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O que nos torna apaixonados por Foz do Iguaçu? Por Kaká Souza

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Neste mês de junho, popularizado no Brasil como “mês dos namorados” e também, mês em que Foz do Iguaçu comemora mais um ano desde sua fundação, fui “provocado” pela redação do Guia, a refletir sobre esse sentimento, essa relação de amor que vem sendo construída em nossa cidade, e que reúne cada vez mais pessoas, de diversas partes do Brasil e do mundo, todas declarando “paixão” por Foz do Iguaçu.

Desde o século XVI (e até antes disto), poetas e pensadores vêm alertando sobre a volatilidade das relações sociais, tanto comunitárias quanto associativas, um fenômeno que sempre esteve relacionado com as mudanças no mundo moderno, como a urbanização, o individualismo, o consumismo e a rapidez das transformações tecnológicas.

É possível notar essa transformação, até mesmo na forma como os grandes poetas passaram a descrever uma das mais “inspiradoras” relações sociais comunitárias, o amor, ao longo dos séculos.

Enquanto, em algum momento do fim do século XVI, William Shakespeare, em sua peça “Romeu e Julieta”, descrevia o sentimento do amor como um “fogo que arde sem se ver, ferida que dói mas não se sente”. Na metade do século XX, o poeta e compositor Vinícius de Moraes, fazia questão de deixar claro que, esse “fogo” não iria arder eternamente, em seu “Soneto de Fidelidade” onde eternizou a frase “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, uma declaração clara sobre a necessidade da aceitação da transitoriedade dos sentimentos e relacionamentos.

Por isso, na minha humilde opinião, amor e paixão são sentimentos que requerem constante atitude…

A Foz do Iguaçu do passado…
Eu sempre “gostei” de Foz do Iguaçu, mas confesso que na primeira década dos anos 2000, minha relação com a cidade era puramente associativa. Foz do Iguaçu e sua proximidade com o Paraguai me proporcionaram a chance de um recomeço, mas eu não me importava muito com os rumos que a cidade tomava naquela época. Foz do Iguaçu era considerada uma cidade violenta, não apenas pelas questões diretamente ligadas ao contrabando, que o Jornal Nacional fazia questão de exibir quase que diariamente, mas principalmente porque era acometida por todos os tipos de crimes urbanos possíveis e imagináveis.

E foi exatamente em uma destas matérias, exibidas na TV, mais especificamente no Jornal da Globo, que no dia 22 de julho de 2009, foi noticiado que Foz do Iguaçu era apontada como “a cidade mais violenta do país” para jovens entre 12 e 18 anos.

A notícia, que era resultado do Índice de Homicídios na Adolescência, com pesquisa promovida pelo Governo Federal, Unicef e a ONG Observatório das Favelas, passou o restante do ano sendo debatida nos jornais regionais e estaduais. Em matéria produzida pelo jornal paranaense Gazeta do Povo, a professora de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Paula Inez Cunha Gomide, confirmava que a informação sobre os riscos para jovens em Foz do Iguaçu não era nova. “Há mais de 20 anos falamos que Foz é vulnerável por estar na fronteira”, disse. A professora citou que na época, que crianças de 7 e 8 anos eram convocadas por traficantes para fazer contrabando. “Isso acaba sendo vantajoso financeiramente para as crianças, que têm famílias com poucos recursos”, disse.

Paula argumentou ainda que seria preciso um investimento muito forte em educação e políticas sociais na região. “As mães estão de acordo com as atividades dos filhos, ganham dinheiro com isso. Para impedir isso teria que haver um aparato social muito grande e um investimento social pesado para mudar esse quadro num curto espaço de tempo”, definiu.

Meu “desdém” pelos rumos que a cidade vinha tomando e pelo seu futuro duraram até o dia 28 de agosto de 2009. Foi nesse dia que meu filho nasceu, e no momento em que embalei ele em meu colo pela primeira vez, percebi que, ou Foz mudava ou eu teria que me mudar para garantir o futuro dele. Mas como mudar? Como vencer o poderio econômico do “poder paralelo” que, implantado nas cercanias da cidade, assediava crianças, corrompia famílias e recrutava jovens?

Paixão é construção e manutenção…
Vivendo em tempos líquidos, onde nenhuma política pública era feita para durar, e tampouco efetiva, acabei encontrando no Twitter, pequenos exemplos de ações, promovidas por instituições públicas, ONGs e até mesmo pela iniciativa privada, que buscavam de alguma forma, frear a ação do poder paralelo instaurada em nossa cidade. Entre elas, uma me chamou muito a atenção, uma pequena empresa de turismo da cidade, que em cooperação com a direção local dos Correios, iniciava a “adoção” de escolas em uma ação chamada “Ajudantes do Papai Noel”, e que justamente, estava promovendo essa ação na região em que eu vivia. Essa foi a primeira vez em que tive conhecimento da existência da Loumar Turismo.

Em uma das escolas adotadas, a Escola Municipal Prof. Suzana Moraes Balen, a diretora, Rosilda dos Reis, disse algo na época que me marcou de tal forma, que eu jamais esquecerei. “Isso mostra o quanto nós somos importantes uns para os outros, e que alguém nos encontrou aqui. Achou de fazer o bem, trazer um agrado, um alento, um carinho para essas crianças…” afirmou. “Isso é Deus, vivo dentro de nós e da nossa escola…”, finalizou a diretora.

