As baixas temperaturas e as chuvas que atingem os estados do Sul do país não causaram impactos significativos na agricultura de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul. No Paraná, a cultura de inverno mais expressiva é o trigo. A expectativa dos produtores é colher 3,06 milhões de toneladas, que representam 58,4% da produção nacional. Se os números se confirmarem, um aumento de 23,4% em relação à safra anterior.
“O frio é benéfico nessa fase. O que poderia ser prejudicial seria a ocorrência de geadas, que ainda não foram intensas. Entretanto, ainda é cedo para avaliar se houve prejuízos, mas é pouco provável”, disse o engenheiro agrônomo do Departamento Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral), Carlos Salvador.
O que não anima o produtor, na avaliação da secretaria paranaense, é o mercado. Ainda há estoque de trigo armazenado da safra passada e o Ministério da Agricultura reduziu em 10% o preço mínimo.
O frio também não altera a produção de milho da segunda safra, que está com 22% das lavouras colhidas e com 64% em fase de maturação. A previsão é de uma produção de 5,9 milhões de toneladas, aumento de 32% sobre a safra passada. Com esse resultado, a safra de milho no Paraná, maior produtor do grão no país, deverá atingir 12,83 milhões de toneladas, volume 14,7% superior ao obtido na safra de 2009, quando a primeira e a segunda safras de milho resultaram em uma produção de 11,2 milhões de toneladas.
Em Santa Catarina, o frio intenso traz mais prejuízos para suinocultores e avicultores. “Os custos aumentam porque os animais precisam de temperaturas regulares. Os gastos com energia elétrica, gás e lenha para manter o ambiente aquecido são muito altos”, disse o diretor-geral da Secretaria da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Airton Spies. O estado é o maior produtor de suínos do país, responsável por 24% da produção nacional. Além da produção anual de 750 mil toneladas de carne suína, o estado produz também 1,6 milhão de toneladas de carne de frango, sendo responsável por 27% das exportações brasileiras.
Segundo Spies, baixas temperaturas não prejudicam a agricultura do estado porque as culturas de inverno não estão em fase de frutificação. “Somos responsáveis por 50% da produção brasileira de maçãs. A cultura precisa de, pelo menos, 700 horas de frio abaixo de 7 graus Celsius (°C) por ano, para ter boa qualidade no mercado”. Segundo ele, as macieiras, agora, estão em estado de dormência, período em que o frio é benéfico. Santa Catarina produz 600 mil toneladas por ano de maçãs.
No Rio Grande do Sul, o frio está sendo benéfico para a produção de uvas. De acordo com Célio Cole, assessor técnico da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater-RS), o mesmo vale para o caqui e o kiwi. Para frutas de caroço, como pêssego e ameixa, “o frio, provavelmente, poderá causar algumas perdas na produção, pois muitas variedades estavam em início de floração, mas é preciso esperar mais alguns dias para avaliar”. Para as lavouras de inverno (trigo, cevada, aveia e centeio), o tempo seco e frio é bem-vindo. De acordo com a Emater-RS não há registro de perdas até agora.