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A biblioteca que fecha e o descaso com o cidadão

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Como muitos sabem, estou morando fora de Foz do Iguaçu por um tempo, estudando, dando aulas e trabalhando em São Paulo. Porém, sempre que posso, e mesmo quando não poderia, por questões de tempo e/ou recursos, visito minha cidade, onde nasci, cresci, trabalhei e para onde pretendo voltar em breve.

Na última sexta-feira, logo que cheguei ao aeroporto, fiz questão de programar meu final de semana. Uma das coisas que mais gosto de fazer em Foz, e faço desde adolescente, é frequentar a Biblioteca Pública, localizada perto da Prefeitura e no mesmo prédio onde funciona a Fundação Cultural. Lá, além de muitos livros, revejo amigos e alguns funcionários conhecidos dos "velhos tempos", quando eu tinha 16/17 anos e passava as tardes estudando no local, entre minhas aulas na manhã no Caesp e o cursinho à noite.

Com a ideia fixa de passar por lá – pela biblioteca – e ver como estava meu cadastro e pegar um livro, corri para deixar minhas malas em casa e resolvi ir até lá. E foi então que o pesadelo começou: ela estava fechada.
 

Sim, caro leitor, parece inacreditável, mas em plena sexta-feira (e não era feriado, nem véspera de feriado, e nem nada que possa justificar), às 14h15 eu encontrei a Biblioteca Pública Municipal de Foz do Iguaçu fechada e com um papel de aviso – bem tosco – informando que aquilo – ela estar fechada – é a regra e não a exceção. Veja, na foto que ilustra este texto o anúncio do descaso com a literatura, com a educação e com a cultura de nossa querida cidade.

Um equipamento cultural, em especial um equipamento em uma cidade turística e universitária, precisa atender a população e os visitantes. É justamente no horário em que ela está fechada (a partir das 14h) é que existe demanda, em especial de estudantes e trabalhadores. Além disso, é justamente depois das 14h que os artistas costumam procurar a Fundação Cultural para conhecer – e levar – projetos, fazer reuniões, querer conversar com os gestores da cultura da cidade. É um absurdo fechar o equipamento que, ao meu ver, deveria estar aberto em horários diferentes dos horários burocráticos da Prefeitura, como, por exemplo, das 10h às 22h, de segunda à sábado, e das 10h às 18h aos domingos e feriados, para atender não só quem estuda mas quem procura na literatura um lazer. Nossos gestores e governantes precisam entender a cultura como uma necessidade humana e social e não como uma parte da administração pública, apenas. A subjetividade é fundamental para a formação e privar a população, em especial a população dependente da Biblioteca para ter acesso aos livros que não pode comprar é um crime contra todos nós e deve ser denunciado.

Saí de lá frustrado.

Em Foz sempre acontecem grandes atividades de cultura. Mas sem continuidade pela Fundação Cultural e pela Prefeitura. O movimento de grafite começou e parou. As atividades culturais na Feirinha começaram em pararam. O Teatro Barracão já foi efervescente, mas virou um depósito particular. A Feira do Livro já foi uma referência nacional, mas definha. O nosso teatro parou antes de começar a ser construído. E agora, nossa Biblioteca funciona só até 14h. E de segunda à sexta.
 

 


 

 *Luiz Henrique Dias é escritor. Siga ele no Twitter: @luizhdias

 

 

 

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