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Rede Proteger entra na luta contra a evasão escolar em Foz do Iguaçu

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A Rede Proteger entrou na luta pelo fim da evasão escolar em Foz do Iguaçu. As 40 instituições que compõem a rede, incluindo a Itaipu Binacional, anunciaram na sexta-feira, 29, a adesão ao Programa de Combate ao Abandono Escolar, da Secretaria Estadual da Educação. O assunto foi tratado na reunião mensal do colegiado, realizada no Centro de Atenção Integral ao Adolescente (CAIA).

Embora não tenha sido firmado nenhum documento sobre o tema, a Rede Proteger assumiu o compromisso de combater o problema em Foz do Iguaçu, onde pelo menos 6 mil crianças de 4 a 17 anos estão fora da escola, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2015. 

Segundo Erika Davies, da Divisão de Iniciativas de Responsabilidade Social da Itaipu, o engajamento da Rede se dá porque a evasão escolar “é uma das violações dos direitos infantojuvenis”. Há ainda outro fator: quando uma criança está fora de uma unidade escolar, ela fica mais vulnerável a outras violações, como trabalho infantil, exploração sexual, abusos, entre outras. “A missão da Rede é proteger as crianças. Quando não estão estudando, elas ficam mais expostas”.

A Itaipu participa da Rede Proteger por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA).

Dados compartilhados

A partir de agora, as informações sobre os estudantes das redes municipal e estadual serão compartilhadas com as entidades integrantes da Rede de Proteção. Elas, por sua vez, ajudarão o Núcleo Regional de Educação (NRE) a preencher o Sistema Educação da Rede de Proteção (SERP), com dados dos alunos. 

O objetivo é entender a motivação da evasão e buscar alternativas para que a criança fora da escola volte aos estudos. “A Secretaria [Escolar] inclui no sistema todos os dados pessoais do aluno. Agora, quando esse estudante deixar de frequentar as aulas, vamos pedir ajuda às demais instituições”, explicou a pedagoga Franciele Soares, do NRE. 

O sistema já existe desde 2014, mas precisava de reforço da comunidade. “O número de crianças fora da escola está nos preocupando. Decidimos buscar mais parceiros nesta luta”, disse. É considerado evadido estudantes com cinco faltas, em dias consecutivos, ou sete com faltas, em dias alternados.

Informações como a época mais comum da evasão e alguns motivos da mesma também são monitorados. “Nos bairros Jardim América e Carimã, por exemplo, é comum os jovens interromperem os estudos em novembro. Eles deixam de estudar para trabalhar no litoral catarinense”.

O advogado da Guarda Mirim, Renan Ferreira, explicou que a evasão escolar não é algo exclusivo de Foz do Iguaçu. Pela necessidade de trabalhar, muitos acabam abandonando os bancos escolares. Atualmente, de acordo com o PNAD, há 155 mil crianças trabalhando de forma irregular no Paraná. Pelo menos 3 mil crianças, com idade entre cinco e nove anos, estão ocupadas em atividades agrícolas. 

Entre 2014 e 2016 foram realizados 33.851 casamentos de jovens menores de 18 anos no Paraná. Desses, 25.844 casamentos envolviam meninas. “Casamento infantil é uma das causas da evasão escolar”, explicou Renan.

Violação de direitos

A mestre em psicologia Juliana Biazze Feitosa explicou que o combate à evasão escolar é uma forma de enfrentar a violação dos direitos de meninos e meninas. De acordo com a especialista, o enfrentamento da violência está diretamente ligado à garantia de direitos. “Quando a criança tem acesso a uma educação de qualidade, cultura, lazer, esporte e qualificação profissional, fica menos vulnerável. Infelizmente, muitas crianças hoje não têm acesso a essas garantias”, disse.

Quando são expostas à violência por falta de políticas públicas eficientes, é necessária uma rede de acolhimento bem estruturada. “Fica bem mais caro quando a prevenção falha. Precisamos pensar numa rede de atenção que possibilite a superação da questão da violência, envolvendo não apenas a criança, mas toda a família”, concluiu.

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