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Os valores ensinados pela Chapecoense

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“Se eu morresse amanhã, morreria feliz, pois acho que tudo o que eu quis na vida, o principal eu que consegui”. A frase forte foi dita pelo técnico Caio Junior, dias antes do acidente com o avião que levava a delegação da Chapecoense. O cascavelense de 51 anos vivia o melhor momento da carreira.

Quando a aeronave do time catarinense caiu próximo a Medelín, na Colômbia, na madrugada do dia 29 de novembro, morreram no local, além de 71 pessoas entre jogadores, comissão técnica, dirigentes e jornalistas, também os sonhos de uma equipe que construiu, em tão pouco tempo, uma das mais bem sucedidas histórias do futebol nacional.

Ainda é difícil encontrar palavras para descrever o sentimento de tristeza que atingiu a todos mundo afora. Foi a maior tragédia do esporte mundial que se tem conhecimento. Um time que havia conquistado a simpatia dos brasileiros, por subir da Série D à Série A do Brasileiro e de lá não sair desde 2014 e chegar à final da Copa Sul-Americana, conseguiu muito mais do que isso. Conseguiu unir povos, clubes, outros esportes, celebridades de toda a parte do mundo.

No dia 30 novembro, no horário em que estava marcado o primeiro jogo da final, o Atlético Nacional realizou uma grande e bonita homenagem à Chapecoense no Estádio Atanasio Girardot, em Medelín, mostrando que a humanidade pode sim ter jeito. A solidariedade do adversário foi além. Sugeriu que a Conmebol declarasse o time catarinense campeão da Sul-Americana, o que deve ocorrer nos próximos dias, garantindo vaga na Libertadores de 2017. Fica aqui a sugestão para o pessoal de Curitiba ir no dia 7 de dezembro, data que seria o segundo jogo da final, até o Estádio Couto Pereira, local escolhido para a grande decisão, pois a Arena Condá, em Chapecó (SC), não comporta a capacidade mínima exigida, de 40 mil lugares.

O futebol brasileiro parou. A final da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético-MG e última rodada do Brasileirão foram adiadas. Em diferentes países, homenagens foram feitas em estádios e ginásios.

Da pior maneira possível, a Chapecoense nos ensinou uma lição. A lição de valorizar sempre a vida, não deixar para depois o que pode fazer agora, pois o depois pode não chegar.

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A investigação das causas do acidente já concluiu que a aeronave Lamia estava sem combustível quando caiu, o que era possível comprovar pelo fato de não ter ocorrido explosão. Resta saber agora o que causou essa falta de combustível. Negligência do piloto? Vazamento durante o voo? Não vamos sair acusando alguém que não terá mais como se defender, pois a família do piloto é mais uma que está sofrendo agora.

O que mais dói no acidente da Chape, é saber que está sujeito a acontecer com qualquer um de nós, jornalistas, jogadores de outros times. E também que os que se foram tinham muito a conquistar ainda em suas profissões. A forma como tudo aconteceu parece história de cinema, filme de Drama.

Mas no meio de tanta tragédia, houve uma luz de esperança e renascimento, com a sobrevivência de seis passageiros, entre eles três jogadores: Neto, Follman e Alan Ruschel. O goleiro Follman teve a perna direita amputada abaixo do joelho. O mais importante é que estão vivos e que possam se recuperar o quanto antes. Do susto talvez nunca vão se recuperar.

Acredito que depois do que aconteceu essa semana, as pessoas nunca mais verão o futebol, ou qualquer esporte, da mesma maneira. Ele é capaz de mobilizar plateias do mundo todo, em prol da solidariedade. Afinal de contas, nunca será somente um jogo.

Chape, que tenha forças para se reerguer e continuar superando todas as adversidades que os jogos – e a vida – oferecem. A Chapecoense que já era grande por seus feitos incríveis, agora torna-se gigante. Não é a Chape do Brasil, o mundo é que é da Chape.

Bruno Zanette é jornalista esportivo desde 2008 e hoje trabalha no jornal Primeira Linha.

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