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O Cidadão, o Poder Público e a falta de noção comum

Amigos, não gosto de fazer juízo. Então, vou somente relatar dois fatos presenciados por mim na terça-feira (22) e deixar que vocês, leitores desta humilde coluna, tirem suas próprias conclusões.


Caso 1

Meio-dia. Saio de um restaurante no centro da cidade e sou abordado por um cidadão.

Ele talvez soubesse ser eu um colunista preocupado com a cidade ou, talvez, agisse apenas por indignação com a cena. Talvez nunca saberemos o real motivo da abordagem. O fato é que ele veio em minha direção e, apontando para um pequeno rio de água escura que escorria pela sarjeta, disse: “o cara está despejando a fossa pela calçada”.

O que os olhos não veem, o coração não sente – dizia o ditado. E nem o nariz – digo eu. Quando vi aquilo (veja você também na foto), percebi o quanto era nojento ver um verdadeiro rio de fezes escorrendo palas sarjetas de uma das principais ruas do centro da cidade, em plena hora do almoço, impregnando seu cheiro nos pés dos passantes e no interior das lojas. Um horror.
 

Prontamente saquei meu celular e fiz algumas fotos e um vídeo (que não vou postar aqui porque é bem nojento), no qual, numa rápida entrevista, falo com um funcionário de uma empresa de limpeza de fossa, que me conta ser aquilo o vazamento de um fossa em frente a outro restaurante e que ele estava apenas lavando tudo ali. Detalhe: lavando na direção dos imóveis da vizinhança, aproveitando a rua em declive. Logo depois, chegou um outro rapaz – o patrão – e me disse para parar de gravar e mandou eu procurar a Sanepar.

Fui embora pensando na sujeira da rua e no sentimento dos pedestres (e turistas) ao passarem por ali e verem um verdadeiro rio de sujeira escorrendo por todo um quarteirão. Fui embora pensando na forma como aquele homem me tratou quando perguntei de onde vinha aquilo e por que estavam escoando para a sarjeta de toda a vizinhança. Fui embora com aquele cheiro nos sapatos e na alma. Fui embora caminhando pela rua sem rumo, sem direção, sem destino. Até que outra cena, menos fedida, mas extremamente mais bizarra, me fez parar a caminhada e tirar a foto que ilustra o próximo caso.

Caso 2

Isso mesmo, caro leitor. Um carro da “A Serviço da Prefeitura” fazendo uma mudança particular. E não é denúncia vazia, pois eu fui lá conferir com algumas pessoas se era mudança mesmo e consegui a confirmação. Mudança particular. Veja a cama e o guarda-roupas. Um observador anônimo até brincou: “este carro está sendo bem utilizado, né?”.

Eu não trabalho na Prefeitura, nem sei se o carro é particular ou público. Agora, com esses adesivos e fazendo mudança, acho, no mínimo, estranho.

Os dois casos ilustram um quadro preocupante e hábitos ainda ruins para a vida social. Pergunto: o que estamos – cidadãos e poder público – fazendo para respeitar o espaço e o patrimônio dos outros? Até quanto vamos colocar nossas motivações pessoais acima da convivência entre pessoas? Por que sempre há pessoas dando um “jeitinho” em alguma coisa?

Já mostramos, neste espaço, diversas situações absurdas e, hoje, infelizmente, presenteei você, caro leitor, com mais duas aberrações urbanas. Mas, bola pra frente! Vamos torcer por nós e por nossa cidade. Vamos torcer para que, na próxima semana, possamos falar do céu azul e das belezas de Foz. Porque, com tanta coisa para corrigir, tá difícil.

Ô se tá.

 

 


 

 
* Luiz Henrique Dias é escritor, estudante de Administração Pública e diretor da Cia Experiencial O Teatro do Excluído. Ele escreve todas às quartas aqui no Clickfoz e, diariamente, em seu site luizhenriquedias.com.br . Dá pra seguir ele no twitter também: @LuizHDias.

 

 

 

 

 A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação