O índice de mortalidade materna e infantil em Foz do Iguaçu vem registrando aumento desde 2012. Segundo análise realizada pelo Comitê de Mortalidade Materna e Infantil de Foz do Iguaçu, com base em dados de 2015, 66% das mortes naquele ano poderiam ter sido evitadas. As mortes maternas decorrem, principalmente, de complicações obstétricas na gravidez, parto e puerpério, incluindo intervenções, omissões, tratamentos incorretos ou, ainda, uma cadeia de eventos resultantes de quaisquer dessas causas. Diante desse quadro e para tentar reduzir esses índices, foi criado o “Grupo de apoio sobre gestação, parto e aleitamento materno na Rede de Atenção Básica de Foz do Iguaçu”, projeto de extensão desenvolvido pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
Um dos objetivos do projeto é disponibilizar conhecimentos da área da saúde à comunidade, auxiliando na redução dos índices de mortalidade materno-infantil, por meio de ações multidisciplinares na Rede de Atenção Básica que atende a gestantes. O projeto busca, ainda, fortalecer a relação entre a Universidade e o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de parceria com as Unidades de Saúde locais, com foco na atenção básica, sobretudo no que diz respeito à saúde da criança e da mulher.
Uma das primeiras ações do grupo foi a realização de um levantamento no qual foram detectadas Unidades Básicas de Saúde que não tinham um trabalho direcionado à gestante, puérpera e lactante para além das consultas ordinárias. A partir dessa pesquisa, o projeto foi implantado em bairros da região nordeste e norte de Foz do Iguaçu: Sol de Maio, Lagoa Dourada, Três Bandeiras e Vila C Nova.
Nas Unidades desses bairros, no primeiro semestre deste ano, foram estabelecidas rodas de conversa com as gestantes e interessados, em parceria com gestores e agentes de saúde, além de um grupo multidisciplinar da Unila, formado por enfermeiros, psicólogos, estudantes e profissionais de Saúde Coletiva e Antropologia e, também, residentes multiprofissionais em Saúde da Família.
“Nessa metodologia, há um acolhimento de dúvidas e angústias. As gestantes ou familiares trazem temas para diálogo e reflexão. É um espaço para disponibilizar evidências científicas e, também, apoio psicológico, de forma que essas pessoas possam expressar-se de forma mais livre possível. O objetivo é ter uma conversa informal, horizontal, na qual os participantes possam compartilhar, contribuir mutuamente, trocar informações e identificar-se nesse espaço”, afirma Alisson Vinícius Ferreira, psicólogo da Unila e atual coordenador do projeto. Anteriormente, a coordenação estava com a docente de Saúde Coletiva e Medicina, Ana Paula Fonseca.
O parto está entre os temas recorrentes – dúvidas e ansiedades em relação ao parto, questionamentos, informações e reflexões a respeito das opções de parto (natural ou por cesariana), práticas médicas, transformações corporais, relações familiares pós-parto, aleitamento materno, entre outros temas.
“Há, nesse processo, um empoderamento da mulher, para que ela tenha papel de protagonista, por exemplo, no processo do parto. É um protagonismo do corpo e das reações dela. Ao receber mais informações, além do entendimento do que sente, ela torna-se mais confiante para ter diálogos com as equipes médicas, o que possibilita que se expresse mais. Assim, consegue um empoderamento para um diálogo mais equilibrado e menos passivo”, destaca Ferreira.
No grupo, as gestantes podem fazer um plano de parto: ficha elaborada para que a gestante e o companheiro possam colocar seu desejo em relação aos procedimentos médicos nesse momento da chegada de uma criança. Há, também, nas rodas de conversa, diálogo e esclarecimentos com parceiros do projeto, como o Banco de Leite Humano e o Grupo Filhos de Gaia – coletivo que trabalha com o empoderamento feminino e o parto, em uma perspectiva mais humanista.
Rodas de conversa
As rodas de conversa acontecem semanalmente nas Unidades de Saúde da Família e Unidades Básicas de Saúde. Na Unila, a comunidade acadêmica também encontra um espaço para discussão e reflexão nas unidades do Jardim Universitário e do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A programação segue os seguintes dias e horários:
Aberto à comunidade
– Sol de Maio: quartas-feiras, das 9h às 10h
– Lagoa Dourada: quartas-feiras, das 10h às 11h
– Três Bandeiras: terças-feiras, das 8h às 9h
– Vila C Nova: quartas-feiras, a partir das 10h
Comunidade da Unila
– Parque Tecnológico Itaipu (PTI): quintas-feiras, às 13h (sala 2, espaço 4, bloco 4)
– Jardim Universitário: segundas-feiras, às 18h (sala G206)
Para outras informações, envie um e-mail para: alisson.ferreira@unila.edu.br.