Os animais que vivem no Zoológico Bosque Guarani, em Foz do Iguaçu, têm recebido uma atenção toda especial para reduzir os impactos da vida em cativeiro. Mandalas coloridas de alimentos decoradas em diversos formatos, picolés naturais de frutas e brincadeiras para suprir o instinto de caça estão entre as medidas contínuas do Programa de Enriquecimento Ambiental desenvolvido pela instituição.
Quem passa pelo local se encanta com as mandalas cheias de cores espalhadas pelos cativeiros das araras. Os grãos e as rações se transformam em corações e outros diversos formatos para atrair a atenção e estimular a alimentação das aves. Todo material utilizado para confeccionar os produtos são orgânicos e sustentáveis, até mesmo a cola para fixar as sementes na mandala.
A dedicação minuciosa que se transforma em arte é desenvolvida pelas estagiárias Camila Castro, Thays Santos e Amanda Cunha, sob a coordenação do biólogo André Hipolito. São elas que preparam as mandalas, os picolés com frutas in natura, e os objetos para estimular as brincadeiras. A dedicação vem do amor pelos animais. “Eu gosto muito de fazer isso, amo os animais e fazer eles se sentirem bem é um prazer, perceber a reação deles sensacional”, disse Camila.
Enquanto as aves são atraídas pela beleza das mandalas, os felinos, por exemplo, são instigados a buscar o alimento com técnicas e brinquedos sustentáveis que simulam a caça.
“Nós fazemos um cavalinho de papelão e colocamos carne dentro para simular a caça. Sempre estamos pesquisando na internet e desenvolvendo ações diferenciadas para cuidar dos animais”, conta Camila. Os primatas também têm uma dedicação especial na oferta de alimentos. Para se refrescar neste calor, eles ganham picolés com frutas integrais que se transformam em uma divertida brincadeira para os macacos. A onça-pintada Teka também tem direito um picolé gigante, preparado especialmente para ela.
Hipólito, que assumiu a coordenação do zoológico há pouco menos de dois meses, conta que nunca tinha visto um trabalho feito com tanto zelo e cuidado. “Eu nunca tinha visto as ações realizadas de uma forma tão caprichada, é um trabalho artístico que elas desenvolvem para atrair e aperfeiçoar o programa de enriquecimento ambiental”, expressou o biólogo.
Zoológico
O Bosque Guarani conta com mais de 120 animais, entre aves, répteis e mamíferos. A maioria dos animais em cativeiro veio de situações de apreensão e não possuíam condições de retornar ao habitat natural. Todas as ações de enriquecimento ambiental buscam melhorar a qualidade de vida dos animais em cativeiro e também levam em consideração as necessidades individuais de cada exemplar. “Ficamos atentos aos sinais de comportamento para saber qual ação podemos ter, e assim ampliar os cuidados”, comentou Camila.
É o caso do único exemplar de Bugio Marrom, espécie em extinção e que recebe atenção especial da equipe. A fêmea de 24 anos já superou a expectativa de vida que é de 20 anos. “Ela está bem velinha e não come mais frutas, então, nós fazemos um bolinho de frutas especial para ela”, conta Camila.
De acordo com Hipólito, a equipe realiza trabalhos de Enriquecimento Ambiental numa frequência de duas vezes por semana, para refrescar e promover o bem-estar dos animais do Zoológico.