A Itaipu Binacional deu início, nesta manhã de quarta-feira (14), à implantação da primeira Unidade de Gestão Descentralizada (UGD) no mundo, do programa O Homem e a Biosfera, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). As atividades começaram com uma reunião de apresentação, seguida de uma capacitação on-line para os indicados ao colegiado de instituições que farão parte do Fórum Consultivo de Apoio à UGD.
A instalação oficial da UGD será no próximo dia 27 de julho, quando os membros do Fórum serão empossados e os documentos de regimento e plano de ação homologados pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A UGD da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, sob coordenação da Itaipu, compreende uma área de mais de 860 mil hectares e engloba, principalmente, a Bacia do Rio Paraná Parte 3. O Refúgio Biológico Bela Vista, mantido pela Itaipu, é considerado Posto Avançado da Reserva.
O Fórum Consultivo de Apoio à UGD é composto por 10 membros governamentais e 10 não-governamentais, entre eles o ICMBio (responsável pelos parques nacionais da Ilha Grande e Iguaçu); instituições de ensino como a Unila, UEMS e UDC; órgãos ambientais (Instituto Água e Terra – IAT); representantes dos municípios (Conselho dos Municípios Lindeiros e Amop), do turismo (Parque das Aves e Cataratas S/A) e dos agricultores (Biolare); ONGs (Mater Natura e Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia); além do Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
Os generais João Francisco Ferreira (diretor-geral brasileiro da Itaipu) e Luiz Felipe Carbonell (diretor de Coordenação) participaram da abertura do evento. Ferreira destacou o fato de Itaipu ser uma empresa cuja atuação vai muito além da geração de energia, passando pela sustentabilidade do território. A UGD, segundo ele, se insere na consolidação de um modelo de gestão ambiental de vanguarda.
“A UGD vai melhorar ainda mais a gestão dos recursos naturais deste território, com foco na conservação e no desenvolvimento sustentável, aumentando a segurança hídrica e, consequentemente a segurança energética, beneficiando o Brasil e o Paraguai, e, principalmente, os municípios do Oeste do Paraná”, assegurou o diretor.
As áreas de Reserva da Biosfera são implementadas por governos e chanceladas pela Unesco. A gestão é exercida com apoio de colegiados de gestores compostos de forma paritárias entre representantes governamentais e não governamentais. A experiência de ter uma empresa como gestora de uma área integrante de uma Reserva da Biosfera, sob a chancela da Organização das Nações Unidas (ONU), é única no planeta.
A UGD é uma nova instância no sistema de gestão e conta com certa independência do restante da Reserva da Biosfera para a condução dos trabalhos que contarão com a coordenação da Itaipu. “Estamos iniciando um novo modelo de gestão de grandes reservas florestais. É uma novidade que chega em um momento especial, visto que o programa O Homem e a Biosfera, da Unesco, está completando 50 anos. E vale destacar que a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) é a maior da rede mundial”, afirmou o presidente da RBMA, Clayton Lino.
A partir da implementação do Fórum, a Itaipu coordenará os trabalhos por quatro anos. A empresa será representada pelo engenheiro florestal Luís César Rodrigues da Silva, da Divisão de Áreas Protegidas, e que também atuará como coordenador do Fórum.
A atuação da UGD será alinhada com a promoção do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 (apoiar os vínculos econômicos, sociais e ambientais positivos entre as áreas urbanas, metropolitanas e rurais, fortalecendo o desenvolvimento nacional e regional) e de acordo com as premissas do programa O Homem e a Biosfera: foco em conservação dos recursos naturais, desenvolvimento sustentável e promoção do conhecimento científico e dos saberes tradicionais da região. Para isso, contará com o apoio das 20 instituições convidadas que, nessa quarta-feira (14), passaram pela capacitação.
Um dos objetivos do Fórum é trabalhar para que os municípios integrantes do território da UGD elaborem e implantem seus Planos Municipais da Mata Atlântica, em consonância com as diretrizes dos instrumentos de gestão territorial nacionais, regionais e locais, alinhados com os princípios da Reserva da Biosfera e os objetivos estratégicos da Itaipu para a segurança hídrica.
“A UGD é uma importante inovação e vai permitir discutir o futuro da região de forma sustentável, contribuindo para uma gestão integrada da área da Tríplice Fronteira, com reflexos positivos para o turismo e o desenvolvimento econômico”, concluiu o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva.