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Hora da mudança na política, mas… por onde começar?

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Ter postura política e defendê-la é fundamental para qualquer um que esteja ou não na vida pública. Mas, como tudo, exige um pouco de pesquisa, informação e reflexão.

A moda agora é pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Vale lembrar que as melhores oportunidades para "derrubá-la" foram no mês de outubro, no primeiro e no segundo turno das eleições presidenciais, pela via do voto consciente e bem fundamentado. Deixou passar? Reflita e aprenda.

Outra chance de trocar o governo só em 2018 (e não adianta chorar pelo leite derramado ou pôr a culpa "nos nordestinos", no "Bolsa Família", no "povo burro", etc, chavões e etc).

A questão básica, cabe frisar, não é a presidente Dilma, o senador Aécio, a candidata Marina, o PT, o PSDB ou o PSB. É o modelo político brasileiro.

Vejamos:
– Reportagem publicada pela Gazeta do Povo, na última sexta-feira (28), revela que de todos os partidos que disputaram as eleições em 2014, apenas quatro não receberam "doações" das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato: PSOL, PSTU, PCB e PCO. Os outros 28, em menor ou maior grau, "molharam o bico" com a grana das operadoras do esquema.

– Os campeões de arrecadação com as empreiteiras investigadas foram PMDB (partido do vice-presidente Michel Temer, R$ 51,7 milhões); PT (partido da presidente Dilma Rousseff, R$ 48,3 milhões); PSDB (partido do candidato Aécio Neves, R$ 35 milhões); Democratas, R$ 15,9 milhões; e PSB (partido que postulou Marina Silva, R$ 15,6 milhões).

– As "doações" das empreiteiras, obviamente, não foram só para candidatos a presidente ou governador, mas para financiar campanhas de deputados e senadores (os postulantes individuais do PT receberam R$ 47,3 milhões; do PSDB, R$ 3,9 milhões; do PSB, R$ 2,1 milhões; do PMDB, 1,3 milhão). E aqui entra a questão: você pensou direito na hora de votar para senador, deputado estadual ou federal? Ou fez de qualquer jeito, votando só para "cumprir a obrigação" ou escolhendo um candidato inviável, cuja única função era formar legenda para eleger um outro que você nem sabe quem é?

Não se esqueça de que, para governar, o Poder Executivo (presidente e governador) precisa "negociar" com o Legislativo (deputados e senadores). E é aí que surge a "mãe" de grande parte das negociatas políticas, com a criação de ministérios e secretarias para acomodar aliados, nomeação de cargos comissionados que ninguém sabe para que servem e toda a sangria dos cofres públicos que você já está habituado a criticar.

Soluções a curto, médio e longo prazos?

Existem, pode acreditar. Mas passam, basicamente, pela:
– Mudança do sistema de financiamento de campanhas eleitorais, com criação de barreiras, tetos, maior fiscalização das prestações de contas apresentadas pelos partidos e efetiva punição aos transgressores.

– Diminuição das regalias aos ocupantes de postos eletivos, com o pagamento de salários compatíveis aos da média de população, corte de auxílio isso ou auxílio aquilo, diminuição das verbas de gabinete, redução no número de assessores e aumento na fiscalização das contas, visando diminuir a atratividade do cargo para aquele que visa enriquecer com o dinheiro público e ir direcionando, eleição após eleição, o pleito para candidatos mais focados no interesse coletivo.
(note que aqui estou até pegando leve, tendo em vista que, em países política e socialmente desenvolvidos, como a Suécia, vereador não recebe salário, deputado ganha na média do restante do país, não tem carro corporativo ou pencas de assessores e o auxílio moradia resume-se a um apartamento funcional pouco maior que uma quitinete)

Os dois pontos anteriores dependem da "boa vontade" de políticos que já estão no cargo e dificilmente concordarão em cortar na própria carne. Entretanto, há dois outros itens que não dependem de mais ninguém, a não ser de quem lê estas linhas:
– Melhoria da qualidade do voto de cada um (eu, você, nossos amigos e familiares), com pesquisa sobre o passado, o presente e as propostas do candidato que você pretende escolher, análise dos partidos e das alianças e verificação de quem está por trás bancando a campanha de "A" ou "B".

– Militância ativa na política, lançando-se candidato e colocando-se como opção para quem quer romper o círculo (no caso da política partidária) ou fiscalizando de maneira incisiva as candidaturas e mandatos.

A mudança não acontecerá da noite para o dia, mas, se não tiver um ponto de partida (que pode ser agora, pensando já nas eleições municipais de 2016), jamais deixará de ser um sonho ou ideia vaga em meio à indignação individual ou coletiva e que, muitas vezes, torna-se genérica ou perde o foco.

Você está pronto para começar?


* Gulherme Wojciechowski, 31, é diretor de jornalismo do Sistema Globo de Rádio (SGR) em Foz do Iguaçu e correspondente das rádios CBN / Globo na Tríplice Fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. E-mail: gdw.foz@gmail.com. Twitter: @guilherme_sopa. Facebook: Guilherme Wojciechowski.

 

 

 

 

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