Search

Yes, nós temos Copa!

 #estamosnacopa
Não adiantou todo o alvoroço ensaiado, alguns meses antes da abertura da Copa no Brasil. Como era óbvio, a Copa já está aberta e vai ser realizada no "jeitinho brasileiro". Muitos problemas relatados, mas que são contornados e a imagem da Copa para o público que assiste pela TV vai parecer impecável. Já que é inevitável, povo brasileiro, "relax e enjoy".

Acinte
Numa coisa concordo com a Fifa. Ninguém pediu para o Brasil sediar a Copa. Foram os brasileiros quem correram atrás de ganhar a sede de 2014. E isso foi um processo árduo, disputadíssimo e demorado, confirmando o grande interesse.

A concordância com alguns ítens é que destoou do que se esperava. A Lei Geral da Copa é um ultraje e passa por cima do nosso conjunto legal estabelecido. A isenção de impostos concedida é imoral, destoando do que ocorreu nas outras sedes. Os gastos exorbitantes com dinheiro público, nem se fala. Sem falar na ausência das obras de infra-estrutura do tal "legado".

Mas isso não é exclusividade da Copa. Todo dia, nossos governantes cometem acintes que não levam o povo às ruas para protestar. O financiamento de um porto em Cuba; a compra de uma refinaria falida; rodovias inacabadas. E por aí vai…

Oportunidade

Ouvi uma fala de um amigo, que ilustra bem o nosso momento. Eis o que ele me disse: "se eu estiver em casa, quebrando o pau com a minha esposa e chegar uma visita, provavelmente nós vamos parar com a briga e procurar receber o visitante da melhor maneira. Depois, a briga continua."
Era exatamente isso que tinha de acontecer aqui. A realização da Copa era para ser benéfica. Se não está sendo, foi porque houve desvio de conduta dos governantes. Como sempre ocorre.

Protestar é justo, é necessário. Mas, comprometer a realização da Copa é um "crime" quase tão grave quanto os desvios e desmandos. Isso lançaria no lixo todo o investimento feito, não nos permitindo mudar alguns conceitos internacionais sobre o Brasil e com o agravante de comprometer mundialmente nossa imagem de bom anfitrião.

Depois que a visita for embora, continuamos a briga. Mas vamos tirar os partidos políticos da jogada, porque eles são iguais sogra – se entrar no meio, complica ainda mais a briga…

Conspiração
A inocência em relação ao futebol eu já perdi há muito tempo. Também sou cético em relação a algumas nuances que evolvem a história das Copas. Mas, a teoria croata sobre o pênalti marcado sobre Fred acho que extrapola um pouco. Não vou nem falar na reação, que resultou em muitos danos ao vestiário do Itaquerão.

O lance foi rápido, o Fred um bom ator, eles vinham agarrando em lances anteriores (que não tiveram falta marcada) e o árbitro não estava bem colocado. Errou. Como erraram nas Eliminatórias e vão errar na sequência da Copa. Quem sabe a Croácia ainda não se classifique graças a um erro de arbitragem.

Se há um circo armado para que o Brasil ganhe a Copa, o espetáculo ainda não começou. Além disso, o jogo contra a Croácia não foi fácil, mas ainda não foi preciso chamar Mandrake ao palco…

Destaques
As seleções que me assustam de verdade nesse mundial são Argentina e Alemanha. Os argentinos vêm de duas copas onde jogaram muito, mas não conseguiram resultado. A diferença é que, agora, Messi encontrou um jeito de jogar na seleção argentina. Além disso, o ataque com Aguero, Higuain e Di Maria pode ser fulminante.

Já a Alemanha, depois que perdeu a Copa em 2002, para o Brasil (praticamente humilhada em campo), melhorou muito. Foi terceira colocada em casa, em 2006, e na África do Sul, em 2010. Nessa última, perdeu para a Espanha, na Semi, num golpe de sorte. No jogo, foi superior. Sem falar que a Alemanha – ao lado do Brasil – é uma das seleções que mais disputou finais na Copa.

Pelas minhas projeções, o Brasil enfrenta a Alemanha na Semi e pode fazer a Final com a Argentina.

Surpresa
Acho que a seleção da Bélgica pode fazer história nessa Copa. Pelo que apresentou nas Eliminatórias e o caminho que tem, pode ir longe. O segredo vai ser superar a Rússia na primeira fase para fugir de um confronto com a Alemanha já nas Oitavas. Portugal e Argentina devem ser os maiores desafios, na sequência.

Chegar à Semifinal já estará de bom tamanho para os belgas. Mas, quem sabe…

Korea’s House
Desde o dia 11, Foz do Iguaçu é a casa da Coréia do Sul nessa Copa. A recepção foi muito calorosa e certamente surpreendeu os coreanos, que já estiveram aqui, mas bem antes da Copa. Recebidos com música e festa, os coreanos retribuíram com simpatia.

A estréia será no dia 17, contra a Rússia, em Cuiabá. Depois, joga dia 22, contra a Argélia, em Curitiba. A Coréia fecha a participação na 1ª fase contra a Bélgica, dia 26, em Porto Alegre. Nessas ocasiões, a delegação sempre deixa Foz um dia antes do jogo, retornando no dia seguinte.
Caso avance na competição (pouca gente acredita), a Coréia do Sul deve permanecer em Foz. "Aqui é a casa da Coréia. Tudo está do jeito que eles pediram e eles querem ficar aqui até o fim", assegurou Gilmar Piolla, um dos principais articuladores da sub-sede iguaçuense.

