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Uma perspectiva para chamar de minha…

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A polarização política tem prestado um desserviço à população brasileira e entre os gritos de “mídia esquerdista” e “governo populista” a grande verdade é que, em meio à maior crise epidemiológica dos últimos tempos, muita gente não sabe mais no que acreditar.

Como não possuo gabarito para fazer uma análise a nível Brasil, adianto que, esse texto, leva em consideração apenas a realidade de Foz do Iguaçu, então, espero que, ter deixado isso explícito no terceiro parágrafo ajude a você, que não lerá esse texto até o fim, a não tecer muitas críticas a esse pobre escritor de visão regional.

Eu adoro falar para as pessoas que Foz do Iguaçu é um “mini Brasil” e quem mora aqui jamais poderá discordar dessa afirmação, já que tudo que acontece no Brasil, acontece por aqui, mais cedo ou mais tarde, em menor escala.

A crise do Covid-19 (Coronavírus) vem assolando o mundo desde o fim de 2019, e virou uma realidade brasileira desde o carnaval deste ano. Infelizmente, para não causar pânico na população ou em uma hipótese bem pior, para não prejudicar o carnaval, o governo minimizou o quanto pode essa crise, porém no último mês, o vírus começou a causar baixas nos principais estados brasileiros e aquela tese da “gripezinha” começou a ser questionada por parte da população e pela mídia.

Diante da falta de posicionamento do governo federal, e temendo uma crise no sistema básico de saúde, governadores e prefeitos de vários estados e municípios, por iniciativa própria, decidiram seguir a sugestão da O.M.S (Organização Mundial da Saúde) iniciando uma quarentena que, não chegou a ser o “lockdown” tão criticado por muitos já que deixou de fora da lei os serviços essenciais mas, fechou escolas, comércio e alguns serviços não essenciais.

A medida em si, visava promover o “achatamento da curva” – em referência à Curva De Gauss, que prevê o período em que o vírus continuará contaminando novos hospedeiros antes de finalmente encontrar uma barreira imunológica que fará o número de contaminados diminuir exponencialmente – e, em tese, vem funcionando em Foz do Iguaçu, onde até o momento, 30 de março de 2020, após 11 dias de quarentena, contabilizamos, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (S.M.S), apenas 10 casos confirmados e todos eles importados de outros países e/ou estados.

Os números positivos na contenção de novos casos em Foz do Iguaçu deveriam ser um alento para a população, mas na verdade, tem causado dúvidas sobre a eficácia das medidas tomadas pelos governos municipal e estadual. Principalmente porque, por se tratar e um vírus até então desconhecido, nem mesmo a O.M.S (Organização Mundial da Saúde), sabe ao certo qual é o tamanho da curva do Covid-19. Na China, epicentro da contaminação, não se sabe ao certo quando se deu início a disseminação do vírus, já que o caso, por diversas vezes, foi abafado, inclusive com blogueiros e médicos que tentaram informar a população sendo presos.

Na Itália, onde números são um pouco mais exatos, a população sofre com os efeitos da disseminação do Covid-19 desde o início do ano, mas ao contrário do que a Curva de Gauss prevê, o número de infectados e de mortes causadas pelo Covid-19 continua crescendo, mesmo com a proximidade do fim das 12 semanas onde a tese da curva de Gauss prevê que o vírus encontraria uma barreira imunológica.

Outra incerteza com relação às medidas de contenção é a diferença climática. Ao contrário dos países do hemisfério norte, que estão enfrentando a disseminação do vírus durante o período mais frio do ano, no Brasil, parte do país ainda enfrenta temperatura média superior a 20 graus, o que pode estar ajudando na não disseminação. Porém, o inverno não tarda a chegar e ninguém, até o momento, ousa prever se estaremos com a disseminação controlada até lá, ou se enfrentaremos a verdadeira onda de disseminação quando isso acontecer.

Diante de tantas incertezas, em Foz do Iguaçu, a população começa a se questionar se as medidas tomadas, que culminaram no fechamento do comércio e de boa parte da prestação de serviços foi acertada ou se apenas nos adiantamos no processo que irá nos levar a uma recessão econômica sem precedentes.

Não é de hoje que nós brasileiros enfrentamos recessões econômicas e aqui em Foz do Iguaçu, a mais recente delas, ocorreu na segunda metade dos anos 2000. Foi nesse período que as novas regras da Receita Federal do Brasil, de combate ao contrabando e descaminho na fronteira, juntamente com a flutuação do dólar americano, colaboraram com uma recessão econômica que atingiu a região da Tríplice Fronteira e culminou com a demissão de cerca de 50 mil brasileiros que trabalhavam formal ou informalmente em Ciudad Del Este e/ou na fronteira. O resultado disso foi o aumento exponencial da criminalidade em Foz do Iguaçu, que no ano de 2010 chegou a contabilizar cerca de um (01) homicídio por dia fazendo a cidade figurar na 12º posição da lista nacional dos municípios mais violentos.

Imagem: Reprodução de notícia veiculada pelo site G1

De lá para cá, muitas medidas foram tomadas, e a economia, alicerçada no turismo, voltou a crescer , gerando milhares de empregos formais na cidade e impactando positivamente na queda do índice de criminalidade na cidade. No período que se seguiu, outras crises surgiram, porém, nenhuma delas foi grande o suficiente para abalar o forte alicerce criado pelo turismo e solidificado pela localização geográfica estratégica de Foz do Iguaçu.

Nos dias atuais, o setor de serviços liderado pelo turismo, aliás, é responsável por 1/3 dos empregos formais do município e nesse momento de crise mundial, é um dos setores mais afetados. Com fronteiras aéreas e terrestres fechadas, hotéis tiveram que fechar suas portas, bem como agências de turismo e transportadoras turísticas. A paralisação neste setor já afeta diretamente outras áreas, cujas as atividades estão paralelamente ligadas. Sem nenhuma perspectiva futura, seja por parte dos governos federal, estadual e municipal ou pela política de relações internacionais, já que parte do turismo depende diretamente das decisões tomadas por Argentina e Paraguai, empresários da cidade já cogitam, mesmo que, como última opção, a demissão em massa.

Diante de tudo que foi colocado acima, fica a pergunta:

Estaria Foz do Iguaçu preparada para lidar com essa incerteza? Por quanto tempo, a população iguaçuense, manterá a serenidade e resistirá aos ensaios de desobediência civil orquestrados por alguns setores da sociedade diante de um futuro sem perspectivas?

E se o pior acontecer? Como Foz do Iguaçu irá lidar com os efeitos do desemprego em massa?

Enquanto todas essas perguntas permeiam o imaginário da população iguaçuense, governo federal, estadual e municipal se limitam a liberar diariamente números vagos sobre o combate à pandemia. Mas o vírus do medo e da incerteza é tão ou mais perigoso que o Covid-9 e nesse momento, está se alastrando pela cidade, contaminando até mesmo o mais otimista dos munícipes. 

Até onde me parece, todas as medidas tomadas até o momento no combate à disseminação do Covid-19 em Foz do Iguaçu foram assertivas, porém, deixar a população sem uma perspectiva sobre como governo e município irá agir no combate à crise econômica que se aproxima, causará um estrago irreparável, a curto prazo, na economia e na vida dos iguaçuenses.  

E você que acompanhou o texto até aqui, além das precauções para colaborar com a não proliferação do vírus, como tem se preparado para uma possível recessão econômica? Deixe sua opinião nos comentários.

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