Influenciadas pelo fim da redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos e pelo menor número de dias úteis, as vendas industriais passaram por uma “acomodação” em abril, com uma queda de 7,9% em relação a março. A retração, porém, não aponta para uma perda de ritmo do setor – o resultado de abril foi 7% superior ao verificado no mesmo mês de 2009 e fez com que as vendas acumuladas nos quatro primeiros meses de 2010 ficassem 3,7% acima do que foi visto no mesmo período do ano passado.
“Esse desempenho ainda não foi suficiente para igualar o primeiro quadrimestre de 2008, que foi o melhor ano de toda a série histórica iniciada em 1986”, diz Maurílio Schmitt, chefe do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), responsável pela pesquisa de indicadores industriais. “As vendas nesse período ficaram 5,5% abaixo do que vimos em 2008. Mas a diferença estava em 6% em março e vem se reduzindo.”
Segundo o economista, o resultado de abril foi um ajuste normal após a expansão forte de março. Ele aponta que o ritmo rápido das vendas e importações de máquinas e equipamentos indica que a indústria está investindo para aumentar a produção. O volume de compras de insumos também está elevado – alta de 10% no quadrimestre –, o que é um sinal de que o setor se prepara para produzir mais. Além disso, o nível de utilização da capacidade está em um patamar historicamente alto, de 80%, três pontos porcentuais maior do que em abril do ano passado.
Setores – Em abril, os setores que registraram as maiores quedas nas vendas em relação a março foram os de móveis (-29%), produtos de metal (-28%) e veículos automotores (-25%), influenciados pela retirada de benefícios fiscais no fim do mês anterior. O segmento de alimentos, que tem o maior peso na produção do estado, avançou 1,9%, refletindo a entrada da boa safra deste ano.
Somente outro setor fechou o mês em alta: o de confecções, que teve elevação de 2,8%. No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, os melhores desempenhos foram dos segmentos de couros e calçados (alta 77% sobre o mesmo período de 2009), metalurgia básica (52%), artigos de borracha e plástico (42,5%), e máquinas e equipamentos (35,9%). As quedas mais importantes foram nos setores de edição e impressão (-25%), produtos químicos (-10%) e alimentos (-3,7%).
Apesar da retração nas vendas em relação a março, a indústria continuou aumentando o quadro de funcionários em abril. O nível total de emprego no setor subiu 2,3% sobre o mês anterior e 2,7% sobre o visto em abril de 2010. Nos quatro primeiros meses do ano, houve uma expansão de 2% — os destaques nesse período são os segmentos de produtos químicos, artigos de borracha e plástico, e máquinas e equipamentos, todos com elevação próxima de 10% no emprego. O indicador está hoje apenas 2% abaixo do pico de junho de 2008.