Fotos: Garon Piceli / Clickfoz |
"O spray está contribuindo para a união dos iguaçuenses", comentou o coordenador da campanha no CCZ |
A prefeitura de Foz do Iguaçu desenvolveu uma ação isolada do resto do país que consiste na distribuição de sprays inseticidas da marca Johnson&Johnson para a população se engajar na campanha contra a dengue. Aproximadamente 80% das residências receberam o produto e as pessoas foram incumbidas de fazer uma ação conjunta para o combate do mosquito.
Dúvidas – De acordo com o Comitê Gestor Instersetorial de Combate à Dengue, em reunião em Curitiba na segunda (28), o agrônomo sanitarista Paulo César da Silva, do Ministério da Saúde, disse que a prática apresenta riscos. “Existem poucos princípios ativos para utilização no combate ao mosquito e eles devem ser usados com critério, porque o uso indiscriminado pode provocar resistência e resultar numa ação pouco efetiva contra a dengue”, alertou.
Ainda de acordo com o comitê essa estratégia não faz parte das diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde.
Outra dúvida que ficou no ar era sobre a diferença desse spray para os convencionais vendidos no mercado. O coordenador desta campanha, Gean Rios, conversou com o Clickfoz e explicou essa e outras questões.
Mobilização – De acordo com Rios, o spray não tem diferença alguma dos outros vendidos no mercado, a ideia da campanha é, na verdade, mobilizar a população e incentivar que cada um se responsabilize por uma parte deste processo de combate à doença. Ele afirma que depois do término do spray, pode ser comprado outro de qualquer marca para dar continuidade à ação.
“O CCZ vai continuar o trabalho de dedetização nas principais regiões onde os focos de dengue são maiores, como sempre aconteceu, a questão deste spray é que esclarece para a população a função deste tipo de inseticida, ele é eficaz contra o mosquito adulto”.
Segundo Rios, o veneno fica alojado no ambiente onde é espalhado, assim que o mosquito nasce e procura sair da água, ele entra em contato e morre antes de ter contato com o vírus da dengue. Ele explicou também que os óvulos da fêmea podem ser depositados até em lugares secos e permanecem vivos por mais de 400 dias, podendo entrar em contato com água e se desenvolver a qualquer momento, o inseticida serve também para este caso.
Segundo estatísticas oficiais do município, atualmente Foz do Iguaçu tem cerca de 110 mil edificações, dessas, cinco mil são comércios, igrejas e instituições, as demais são residências. O spray foi entregue em 80% desses locais.
Ação do inseticida – Vale lembrar que o veneno não mata o mosquito assim que entra em contato com ele, portanto não é necessário aplicar várias vezes no mesmo lugar, ou direto em um inseto. A substância química permanece no ambiente e o mosquito leva em torno de 3 a 4 minutos para morrer.
Valor da ação – Durante a entrvista, Rios comentou que a contrapartida da prefeitura era somente arcar com o transporte e os impostos. Em nota, a assessoria do poder Executivo relatou que com a tamanha repercussão da campanha no Brasil, a S.C Johnson, fabricante da Raid, anunciou que pagará também o valor do imposto e o transporte dos 80 mil sprays entregues gratuitamente à população de Foz do Iguaçu. "São mais R$ 80 mil que a indústria banca em favor da campanha de combate a dengue".
Gean Rios mostra as áreas de notificações em Foz do Iguaçu ao longo do ano: foco para o trabalho da equipe do CCZ |
Preocupante – De acordo com Rios os dados do ano passado foram preocupantes. Os casos de notificações e confirmações da doença superaram todo o histórico da cidade em relação a dengue desde 1998, ano que o primeiro caso da doença foi registrado. Em 2010 foram 10.778 casos notificados e 8.775 confirmações. Para comparação, em 2009 houve apenas 72 casos confirmados. Este ano já foram confirmados 2.837 e notificados 7.065.
Última semana – Entre os dias 21 e 28 houve 12 confirmações.
“Se a população continuar eliminando os focos de proliferação da doença e matando o mosquito, é possível evitar uma nova epidemia”, afirma o coordenador da campanha.
Risco de epidemia – Segundo relatório divulgado pelo Estado do Paraná, Foz do Iguaçu está fora dos municípios com maior risco de epidemia de dengue. De acordo com o levantamento do índice de infestação do Aedes Aegypti (Liraa), Guaíra, Capanema, Loanda e Nova Londrina encabeçam o ranking de alto risco.