Depois de uma longa novela, que teve início em 2010, Triple Frontier (Operação Fronteira) finalmente chegou às telas. Não às maiores telas, já que a estréia não foi no cinemas, mas sim na gigante de vídeos por streaming Netflix.
A Netflix, aliás, foi a grande responsável pela finalização do projeto que ao longo dos anos, chegou a ter diversos nomes de peso cogitados no elenco, como Tom Hanks, Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Johnny Depp, Mahershala Ali e Channing Tatum.
Triple Frontier era da Paramount, porém, em 2017, teve seus direitos comprados pela Netflix.
A versão atual do filme que também teve diversos nomes de peso como o de Kathryn Bigelow cogitados para a direção e o roteiro, acabou sendo escrita e dirigida por J.C. Chandor (O Ano Mais Violento) e tem Ben Affleck, Pedro Pascal, Oscar Isaac, Adria Arjona e Garrett Hedlund no elenco principal.
A sinopse original do projeto situa a história na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina e abordava temas como tráfico de drogas e terrorismo. Após manifestações negativas de ambos os países, mudanças na direção e no elenco, o roteiro acabou sofrendo diversas modificações e o longa acabou utilizando como set de filmagem locações no Havaí, Califórnia e Colômbia.
O roteiro ainda situa a história na América do Sul, porém, ao contrário do que afirmava a sinopse divulgada em 2018 pelos produtores executivos, a história passou longe da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.
ALERTA DE SPOILERS A PARTIR DAQUI
No segundo semestre de 2018, durante um evento, a Netflix divulgou as primeiras imagens do longa que confirmavam Ben Affleck como um dos atores e a sinopse que dizia:
“Cinco amigos se reúnem para acabar com um chefão das drogas na América do Sul. A Tríplice Fronteira é a turbulenta zona fronteiriça entre Argentina, Brasil e Paraguai, onde o rio Paraná converge com o rio Iguaçu. A região é um pesadelo para as autoridades e ponto de encontro entre crime organizado e terrorismo”.
E, claro, todos nós aqui da fronteira aguardamos ansiosos, e porque não dizer, temerosos pelo filme que prometia mostrar ao grande público uma fronteira hollywoodiana.
Nas primeiras horas do dia de hoje, nos reunimos aqui na redação para, juntos, assistir ao tão aguardado filme.
Para a nossa surpresa, a produção iniciou com uma breve apresentação dos personagens principais, em algum lugar dos Estados Unidos, que não foi exatamente especificado, seguido de uma cena de ação policial ao estilo “Tropa de Elite” que também serviu para apresentar outros personagens e que, usando da imaginação, pareceu se passar em alguma parte da Colômbia, mas o filme também não deixou isso muito claro.
Quando os “cinco amigos” finalmente se reúnem para dar início à ação prometida na sinopse, uma das cenas em que os personagens principais se locomovem utilizando um veículo com intenção de chegar à casa do “vilão narcotraficante” mostra uma placa de “Bienvenidos a Brasil” e nós pensamos… “opa, agora vão nos situar na região da tríplice fronteira”.
Esta foi a única sinalização utilizada durante todo o filme para localizar os espectadores. E a região brasileira retratada no longa, nos remete talvez a Amazônia, já que boa parte da ação se passa em meio a uma selva densa e úmida. Personagens falam espanhol e inglês. Algumas cenas adiante, numa tentativa de fuga, os “mocinhos” utilizam um helicóptero para atravessar a cordilheira dos Andes numa tentativa de chegar ao oceano pacífico onde um barco os espera.
Definitivamente, não se trata neste filme da mesma tríplice fronteira alardeada desde os primeiros anúncios lá em 2010.
Se há uma tríplice fronteira neste filme, provavelmente ela deve ser entre Roteirista, Diretor e Produtor, já que ambos definitivamente não falaram a mesma língua e erraram feio na geografia. Sim, nós temos mais de uma tríplice fronteira, e a retratada neste filme, deve ser, provavelmente, a que liga Tabatinga (Brasil), Letícia (Colômbia) e Santa Rosa (Peru) e fica bem longe da “irmã mais famosa” que liga Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad Del Este (Paraguai).