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Não haverá cultura em Foz se não houver fomento

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Um debate que faço há alguns anos, e quero tocar no tema hoje, é sobre a política de Fomento à Produção Cultural em Foz do Iguaçu.

Quem faz teatro, dança, música, artesanato, artes visuais, ou qualquer outra expressão na cidade, sabe o quanto é difícil financiar trabalhos sérios e conceituais. Todas as formas de patrocínio são, ou vinculadas à boa vontade política – que não há – ou à contrapartidas limitadoras de uma produção mais elaborada.
 

Em relação à boa vontade política, esbarra-se na possibilidade – ou não – de agradar o gosto – ou as percepções político-ideológicas – de gestores culturais. Desta forma, um trabalho seria julgado não pelas suas qualidade conceituais, mas, sim, pela sua incapacidade de inovar além da visão – muitas vezes limitada, uma vez que os gestores, em geral, não têm capacitação e/ou experienciação artística adequada – e ampla – para julgar aparatos estéticos.

Em relação às contrapartidas, cito, por exemplo, os Pontos de Cultura. Uma importante forma de fomento a partir de recursos federais somados à contrapartidas financeiras da Prefeitura, mas que vinculam o recebimento dos recursos à atividades sociais ou de caráter educativo/didático.

Um erro.

Longe de eu ser contra ações de cunho social/educacional/informativo/didático, mas estas não devem ser as únicas formas de se obter fomento cultural na cidade.

Precisamos ir além.

Bertold Brecht, Augusto Boal, Paulo Freire, etc, foram gênios de suas épocas. Merecem nosso respeito e memória. Merecem flores nos túmulos. Merecem um espaço na Wikipédia.

E só.

Vincular editais e boa vontade na distribuição dos recursos aos ensinamentos desses gênios é jogar a novas genialidades na vala comum.

É produzir e reproduzir sempre as mesmas coisas, sem dar brecha ao caráter inovador e inventor da pesquisa estética em nossa cidade.

Assim, defendo, a partir do Fundo Municipal de Cultura, editais com alto grau de subjetivação, onde a capacidade técnica exigida seja, só e somente só, resultados práticos abertos ao público experiencial.

Tais editais não excluiriam outras formas de financiamento, mas complementariam.

Precisamos sim educar. Precisamos sim informar. Mas precisamos, também, ir além: preciasmos referenciar os próximos.

Foz do Iguaçu só vai ter um movimento cultural autêntico e contemporâneo quando abrirmos os olhos, as mentes.

Nossos heróis, na música, no teatro, na literatura, no cinema, “morreram de overdose”. Agora, amigos, é nossa vez.

 


 

* Luiz Henrique Dias é iguaçuense e diretor da Cia Experiencial de Teatro, de São Paulo. Siga no Twitter também: @luizhdias

 

 

 

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