Lideranças políticas de Posadas, capital da Província de Misiones, na Argentina, e de Encarnación, capital do Departamento de Itapúa, no Paraguai, manifestaram interesse em se reunir com o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, para discutir a utilização do ramal ferroviário que a empresa paranaense pretende construir, através do Sudoeste do Paraná, até Chapecó, Oeste de Santa Catarina.
Um encontro para discutir o projeto, a pedido do governo de Posadas, deve ser agendado nos próximos dias. Os organizadores querem contar com a presença do governador Roberto Requião no encontro que está previsto para acontecer na cidade de Barracão (PR), na fronteira com a cidade argentina de Bernardo de Yrigojen e com a cidade catarinense de Dionísio Cerqueira.
O convite foi formulado à Ferroeste na segunda-feira (2) em Curitiba por um grupo de prefeitos. “Fiquei feliz com o convite”, declarou o presidente da empresa, Samuel Gomes. “Cada dia fica mais claro que a Ferroeste é uma importante ferramenta para a integração latino-americana, pela qual lutam o presidente Lula e o governador Requião”, destacou.
Samuel lembrou que o governo do Estado conta com uma Secretaria especialmente dedicada ao Mercosul (Seim). “Solicitei aos prefeitos que convidem a Secretaria para o encontro”, disse ainda o presidente da Ferroeste.
Gomes também pediu que o convite fosse extensivo à estrutura do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração do Sul) e da Crecenea (Comissão Regional de Comércio Exterior do Nordeste Argentino), que já realizaram outros encontros para discutir temas de interesse comum às suas áreas de influência nos dois países. A participação dessas entidades, disse Gomes, visa integrar a próxima reunião numa grande malha de articulação institucional atualmente em marcha no Cone Sul e também porque o Nordeste argentino está na área de influência da Ferroeste.
ARTICULAÇÃO – A comissão que trouxe a notícia do interesse dos argentinos pela Ferroeste veio com três de prefeitos do Sudoeste do Paraná: Juarez Henrichs, prefeito de Barracão pela terceira vez e ex-presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP); Paulo Deola, prefeito de Bom Jesus do Sul e vice-presidente da AMP; e Valdir Picolotto, prefeito de Vitorino e secretário da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop). Também esteve presente o prefeito, já por três vezes, do município de Dionísio Cerqueira, Oeste catarinense, Altair Rittes.
Ao grupo de prefeitos, que igualmente veio conhecer detalhes do projeto de expansão da ferrovia na região, assim como trazer sugestões e apoiar a iniciativa da estrada de ferro paranaense, Samuel Gomes adiantou que este ano a Ferroeste vai avançar na finalização dos projetos técnico, de engenharia, de viabilidade econômica e de licenciamento ambiental dos novos ramais. “Queremos chegar ao final de 2009 em condições de licitar as obras”, disse Gomes, “e, eventualmente, iniciar a construção de algum trecho”. Os novos ramais vão ligar a atual linha férrea Guarapuava-Cascavel a Maracaju, no Mato Grosso do Sul, por um lado, e a Chapecó, no Oeste catarinense, por outro. A extensão dos trilhos também alcançará Foz do Iguaçu, no Oeste do Estado, e o Porto de Paranaguá, no Litoral.
Todos os novos ramais precisam de EVTEA (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) e EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), esclareceu o presidente da empresa estatal paranaense. “A diferença no caso do trecho Cascavel-Guaíra e Cascavel-Foz é que o projeto de engenharia precisa apenas ser atualizado”, segundo Gomes. O traçado de Guaíra antecede a construção da Ferroeste e o de Foz foi feito em 1999.
RAMAL SUDOESTE – Em relação ao ramal ferroviário que descerá pelo Sudoeste do Paraná até o Oeste catarinense, em três meses estará concluído o levantamento da produção e a projeção do potencial de cargas das duas regiões. O Estudo de Viabilidade do Ramal Sudoeste do Paraná/Oeste de Santa Catarina está sendo realizado pelo Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento).
Nos meses de fevereiro e março, Samuel Gomes participará de uma série de audiências públicas na região, tanto no Sudoeste do Paraná quanto no Oeste de Santa Catarina para apresentar os dados obtidos pelo Lactec e para colher novas informações.
O prefeito de Dionísio Cerqueira (SC), Altair Rittes, disse que a expansão da estrada de ferro virá solucionar o problema de estrangulamento por que passa o Porto Seco instalado no município, único a ligar Santa Catarina ao Mercosul. A ferrovia, segundo ele, é a saída para o desenvolvimento da região.
O prefeito de Barracão (PR), Juarez Henrichs, lembrou que o município, na fronteira com a Argentina, é um ponto estratégico na ligação do Chile com o Porto de Paranaguá. Henrichs disse que os novos ramais vão agregar valor à produção regional, que hoje é predominantemente constituída por pequenas propriedades.