Humildade
Quem esteve junto com a delegação coreana se surpreendeu com a humildade de seus dirigentes. Eles recusaram qualquer tratamento diferenciado no hotel. Os membros da delegação devem a academia e demais dependências comuns do hotel junto com os outros hóspedes. Além disso, o chefe da delegação deixou a gerência à vontade para relatar qualquer excesso por parte dos jogadores, como barulho ou algazarra. Mas ninguém acredita que isso será necessário.

Exigências
Apesar da discrição, os coreanos foram exigentes em relação às condições de trabalho. Além do campo padrão Fifa construído no Pedro Basso e as instalações de altíssimo nível (academia, sala de imprensa, vestiários) colocadas à disposição da seleção asiática, eles fizeram outras duas exigências ao chegar em Foz.

A primeira, foi o fechamento de todo o perímetro do alambrado ao redor do campo. Assim, só será possível visualizar o que se faz dentro do gramado pelas arquibancadas, que podem ser fechadas, se assim desejar o técnico sul-coreano.

A outra, trata-se do levantamento de uma torre de 12 metros de altura, atrás do campo, de onde serão filmadas as jogadas ensaiadas durante os treinos.

A comissão teve de trabalhar até tarde, na noite de quarta-feira, para poder cumprir a solicitação. Quem passou na Vila Yolanda viu os refletores ligados…

Faltou
Parece que os coreanos não estavam esperando que lhes fossem dadas tantas atenções em Foz do Iguaçu. Para eles, o interesse da imprensa local não estaria tão focado em sua chegada e permanência na Terra das Cataratas. Talvez porque tenha sido assim nos amistosos que fez nos Estados Unidos, antes de vir para cá.  Evidência disso foi o fato de a primeira entrevista concedida em solo iguaçuense não ter contado com intérprete. Apenas a imprensa coreana entendeu as declarações dadas.

Nem mesmo um press kit (documento contendo informações sobre a equipe) foi preparado para ser distribuído aos jornalistas brasileiros, que pouco sabem sobre a Coréia do Sul. A agenda da seleção – com treinos e coletivas de imprensa – também não foi divulgada. Cheguei a pedir algo a um funcionário do Marketing da seleção. Com sorriso amarelo (sem trocadilhos), ele prometeu que seria providenciado. Gilmar Piolla também garantiu que a falta do intérprete será suprida, na sequência.

Espetáculo
As instalações do estádio Pedro Basso ficaram soberbas. O esforço do Fundo Iguaçu para que a cidade fosse sub-sede realmente tiveram êxito e a cidade ficará com algum legado, pós Copa. Lição para o país, que não conseguiu passar para a iniciativa privada os investimentos necessários e acabou onerando os cofres públicos.

Aqui, pelo que se sabe, pouco investimento público foi feito. O que se gastou do caixa governamental foi aplicado no entorno do estádio, nas melhorias de ruas e calçadas. O investimento principal veio da iniciativa privada e espera-se que retorne com a visibilidade e a propaganda positiva que Foz receberá mundialmente nesses dias.

Ao fim da Copa, Foz terá um estádio de primeiro mundo, com toda estrutura requerida por equipes de alta performance. Embora privado – pertence ao Flamengo Esporte Clube – o equipamento deve ser utilizado na captação de eventos esportivos e na inclusão da cidade na rota das pré-temporadas de clubes e seleções de todo o globo.

Toda a região vai ganhar.

Retorno
Na hora de falar no montante de recursos investidos, não há uma precisão, ninguém quer admitir oficialmente o número final. Estima-se que pelo menos R$ 3 milhões foram aplicados na transformação do Estádio Pedro Basso. O presidente do Fundo Iguaçu, Gilmar Piolla, prefere focar no retorno que o investimento vai ter. "Se a Coréia ficar aqui somente durante a primeira fase, estimamos um retorno de 100 vezes o valor investido. Se for avançando na Copa, a relação será muito mais vantajosa para o nosso turismo", destacou.

Vitória pessoal
É claro que o êxito na empreitada iguaçuense para ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo passou pelo esforço de muita gente. Não há como deixar de destacar, porém, o esforço de uma pessoa, que desde o início lutou muito para que tudo acontecesse.

Trata-se de Gilmar Piolla. Lembro-me de conversas que tivemos, quando Foz ficou fora da primeira lista da CBF, por exemplo. Naquela ocasião, foi politicamente preterida em favor de Cascavel. Nem mesmo aquele episódio abalou a confiança de Piolla, que continuou batalhando e convocando políticos e empresários para reverter o quadro.

No meio desse caminho, muita coisa teve de acontecer. Até melhorias no aeroporto foram angariadas (ou aceleradas), o que nos recolocou no páreo. Só esse legado (como ficou popular dizer em relação a Copa) já teria valido a pena.

A falta de um estádio público também foram um complicador, até que o Flamengo se colocasse como parceiro e se submetesse às exigências necessária para que tudo desse certo. Em todas essas etapas, Piolla esteve lá e merece ser destacado, agora, que o sonho se realizou.
Parabéns!