O escritor e crítico literário David Arrigucci Jr. abriu na quarta-feira (1º) a 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) com uma conferência sobre o poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886 –1968), o homenageado desta edição.
Autor de Humildade, Paixão e Morte: a Poesia de Manuel Bandeira, Arrigucci Jr. levou ao palco principal, na noite de abertura da Flip, a tradução da obra de Bandeira. Para o crítico, o poeta pernambucano tinha a sensibilidade afiada e sua poesia não escondia a ligação com a morte, com a qual conviveu longo período de sua vida por causa da tuberculose.
Mas foi a proximidade com o cotidiano que despertou em Bandeira, na visão do crítico, “o grande poeta”. Ele morou na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, nos anos 20, período em que conviveu com o “humilde cotidiano do Rio de Janeiro. Foi o nascimento do grande poeta”, definiu Arrigucci Jr., durante a conferência de abertura da Flip.
Depois, em entrevista à Agência Brasil, Arrigucci Jr. disse que o período na Lapa foi importante para a criação poética de Bandeira. “[A poesia de Bandeira] dependeu muito desse momento tão especial na vida dele. Foi um momento de solidão, de pobreza e de total desvalimento diante da morte", disse.
Segundo o crítico, “toda a trajetória de Bandeira era um aprendizado de superar o sentimentalismo. Para o poeta pernambucano, a poesia era feita de “circunstâncias e desabafos”, momento em que agia com “certa agudeza”.
Pelo que Manuel Bandeira representa não apenas para a poesia, mas também para a literatura, o resgate de sua obra na 7ª Flip paga uma espécie de dívida do evento com a poesia. A Flip só tinha homenageado, até então, o poeta Vinícius de Moraes.
Os 34 autores convidados para a 7ª Flip revezam-se no palco principal a partir desta quinta-feira (2) em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro.