O Ministério de Minas e Energia vai definir, na próxima terça-feira (15), se o horário de verão será adotado no Brasil ainda este ano. A decisão será tomada após uma reunião técnica com a equipe do ministro Alexandre Silveira, que ocorrerá no prédio da pasta, em Brasília. Devido à urgência da pauta, o ministro reduziu seu período de férias e retornará ao trabalho já na segunda-feira (14).
“O resumo da ópera é que, se houver risco energético, a prioridade será implementar o horário de verão”, declarou Silveira nesta sexta-feira (11), em Roma, após participar do II Fórum Internacional Esfera. O ministro destacou a importância de uma decisão rápida para aproveitar a melhor janela de aplicação, em novembro.
Avaliação de riscos e benefícios
Silveira afirmou que a decisão levará em conta um cuidadoso equilíbrio entre custo-benefício. “Se não houver risco energético, é preciso analisar o impacto em outros setores. Não se trata apenas de economizar energia, mas de avaliar os efeitos em diversas áreas da economia”, explicou. Para ele, a política de diálogo estabelecida pelo governo permitirá uma análise clara da melhor solução.
Segundo o ministro, o horário de verão tem maior relevância entre 15 de outubro e 30 de novembro, com impacto mais vigoroso até 15 de dezembro. Ele ressaltou que a política pública é adotada globalmente e não deve ser tratada como uma questão ideológica, como ocorreu em 2019, quando o horário foi extinto no Brasil pelo governo anterior.
Impacto no planejamento de setores
A reunião da próxima terça-feira foi marcada pela necessidade urgente de prever os impactos e permitir que setores essenciais, como o setor aéreo e a segurança pública, se organizem adequadamente. “A previsibilidade é fundamental em uma política pública dessa dimensão”, destacou Silveira, mencionando que conversou com diversos setores para assegurar um planejamento adequado.
O ministro garantiu que, caso seja adotado, o horário de verão não afetará o segundo turno das eleições, marcado para 27 de outubro, já que é necessário um prazo de 20 dias para que os setores envolvidos se adaptem.
Crise hídrica e cenário energético
Silveira também abordou a crise hídrica enfrentada pelo país, destacando que usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte, dependem das condições pluviométricas. “O Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais] registrou que estamos enfrentando a pior crise hídrica desde 1950”, informou. Segundo o ministro, medidas preventivas tomadas ao longo do ano, como a redução da vazão em Jupiá e Porto Primavera, preservaram 11% da água nos reservatórios, evitando uma crise energética.
Apesar da situação controlada, Silveira ressaltou a importância de um planejamento adequado até 2026 para garantir a segurança energética e manter as tarifas sob controle.
ONS e projeções energéticas
Em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada na última quarta-feira (9), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou projeções para o período de outubro de 2024 a março de 2025. O estudo indicou incertezas em relação às chuvas no início da temporada úmida, com alguns modelos sugerindo maior precipitação a partir da segunda quinzena de outubro.
De acordo com o ONS, as projeções de Energia Armazenada (EAR) no Sistema Interligado Nacional (SIN) variam entre 13,8 pontos percentuais acima do nível de março de 2024 no cenário otimista, e 23,4 pontos percentuais abaixo no cenário mais pessimista. O principal desafio será atender à demanda no horário de pico, que geralmente ocorre entre 18h e 20h, até dezembro deste ano.
As projeções do ONS servirão de base para decisões do CMSE sobre a necessidade de adotar medidas preventivas e garantir a segurança do fornecimento energético no país.
Com informações: Agência Brasil
Fotos: Fernando Frazão e Arquivo Agência Brasil/Divulgação.