As salas de aula da Escola Municipal Monteiro Lobato, do bairro Porto Belo, em Foz do Iguaçu, sofreram uma transformação radical nesta sexta-feira, 01: uma delas, por exemplo, virou o universo. Em outra, era preciso atravessar por uma língua para entrar. E ainda tinha espaço com insetos, como aranhas gigantes e também belas abelhinhas. Tudo foi preparado para a Feira de Ciências da escola, que tinha como tema “Qualidade de Vida”.
A mostra é resultado de cinco meses de um projeto-piloto desenvolvido em uma parceria entre o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), a Prefeitura de Foz do Iguaçu e a Fundação Banco do Brasil. A iniciativa promove a capacitação dos professores na metodologia do ensino por investigação, que propõe o aprendizado de ciências de uma forma mais lúdica e experimental.
Enquanto os professores estão na formação, que é viabilizada por meio da Estação Ciências do PTI, uma equipe de bolsistas realiza atividades práticas com os alunos. A Feira realizada na sexta-feira à tarde, que reuniu cerca de 500 alunos da escola, pais, professores e demais interessados, é um dos objetivos desse projeto, que terá continuidade até o final do primeiro semestre de 2018.
O diretor técnico do PTI, Claudio Issamy Osako, comentou que a ação junto à Monteiro Lobato é apenas “o começo”. “Temos uma excelente parceria com a prefeitura de Foz, o que é único nessa linha do tempo. Precisamos aproveitar esse momento para construir coisas boas e duradouras em termos de educação”, destacou.
Para a diretora da escola, Lídia Prieve, a Feira representa “um momento histórico” para a instituição. “Nosso trabalho com a educação é um eterno começar, e o mais importante é começar com as etapas inicias do ensino fundamental, avançando dia a dia”, afirmou. Ela agradeceu o entusiasmo, o empenho e a dedicação de todos os funcionários da escola para a realização do evento.
O secretário municipal de Educação, Fernando Ferreira de Souza Lima, ressaltou que a Feira é resultado do comprometimento de muitas pessoas que aceitaram o desafio de levar às crianças uma nova proposta de aprendizado.
O representante da Fundação Banco do Brasil, Luiz Carlos Vieira, fez uma referência ao nome da escola – Monteiro Lobato -, que homenageia o escritor. “O Monteiro Lobato acreditava em ciências e que, se você estudasse bastante e fosse atrás, descobriria muitas coisas que ou os adultos não conseguem ou não querem ver”. “O trabalho de ciências que vocês desenvolveram aqui faz jus a tudo que o Monteiro quis ver”.
Ansiedade e dedicação
Com os pés e as mãos agitadas, mas muito segura do que falava, Daniele Sibele, de 9 anos, explicava, com a ajuda de uma maquete, a diferença entre um terreno limpo e um terreno sujo, onde podem se instalar mosquitos transmissores do vírus da dengue. “Dá vontade até de chorar quando a gente vê isso”, comentou ela, sobre o terreno sujo. “A gente tem que cuidar cada vez mais do nosso meio ambiente, porque a gente fica cada vez mais feliz com o nosso ambiente limpo”, reforçou.
A filha de Silvani Mesquita, 33, – Taina -, estava apresentando um trabalho sobre o sistema solar. A mãe, orgulhosa, não poupou cliques com a câmera do celular. Ela contou que, desde o dia anterior, Tainá estava ansiosa com o evento. Silvani percebeu que desde que o projeto-piloto foi iniciado na escola, a filha está mais empolgada com as aulas de ciências. “Ela chega em casa fazendo muitas perguntas”.
Uma das belas abelhinhas em uma das salas de aula era Emili Vitória Pedroso, 7, que contava para os visitantes curiosidades sobre esses insetos. “Elas pegam o néctar das flores e levam para casa”. A aluna disse que “os animais são importantes sempre e a gente ‘tá’ tentando explicar isso para todo mundo”. O pai de Emili, Gilberto Pedroso da Silva, considera que o projeto foi maravilhoso para os estudantes. “Incentivou bastante, é uma sabedoria nova. É muito bom”.
A professora de português e matemática Gerônima Lesme de Oliveira, conta que a capacitação viabilizada pelo projeto possibilita aos professores uma nova forma de trabalhar o conteúdo, que desperta maior curiosidade dos alunos. “É muito prazeroso quando você vê que a criança tem vontade de aprender, não é por obrigação”.
Já a professora Solange Lembeck Castilhos Meira contou que ficou até arrepiada ao acompanhar a apresentação dos alunos na Feira. “Tem coisas que nós nem combinamos que eles falassem, e eles estão falando”.