Mais da metade dos “cães de rua” de Foz do Iguaçu possuem tutores ou responsáveis, segundo levantamento feito pelo Centro de Controle de Zoonoses. O resultado é parte do projeto “Estimativa populacional de cães de rua e seu impacto em zoonoses e saúde pública no município de Foz do Iguaçu”, que será apresentado em audiência pública na Câmara de Vereadores na próxima quinta-feira, às 10h.
A audiência terá transmissão ao vivo pela internet, nos canais oficiais da Câmara e Prefeitura. Entre os meses de outubro de 2018 e outubro de 2019 foram capturados 1.125 cães, encontrados nas ruas do perímetro urbano do município.
Os animais capturados foram fotografados e identificados com coleira numerada, vacinados contra a raiva, vermifugados, e deles foram coletadas amostras de sangue e de fezes, e carrapatos. Os cães também passaram por avaliação física e levantamento de outros dados, como raça, sexo, porte e idade aproximada. Ao final de cada procedimento os animais foram soltos no próprio local de sua captura – ou entregues ao seu tutor/responsável (quando identificado).
“Um dado importante que obtivemos na fase de campo foi a de que mais da metade dos cães que encontramos nas ruas não eram efetivamente ‘cães de rua’, pois possuíam tutor ou responsável, que de alguma maneira permitiam o seu acesso ou permanência nas ruas”, relata médico veterinário responsável pelo projeto, Carlos Eduardo de Santi.
Para Santi, que é também supervisor técnico do CCZ, o levantamento é de extrema importância para a elaboração de políticas públicas de bem-estar animal e controle de zoonoses no município.
“A circulação nas ruas de animais que possuem domicílio acarreta transtornos ecológicos, como a superpopulação de animais errantes, e riscos à saúde da população humana, como agressões e transmissão de zoonoses, bem como sujeita os próprios animais a situações hostis e danosas à sua própria saúde”, explica.
O levantamento feito pelo CCZ também permitiu estimar a quantidade de cães presentes nas ruas do município de Foz do Iguaçu. O projeto foi desenvolvido em parceria com universidades e instituições de pesquisa, como a Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Botucatu, União Dinâmica das Cataratas (UDC) e Instituto Pasteur-SP.
A etapa de análise laboratorial das amostras colhidas em campo foi afetada drasticamente pela pandemia da Covid-19, já que as universidades e instituições parceiras tiveram suas atividades interrompidas na maior parte do ano de 2020.
Desta forma, até o momento apenas um dado biológico importante foi obtido: quase metade dos cães encontrados nas ruas era portador de leishmaniose visceral canina (LVC). Outras análises estão sendo realizadas visando à detecção de possíveis enfermidades nesses animais, tais como leptospiroses, febre maculosa, doença de Chagas e endoparasitoses, bem como da proteção imunológica que eles detêm contra a raiva.
Objetivos
Os dados obtidos no projeto com cães de rua têm por objetivo subsidiar o Poder Público na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas à preservação da saúde única (saúde humana, saúde ambiental e do bem-estar animal), bem como na regulamentação de dispositivos legais que permitam a sua efetiva aplicação.