pirañitas. Foi um vídeo ousado, que viralizou e chegou a muita gente, inclusive, aos próprios golpistas. Fiquei meses recebendo ameaças de morte pelas redes sociais e até mesmo via telefone. Mas olha, cinco anos e muitas outras denúncias depois, e o número de vítimas, ao invés de diminuir, aumentou… a sensação é de estar enxugando gelo…”
O vídeo citado pode ser visto aqui, e ao assisti-lo nota-se que mesmo após cinco anos ele segue muito atual já que a ação dos golpistas não mudou.
