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"Querida presidente Rousseff… Eu te avisei"

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Há alguns meses, a espionagem dos Estados Unidos tem intrigado brasileiros. Nem a presidente Dilma Rousseff ficou imune à invasão de privacidade estadunidense. Mas, será que essa sondagem oculta do governo norte-americano é mesmo algo de agora?

O Clickfoz conversou com o diretor-executivo da Linux, John "Maddog" Hall, quem afirmou que a história não é recente. Ele declarou, ainda, que vem tentando alertar o país sobre essa questão há cerca de dez anos.

Foto: Rafael Guimarães / Clickfoz
Palestra de abertura da Latinoware foi com Hall: "Dear President Rousseff…  I told you so"

 

Assista a entrevista com o guru do software livre, concedida durante a 10ª Latinoware.

Clickfoz: O que você quis dizer com a sua palestra? "Presidente Dilma, eu te avisei…". O que você disse a ela?
Maddog: Bem, eu não disse diretamente a ela, mas é algo que tenho dito ao governo brasileiro há uns dez anos, desde o ato patriota em 2001. Você sabe, nós temos a habilidade de ser indiferentes com leis nos Estados Unidos por causa do terrorismo. E isso é muito ruim, porque as leis nos EUA protegem a nossa privacidade. Mas, enquanto havia um período de "guerra contra o terror", algumas leis e a proteção que os americanos tinham, desapareceram… Por causa desse ato de guerra. O problema é que, na internet, não são só as leis do seu país que afetam você. O governo americano tem acesso aos dados da Google, etc… Empresas cujas sedes estão nos EUA. Se elas são de lá, portanto, estão sob a lei do país. Isso é um problema para países como o Brasil. Mas, além de questões como pirataria e segurança, eu tenho tentado avisar o Brasil que, para algo tão importante quanto computação, não se pode ser tão dependente de países como Taiwan, China ou Estados Unidos. Alguns países, mesmo pequenos, como Mônaco, tudo bem. Mas, para países com o tamanho do Brasil… Sabe, vocês realmente precisam fazer isso. E não só por causa de proteção política, mas porque vocês querem criar empregos, com a competência necessária. Então, vamos supor que professores passem a ensinar os alunos a fazer celulares. Isso não quer dizer que todas as empresas no Brasil vão fazer celulares, mas o nível de tecnologia usada para produzir um celular é aplicável em outros aparelhos. Podem fazer super computadores, ou para melhorar sistemas em aviões, ou para equipamentos médicos. Se você não tem esse nível de competência, a empresa que cria esse tipo de coisa não vem ao Brasil.

Clickfoz: Para encerrarmos, esse é o 10º ano da Latinoware e você esteve presente todos esses anos. Como foi, para você, ver o crescimento deste evento?
Maddog: Mudou em poucos sentidos. Nos primeiros anos, os recursos livres eram vistos apenas como recursos de suporte. Mas hoje eu vejo que as pessoas estão entendendo mais sobre o software livre e isso é muito bom. Nós agradecemos esse reconhecimento. Outra coisa foi que agora tem mais pessoas nas áreas de exibição. Mais pessoas usando software livre, empresas usando software livre (isso é bom também). E, finalmente, o número de pessoas vindo. Este ano, há um número grande de participantes e eu vejo muitos alunos. Fico feliz com isso, mas gostaria de ver pessoas que atuam no mundo dos negócios. Gostaria de ver pessoas do ramo explicando isso ao governo. Também gostaria de ouvir sobre o valor do software livre para negócios, educação e governo. O por que deveriam usar softwares livres nesses ambientes. Gostaria de ver isso ano que vem. Algo para atrair esse público.
 

 

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