Foram as palavras desta diretora que me fizeram enxergar que sim, existia uma solução, que Foz tinha sim uma chance de mudar seu futuro e que o turismo poderia ser a ferramenta utilizada para isso.

Mas, claro, isso poderia ter sido só mais uma jogada de marketing de mais uma empresa que se aproveitava do “hype” do momento, como tantas já fizeram antes e também depois disso. Mas a ação da Loumar acabou dando visibilidade, ainda que indiretamente, para outras ações sociais da região do meu bairro, como o próprio projeto “Um Chute para o Futuro”, que existia desde 2005, mas que vivia apenas da pouca ajuda dos próprios moradores da região.

O ano de 2009 terminou, e em 2010, lá estava a Loumar novamente. Em 2011, lá estavam os Loumarianos, todos vestidos à caráter, renovando sua declaração de amor pela cidade em mais uma ação. 2012 chegou e eu não pude esperar mais, me candidatei a uma vaga na Loumar Turismo.

Pois é, paixão é construção e manutenção, e quem desconhece a construção, talvez possa até criticar a manutenção, por isso, fiz questão de, na oportunidade de escrever esse texto, contar um pouco de como foi a construção de uma ação que hoje, muitos conhecem como “Apaixonados por Foz”. As ações da Loumar e parceiros, iniciadas em 2009, quando a cidade tinha a pior imagem de sua história, hoje podem ter seu efeito notado. O projeto “Ajudantes do Papai Noel” ainda seguiu pelos anos de 2013 e 2014, entremeados por muitas outras ações sociais que a Loumar jamais divulgou. A partir de 2015, outras ações vieram, até que em 2020, por conta da pandemia do COVID-19, tudo teve que parar. Foi nessa época que percebemos que, sozinhos, não daríamos mais conta e resolvemos pedir ajuda…

A Foz do Iguaçu do futuro…
Na Loumar, sempre acreditamos que uma cidade boa para o turista, precisava antes ser boa para quem vive nela. Por isso, a geração de emprego e renda, e o incentivo à cultura e educação sempre foram pilares na construção de qualquer novo produto ou serviço oferecido pela Loumar. Geração de empregos, inclusive, é o motivo pelo qual adotamos a política da “tecnologia humanizada”. Enquanto empresas em todo o mundo, utilizavam as novas tecnologias para se tornarem mais competitivas e rentáveis substituindo mão de obra humana, a Loumar decidiu utilizar a tecnologia para tornar seus humanos mais eficazes, transformando-os em verdadeiros especialistas.

Diferentemente de 2009, quando o nome Foz do Iguaçu estava sempre ligado a notícias negativas na grande mídia, em 2019, Foz já havia se tornado um dos principais e mais visitados destinos turísticos do Brasil. As crianças, impactadas com as ações sociais de 2009, haviam se tornado anfitriões e especialistas em Foz do Iguaçu, apaixonados por Foz do Iguaçu e por receber pessoas em nossa cidade. A antiga “capital da muamba” já se consolidava como a nova “Miami” brasileira.

Infelizmente, a pandemia do COVID-19, que chegou ao Brasil no fim de 2019, teve um impacto significativo na saúde pública, na economia e na sociedade iguaçuense em geral. Centenas de pessoas foram infectadas em nossa cidade, e muitas perderam a vida devido à doença. Além disso, houve interrupções em vários setores, considerados cruciais na construção do nosso modelo ideal de cidade, incluindo comércio, turismo, educação e eventos culturais.

Foi preciso pedir ajuda, mas não ao Governo Federal, que tinha como prioridade naquele momento, o combate ao alastramento da pandemia. Decidimos pedir ajuda a quem mais se importava com nossa cidade, depois dos próprios cidadãos que vivem nela, os turistas.

Foi assim que que a partir da segunda metade do ano de 2020, ainda em meio ao combate à pandemia, todas as ações sociais e de divulgação do “Destino Foz do Iguaçu” promovidas pela Loumar e seus parceiros começaram a se unir formando uma única ação que não acontecia mais em uma data específica, mas sim, durante todo o ano. Foi assim que ações como a “Ajudantes do papai Noel”, “Bom Anfitrião”, “Anfitriões de Foz” e muitas outras que eram promovidas anualmente ganharam um único nome forte, apoiadas não mais apenas pela Loumar e seus parceiros, mas também por milhares de viajantes espalhados por todo o planeta. Foi assim que surgiu os “Apaixonados por Foz”, campanha que não surgiu do nada, mas veio sendo construída e recebendo manutenção desde 2009, e que 14 anos depois, gera frutos visíveis para o cidadão iguaçuense e para todos aqueles que visitam nossa cidade.

O bairro onde a primeira ação aconteceu, lá em 2009, e que era considerado um dos bairros mais perigosos de Foz, hoje, possui um dos menores índices de violência da cidade. E meu filho, que em 2009 não tinha garantia de um futuro promissor nesta cidade, hoje tem 14 anos, está no nono ano do ensino médio de uma escola pública, cívico-militar, pratica esportes e tem aulas de inglês, em uma das ONGs presentes no bairro, e sonha em frequentar uma faculdade e permanecer em Foz.

No dia 10 de junho, comemoramos não apenas o aniversário da cidade, mas também a sua ressurreição. O Festival 10.6 veio para reforçar essa declaração de amor pela cidade, agradecer a todo apoio e união que vem proporcionando essa transformação na cidade e lembrar que a manutenção deste amor, precisa acontecer diariamente.

Sim, nós somos apaixonados por Foz, e não é de hoje…

 

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