As representações da “Morte”, da “Medusa” e de “Súcubo” feitas pela psicóloga Sonia Lyra fizeram com que os quase 400 psicólogos, médicos e psiquiatras que participaram da abertura da exposição fotográfica “Arquétipos”, na noite desta quinta-feira (24), entrassem por alguns segundos num mundo paralelo. Imaginário. Entre eles, dos sonhos, da alegria, da felicidade e do pavor. A mostra faz parte da programação cultural do 24º Congresso Nacional da Associação Junguiana do Brasil, que acontece até domingo (27), no Mabu Thermas e Resort, em Foz do Iguaçu.
Os quadros da “Medusa” e da “Morte” foram o que mais chamaram a atenção da psicóloga Ranife de Oliveira, do Acre. Segundo Ranife, a imagem conseguiu retratar o aspecto sombrio e devorador do feminino. “Eu sempre me interessei por esse feminino que burla as regras. Como fazemos parte de uma sociedade patriarcal, o feminino fica nas sombras. E às vezes, ele aparece”, disse. E completou: “Quando olho para esses quadros, é como se eu estivesse observando um sonho”.
Já para a psicóloga curitibana, Sara Siverti Rodrigues, a fotografia da versão feminina do “Narciso” foi a mais impactante. “De longe tive a impressão que estava em movimento, mas não, era o reflexo na água. Muito instigante”.
Para Sonia o objetivo foi alcançado. “Sou uma estudiosa dos arquétipos. E através da fotografia parece que consegui retratar um pouco desse lado místico. Desses sonhos. Criar uma fantasia”.
Os arquétipos de Sonia
Ela já reproduziu e fotografou 64 arquétipos, desses, 17 estão expostos na Mostra:
Pity, que representa o confronto do “feminino” com os terrores do “masculino”;
Lilith, a instigadora dos amores ilegítimos e vive nas profundezas;
A Morte, que é o arquétipo da transformação, do desapego, do fim dos ciclos;
Hades, o deus romano Plutão e o senhor dos mundos inferiores;
Súcubo, demônio feminino detentor de um tremendo poder de sedução, induz a todo tipo de compulsões e obsessões sexuais;
Medusa, guardiã e protetora da mitologia grega;
Perséfone, revela a passagem entre a luz e a sombra; a consciência e o inconsciente;
Pierro e Colombine, representam o triângulo amoroso;
Héstia, protetora e guardiã do fogo;
Fauno, designa o destino favorável, a profecia e protege em particular os pastores e agricultores;
A Bruxa é a antítese da imagem idealizada da mulher;
O Louco percorre o caminho dos mistérios;
Kuan-Yin, é o bodisatva associado à compaixão e ao perdão;
Eco é a Ninfa cujas súplicas por diálogo, mas Narciso não ouve;
Narciso, um dos mais famosos de suas metamorfoses;
O Mundo, arcano maior do tarô, representa a conclusão de um ciclo;
A Estrela, representa os arquétipos das revelações essenciais, da ajuda inesperada, da perspicácia, inspiração e clareza de visão.
Por onde passou
Antes de chegar em Foz do Iguaçu, a exposição “Arquétipos” já esteve no Museu da Fotografia, em Curitiba; no Centro de Artes e Criatividade, em Guarapuava e no Centro de Eventos Vitória, em Videira (SC).
“Sonia, é analista junguiana e trabalha há muitos anos com os arquétipos, mas desde 2012, quando começou a fotografar, faz a interpretação dos arquétipos através das suas lentes. São imagens fortes, mas com muita beleza e sensibilidade”, explicou o fotógrafo e jornalista Alberto Melo Viana, curador da mostra.