Assisti no jornal local uma reportagem sobre empresários que ainda usavam as “velhas e boas” máquinas de escrever em algumas funções da empresa para as quais o “computador não dava conta”. Fiquei muito contrariado com os argumentos dos empresários e de forma inconsciente veio à associação dos tais com a síndrome de Gabriela.
Quem tem menos de 30 geralmente não associa o nome à pessoa, ou neste caso, à personagem. Ocorre que Gabriela foi personagem de Sônia Braga em uma novela global, cuja trilha sonora cantada por Maria Bethania tinha os seguintes versos: “eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim… Gabriela… sempre Gabriela”. A síndrome de Gabriela é um comportamento muito conhecido nos departamentos de RH e nas clínicas de psicologia organizacional e se manifesta pela atitude de negação da mudança e resistência àquilo que é novo ou diferente dos padrões estabelecidos.
A grande questão é que este comportamento, em última análise, é altamente prejudicial, pois imobiliza o desenvolvimento profissional da pessoa, faz com que ela pare no tempo e espaço. Não advogamos aqui a síndrome de “Maria vai com as outras”, isto é, mudar por mudar, somente para seguir uma tendência, mas defendemos sim a disposição pessoal do empreendedor para compreender que em algum momento ele só poderá se manter competindo se mudar a forma de fazer as coisas. Eu fico pensando, quanto tempo a empresa que cadastra todos os seus clientes com máquinas de escrever vai levar para fazer um relatório? Ou como tal empresa poderá aprofundar o nível de relacionamento com sua base de clientes se estes nem mesmo a encontram na internet? De que forma o vendedor poderá oferecer produtos mais adequados ao cliente se nem mesmo armazenou os dados da última compra?
Certa vez ouvi alguém dizer: “Já não se fazem mais clientes (filhos, pais, professores, ou qualquer outra coisa) como antigamente”. Pois é, é que nada disso que existe hoje, foi feito para antigamente, pelo contrário, o que se faz hoje, se faz olhando para o futuro e não para o passado. A realidade é outra, mas alguns ainda não perceberam. Mas estes, poderão sempre utilizar a “velha e boa” máquina de escrever lembrando sempre de como as coisas eram antigamente num mergulho nostálgico-corporativo no passado.
Haralan Mucelini
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