Os representantes do setor de turismo de Foz do Iguaçu vêm a público para pedir uma rigorosa apuração das circunstâncias do atropelamento de um veado-mateiro, na BR-469, no trecho que corta o Parque Nacional do Iguaçu.
Temos pleno conhecimento de que o veado-mateiro é uma espécie ameaçada de extinção, principalmente devido à caça clandestina, e lamentamos que a imprudência de um motorista tenha ceifado a vida deste espécime.
Nós temos absoluta certeza de que o atropelamento não foi provocado por nenhum dos guias ou motoristas que atuam no acompanhamento de turistas. São pessoas responsáveis, que passam por cursos preparatórios, tendo plena noção da necessidade de conduzir seus veículos sem provocar danos à fauna do Parque.
Os próprios técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio), autarquia responsável pela administração do parque, observaram que o veado-mateiro foi atropelado durante a madrugada, em razão do estado de rigidez do corpo no momento em que foi encontrado.
Nossos guias e motoristas não levam turistas ao Parque Nacional do Iguaçu durante a madrugada. E uma apuração rigorosa poderá não apenas confirmar isso como, com uma boa dose de sorte, chegar ao motorista que cometeu o atropelamento.
Este fato lamentável ocorre no momento em que lutamos para ter o direito de levar visitantes até as Cataratas do Iguaçu. Não é justo que, mais uma vez, os justos paguem pelos pecadores. Acreditamos que a sociedade e a Justiça terão a sabedoria de entender que não se pode extrapolar responsabilidades. Se não foi um guia, se não foi um motorista a serviço dos visitantes, que não sejam eles penalizados, mas se procure o culpado para que se explique e justifique.
Nós, do setor de turismo de Foz do Iguaçu, somente queremos ter acesso às Cataratas do Iguaçu, e não acesso irrestrito ao Parque Nacional do Iguaçu.
Se for necessário, que se reduza ainda mais a velocidade máxima, hoje fixada em 60 km por hora. Mas que se permita o atendimento a turistas que, muitas vezes, vêm do outro lado do globo e esperam encontrar aqui as facilidades que existem em outros locais que visitam. E isso inclui também parques e reservas nos mais diversos países.
Se lamentamos a morte deste animal, ao mesmo tempo lembramos que a sobrevivência de dezenas de trabalhadores depende do acesso às Cataratas do Iguaçu. Quanto mais empecilhos se põem para o turista, menos interesse ele terá em conhecer os atrativos do lado brasileiro. E menos recursos virão para nossa cidade.
Um estudo feito pelo Instituto Nepama, em Brasília, concluído em 2011, revelou que as atividades ligadas ao turismo respondem por um em cada quatro empregos gerados em Foz do Iguaçu. Em 2010, o turismo empregava 9.267 pessoas, ou 23,09% do total de 47.198 ocupações.
O mesmo estudo mostrou que, a cada 100 mil novos turistas que visitam a cidade, são gerados 1.133 novos empregos, entre formais e informais. Esses novos visitantes injetam mais R$ 25 milhões na economia iguaçuense, dos quais R$ 16 milhões somente em tributos.
Sabemos que argumentos econômicos nem sempre são bem aceitos pelos defensores radicais do meio ambiente. No entanto, todos podem adivinhar o que representa, numa sociedade como a nossa, dezenas de pais de famílias desempregados.
Pedimos, então, que este acontecimento seja encarado com calma, com ânimos serenos, para que cheguemos a uma solução que contemple a proteção da natureza sem prejudicar aqueles que, em última análise, apenas permitem o acesso de pessoas do mundo inteiro a uma das maravilhas naturais do planeta.
Atenciosamente,
NEWTON PAULO DE A. ANGELI
PRESIDENTE