Foto: Itaipu Binacional |
Evento está acontecendo em Foz do Iguaçu e reúne representantes de 20 países |
Embora tenha havido avanços durante a Década Internacional para a Ação “Água, Fonte de Vida”, ou simplesmente Década da Água (2005-2015), várias das metas estabelecidas não foram alcançadas. “Conseguimos, por exemplo, reduzir pela metade o número de pessoas que não têm acesso à água potável (o contingente atual é de 750 milhões), mas falhamos na meta de serviços sanitários (2,5 bilhões de pessoas ainda não contam com eles)”, afirmou o representante do Ministério das Relações Exteriores do Tadjiquistão, Idibek Kalandarov.
O Tadjiquistão é integrante do G77 (formado pelas 77 nações mais pobres do planeta) e foi o propositor da Década da Água (2005-2015). Para Kalandarov, entre as principais dificuldades encontradas no período 2005-2015, estão a pouca coordenação entre os governos e a falta de transferência tecnológica dos países mais desenvolvidos para os em desenvolvimento.
Segundo ele, a nova temática da Década da Água deverá ser “Água para o desenvolvimento sustentável”, o que deverá contribuir, também, para colocar ênfase no cumprimento do Objetivo 6, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, definidos na Conferência Rio 20 (assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos).
Nesse contexto, disse Kalandarov, a criação de uma rede das melhores práticas globais de gestão água, assunto que está em discussão em Foz do Iguaçu nestes dois dias, será um instrumento de “importância fundamental”. A opinião é compartilhada por Leo Saldanha, representante do Environment Support Group, de Bangalore, Índia.
Ele representa uma das iniciativas premiadas pela ONU (são 11 no total), que vem viabilizando a proteção de lagos no Sul da Índia. “As soluções que receberam o prêmio Water for Life podem parecer simples, mas carregam profunda sabedoria ecológica”, diz Saldanha.
Para Blanca Jiménez Cisneros, vice-presidente da ONU Água (mecanismo de coordenação do tema água dentro das 30 organizações que compõem o sistema da Organização das Nações Unidas), a rede que está sendo criada terá como princípio facilitar a participação das pessoas de várias formas, como indivíduos, instituições, ONGs.
“É importante que as pessoas tenham conhecimento sobre a problemática global da água, mas é somente se elas assumirem responsabilidades e atuarem localmente é que esses problemas serão tratados”, disse Blanca. “Se tomarmos, por exemplo, a questão das mudanças climáticas, aqueles que estão provocando os desequilíbrios não são os mesmos que estão sofrendo as consequências. Então, é preciso identificar e envolver os responsáveis”, completou.
Perguntada sobre como, então, é possível envolver as pessoas, que muitas vezes esperam uma solução por parte dos governos ou agências internacionais, a vice-presidente da ONU Água respondeu que os comunicadores e meios de comunicação tem um papel fundamental nesse processo. “As pessoas que criam esses bons projetos de gestão da água têm um enfoque técnico. Os políticos, muitas vezes, não têm credibilidade. Então, muito do trabalho da rede será focado na comunicação das boas práticas.”
Anfitriã do evento, a Itaipu Binacional integra a rede com o programa Cultivando Água Boa, executado com parceiros em 29 municípios da Bacia do Rio Paraná Parte 3, um território de aproximadamente um milhão de habitantes e 800 mil hectares de área. O CAB recebeu o prêmio Water for Life em 2015.
Para o diretor-geral brasileiro da empresa, Jorge Samek, a união dessas iniciativas premiadas deverá fortalecê-las e fomentar novos projetos em todo o mundo. “A sustentabilidade é um caminho sem volta. Cada vez mais, temos que o planeta é um só e não tem back-up. E a água é um tema transversal a quase todos os temas ligados à sustentabilidade, pois é um elemento básico de sustentação da vida e está relacionado ao abastecimento das cidades, à produção de alimentos e à geração de energia”, afirmou.