Com a vassoura na mão, o dono do restaurante deu uma última varrida no espaço. A proprietária da sorveteria colocou a decoração que faltava no teto, a dona da loja de doces organizou uma vez mais os produtos na estante. Foi assim, com os últimos ajustes, que o Mercado Público Barrageiro abriu as portas para a população na noite desta terça-feira (26). A inauguração teve a presença de diretores da Itaipu e do Itaipu Parquetec, representantes da prefeitura de Foz do Iguaçu e da comunidade, que lotaram o mercado.
De acordo com o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, a abertura do novo mercado era o maior desafio de sua gestão, desde que assumiu a diretoria no início do ano passado. “Ao longo do processo foram surgindo novos desafios, melhorias e novos investimentos. Mas, felizmente, contamos com uma equipe muito preparada. Foz do Iguaçu ganha um espaço para confraternização e valorização de nossa história”, afirmou Enio.
O prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, parabenizou a Itaipu, que financiou as obras, e o Itaipu Parquetec, responsável pela gestão do espaço, pela entrega do novo mercado. “É o maior presente que nossa cidade recebeu em 2024. O mercado vai trazer história e cultura que se incorporam à vida de nossa cidade. Contamos com Itaipu como mola propulsora do desenvolvimento de Foz do Iguaçu”, agradeceu.
Segundo o diretor-superintendente do Itaipu Parquetec, Irineu Colombo, o Mercado Público será mais um instrumento turístico para a cidade. “Os operadores turísticos poderão recomendar o novo mercado, enquanto os turistas visitarem outros atrativos como a Itaipu e as Cataratas. É uma opção para quem vem de fora e para a comunidade iguaçuense que faz o turismo local”, comentou.
O diretor de Coordenação, Carlos Carboni, lembrou que até a entrega do mercado, foram oito anos entre projeto, construção, melhorias e a formatação de um modelo de gestão. “Criamos uma modelagem com vários parceiros que vai durar cinco anos, até que o mercado se estabeleça, se estruture e tenha vida própria para poder se manter”, explicou.
Também prestigiaram a cerimônia os diretores da Itaipu Renato Sacramento (técnico executivo), Iggor Gomes (administrativo) e os diretores do Itaipu Parquetec Yuri Benites (turismo), Clerione Herther (administrativo-financeira), Alexandre Leite (tecnologias) e Eduardo Miranda (negócios e empreendedorismo).
Novo mercado
Com 4,7 mil metros quadrados de área construída, o Mercado Público tem 55 boxes, sendo 12 sociais (com a finalidade de fortalecer a agricultura familiar e pequenos produtores). A estimativa é que o mercado crie mais de 270 empregos diretos e mais de 180 indiretos, contribuindo com a geração de renda e o desenvolvimento econômico de Foz do Iguaçu.
O espaço conta com café, restaurante, pizzaria, pastelaria, sessão de hortifruti, doces e sobremesas, cervejaria, lojas especializadas, artesanatos e cooperativas, entre outros espaços gastronômicos. Além de apresentações artísticas, como musicais, contação de história e oficinas culturais, que acontecem sempre de quinta a domingo.
Também estão previstos grandes eventos culturais e artísticos por meio de um convênio de R$ 4,5 milhões, assinado entre Itaipu e Itaipu Parquetec, para o Circuito Cultural, que irá garantir a contratação de artistas de peso nacional e a realização dos grandes eventos abertos para toda a cidade, por um período de três anos.
Homenagem aos barrageiros
O Mercado Público Barrageiro remete aos tempos da construção da Itaipu, quando funcionava no local a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), que fornecia a refeição aos operários envolvidos com a obra. “Nós só estamos aqui por conta do trabalho destes barrageiros”, reforçou Enio Verri.
Logo na fachada do novo mercado, um mural gigante do renomado artista Eduardo Kobra mostra o rosto desses operários. No espaço interno, outro mural, este do artista iguaçuense Pas, mostra os barrageiros durante as paradas para alimentação. Um dos boxes traz objetos de época e informações sobre a construção da Itaipu.
O ex-barrageiro João de Faria Siqueira ficou emocionado com o reconhecimento. “A gente olha isso tudo, é um privilégio e um orgulho fazer parte dessa história”, afirmou João, que atuou na obra de Itaipu entre 1976 e 1982 e, há oito anos, trabalha como guia turístico pelo Itaipu Parquetec. Ele e os ex-barrageiros João Carlos da Silva, Faustino Morais da Cruz e Antonio Silveira da Silva prestigiaram a cerimônia de inauguração.
Grandes expectativas
O empresário Arlindo Camini Júnior investiu em três boxes no Mercado Público. É dele o Restaurante dos Barrageiros, que traz a obra do artista Pas em sua fachada. Dono do também Restaurante dos Barrageiros, na Central Hidrelétrica Itaipu, Arlindo disse acreditar muito no sucesso do novo empreendimento.
“A gente entende que o mercado público é um lugar democrático, que traz muita atenção das pessoas. O turismo gastronômico cada dia tem mais olhos para esse tipo de espaço, que traz várias opções no mesmo local”, considerou Arlindo, há 15 anos no ramo gastronômico e deve empregar 40 pessoas em suas lojas no Mercado Público.
As irmãs Hiam, Amina e Kadije Ghazoui criaram uma sociedade e abriram a loja de doces árabes do Kapadokya, que há oito anos conta com uma unidade ao lado da Mesquita. “O mercado traz uma pegada mais cultural e nada como a cultura árabe para estar presente aqui também, visto que comunidade é tão marcante em Foz do Iguaçu”, resumiu Hiam.
O Mercado também tem espaço para boxes sociais e deu a oportunidade para participação de pequenos empreendedores, por meio do modelo de edital de competição que não priorizou somente o “maior valor”, conforme explica Yuri Benites: “A gente estabeleceu um teto para que não seja somente o valor econômico na competição. Com isso, a gente trouxe oportunidades para que os empresários ousassem a [oferecer] produtos diferenciados”, afirmou.
Entre os boxes sociais, está o da Cooperativa da Agricultura Familiar e Foz do Iguaçu (Coaafoz), que reúne mais de 200 famílias de pequenos produtores da cidade. No espaço são vendidos produtos como cuca, pão, bolacha, verduras, legumes, massas, doces, licores entre vários outros da Coaafoz e outras cooperativas.
“É uma ótima oportunidade, oferecemos produtos de qualidade, orgânicos e feitos com o menor impacto possível. São produtos que não agridem o meio ambiente e são rastreados. Se você perguntar de onde veio, eu vou te mostrar a propriedade”, explicou a presidente da Coaafoz, Izabel Quaresma de Morais.