“O Governo de Mário Abdo Benítez mente, é improvisado e pouco sério”, afirmou o secretário de Indústria e Comércio do Governo do Alto Paraná, Iván Airaldi durante entrevista concedida à imprensa paraguaia.
Segundo Airaldi, Mário Abdo enviou seus ministros a Ciudad Del Este, durante mobilização no último dia 22, para garantir que a Ponte da Amizade seria reaberta a partir do dia 29 (ontem), quando não havia sequer tido uma conversa e/ou planejamento prévio com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Iván Airaldi confirmou ainda que, sindicatos de empresários, funcionários do comércio, trabalhadores autônomos e outros setores vão iniciar uma manifestação por tempo indeterminado se o Governo não der uma resposta sobre o desbloqueio do trânsito fronteiriço, até a meia noite de hoje.
Relembre como tudo isso começou
Já faz tanto tempo que estamos com fronteiras fechadas com o Paraguai, que muita gente sequer se recorda de como tudo isso começou, então, vamos a um pequeno “flashback”:
Após teleconferência entre os chefes de estado do bloco Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), a diretora de Migrações do Paraguai, María de los Angeles Arriola, concedeu entrevista coletiva informando que, para impedir a disseminação do covid-19 em seu país, a partir de 16/03 estariam mantendo as fronteiras com Brasil e Argentina parcialmente fechadas, restringindo assim a circulação de pessoas entre os países.
Naquele momento, tínhamos no Paraná (segundo a Secretaria de Estado da Saúde – SESA) 12 casos confirmados e 240 casos suspeitos, sendo que destes, apenas um caso suspeito estava em Foz do Iguaçu.
Brasileiros não podiam entrar, mas paraguaios circulavam durante o dia, e inclusive, iniciaram uma verdadeira corrida aos supermercados da cidade, buscando estocar produtos de higiene, álcool em gel e gêneros alimentícios. Foz do Iguaçu chegou a registrar desabastecimento e falta de alguns produtos por conta do aumento repentino da demanda.
O Brasil, só oficializou uma portaria que fechava a fronteira também pelo nosso lado, quase uma semana após o anúncio da decisão tomada pelo Paraguai, mais precisamente, no dia 20/03. Nesse momento, cidadãos paraguaios já eram obrigados a cumprir “toque de recolher” e diversos vídeos de paraguaios, sendo agredidos por agentes das forças de segurança por estarem nas ruas após o horário determinado, começaram a viralizar na internet. Embora fosse criticado inicialmente pelo rigor das medidas, que impediam a entrada de estrangeiros e, posteriormente, a restrição à circulação dos próprios nacionais, o Paraguai, naquele momento, era visto como o país sul-americano que melhor aplicava medidas de contenção à disseminação do coronavírus e o fato de o país não possuir recursos para suportar uma pandemia, serviam como justificativa para as duras medidas adotadas.
Em 23/03 o Paraguai era o país com menos casos de coronavírus entre os países da América do Sul contabilizando 22 casos confirmados e uma morte. Neste mesmo dia, o Brasil contabilizava 1.620 casos e 25 mortes, e destes, apenas 04 casos eram de Foz do Iguaçu.
Quase sete meses após o fechamento, sabemos que, transformar o país em uma ilha fechando fronteiras terrestres, aéreas e fluviais de nada adiantou para o Paraguai. Hoje, até a publicação deste texto, o país contabilizava mais de 40 mil casos confirmados e quase 900 mortes.
Opinião
Usar (mais uma vez) o Brasil como desculpa, antes para fechar, e agora para manter a fronteira fechada, é uma estratégia que não está mais dando certo para o presidente paraguaio. Da mesma forma como, lá no início, o Paraguai fechou sem que o Brasil tivesse fechado, agora, pode muito bem fazer o contrário: abrir, sem que o Brasil abra. Se o problema de Ciudad Del Este é falta de clientes. Aqui no Brasil temos muitos para oferecer, e a lei brasileira não impede e nunca impediu brasileiros de sair.