Neste dia 12 de janeiro, a UNILA completa 14 anos. Tempo para crescer, conviver, conhecer, fazer, sonhar junto e desejar mais e melhores caminhos. Neste aniversário, a comunidade – acadêmica e local – reflete sobre momentos que marcaram essa caminhada e sobre o que espera para o futuro da Universidade.
Criada em 2010, a UNILA tem a missão de formar recursos humanos aptos a contribuir com a integração latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacional da América Latina. “Quando a UNILA chegou a Foz do Iguaçu, ela trouxe grande melhoria de qualidade de vida, principalmente para a minha comunidade”, comemora José Batista de Souza Filho, fundador da Biblioteca Comunitária Cidade Nova Informa.
Várias pessoas do Cidade Nova, diz ele, são formadas pela UNILA em diferentes cursos e também há o envolvimento com projetos de extensão que vêm sendo desenvolvidos ao longo do tempo. “Hoje, a comunidade está inserida na Universidade e a Universidade, inserida dentro da comunidade. Para mim, o melhor da UNILA é ver todo mundo, todos os meus amigos, a comunidade, inseridos nela”, aponta José.
A mudança percebida por ele não ficou restrita ao bairro. A diretora de Direitos Humanos de Foz do Iguaçu, Mazé El Saad, salienta que o debate promovido pela Universidade levou ao fortalecimento da Tríplice Fronteira, que abriga pessoas de diferentes nacionalidades latino-americanas. “Além disso, a UNILA trouxe conhecimento teórico-acadêmico sobre questões sociais, saiu de seus muros e foi para dentro da comunidade, para dentro da sociedade, discutir com o poder público, discutir com o terceiro setor, falar das questões étnico-raciais, falar sobre questões de gênero, falar sobre a cidade.”
Para a iguaçuense Izabela Fernandes, graduada em Letras – Artes e Mediação Cultural e mestre em Estudos Latino-Americanos, a criação e a missão integradora da UNILA são motivos de celebração. “O anúncio da chegada da UNILA e sua implementação nesta cidade foi um momento em que a gente festejou e agradeceu”, conta. A Universidade, diz, chegou “trazendo corporalidades diversas, sabores e saberes e também possibilitando que toda essa região possa acessar uma universidade de qualidade, uma universidade diversa”.
O docente Gerson Ledezma atribui aos estudantes papel de destaque no cumprimento da missão da Universidade. “O mais bonito que eu entendo da UNILA, que vejo e que vivo é a forma como os estudantes promovem a missão da UNILA, que é a integração latino-americana, caribenha e brasileira. Reunir várias culturas, diferentes costumes, romper com preconceitos. Os estudantes fazem isso muito bem.”
A reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira, destaca que a chegada dos primeiros estudantes haitianos completou o quadro da diversidade já presente na instituição. “Com os haitianos, chegava para nós o Caribe, chegava para nós a Afro-Latino-América, chegava para nós um perfil que faltava. Com isso, a UNILA foi se completando e, hoje, nós temos 32 nacionalidades na nossa Universidade”, comemora.
Para ela, a convivência diária nas salas de aula, nos corredores, nas atividades culturais e acadêmicas é um dos pontos positivos da instituição. “É a nossa necessária convivência, que precisamos construir cotidianamente, entre pessoas que vêm de lugares diferentes, de países, de povos, de etnias, de hábitos, de culturas, de línguas diferentes. Pessoas que pensam com suas especificidades, com as suas características e que aqui precisam construir conhecimento, produzir vida acadêmica.”
Bruno Azevedo, servidor técnico-administrativo recém-nomeado e também estudante de pós-graduação, destaca o caráter internacional da UNILA. “Além de ser defendida sempre como universidade pública brasileira, como todas as outras, ela tem que ser reconhecida como patrimônio do povo latino-americano”, aponta.
A também estudante de mestrado Thaina de Santana Alencar aponta a integração como destaque da Universidade e tem na memória um momento lúdico, de quando ainda era estudante de graduação no curso de Letras – Artes e Mediação Cultural. “Um momento marcante para mim, na UNILA, foi a primeira vez que fui ao PTI. Eu nunca tinha visto tanta capivara junta. Então, eu fiquei encantada.”
Diversidade
A diversidade é uma das características presentes na Universidade que mais são citadas por aqueles que conhecem de perto a instituição. “O que mais me marcou na história da UNILA foi chegar aqui, em 2011, e perceber toda essa diversidade cultural. Quando eu chego para trabalhar, eu cruzo a porta de entrada e, até chegar à minha sala, eu passo pelo Paraguai, eu passo pela Argentina, eu passo pelo Chile, eu passo pela Bolívia”, assinala a servidora técnico-administrativa Eliane Delgado, uma das primeiras a ingressar na Universidade.
Para outra Eliane, a Lourenço de Souza, que presta serviços à Universidade desde 2011 por meio de empresa terceirizada, a convivência com a comunidade interna foi sinônimo de aprendizados. “O melhor da UNILA, para mim, é essa conexão com países, com culturas, com o aprendizado diário que eu levo para minha vida, porque com a UNILA aprendi e aprendo a cada dia”, diz. Eliane também depositou uma carta na cápsula do tempo localizada na entrada da Usina de Itaipu e lacrada em 2010 para ser aberta 50 anos depois. “Eu ainda quero abrir e ler a minha cartinha. E eu vou fazer”, promete.
Convivendo com estudantes de toda a América Latina e Caribe, Lucas Daniel Ovelar Vargas, aluno do curso de Biotecnologia, criou “laços de família”. “Hoje tenho casa na Guatemala, no Peru, na Colômbia e no Brasil. A Latinoamérica é minha casa. Sem dúvidas, o melhor da UNILA, para mim, é que posso viajar por toda a Latinoamérica sem sair de um país, conhecendo diferentes pessoas, culturas e sabores. Isso nos encanta.”
Futuro
Os que acompanham e acompanharam o crescimento da UNILA nestes 14 anos também têm o olhar voltado para as próximas conquistas, para a consolidação de seu projeto institucional e acadêmico. “A UNILA do futuro é exemplo”, acredita a reitora Diana Araujo Pereira. “Exemplo de convivência. Exemplo de construção democrática a partir da solidariedade, da cooperação, focada na integração como valor ético. Um exemplo de democracia para o nosso país e para toda a região.”
Eliane Lourenço de Souza, José Batista e Eliane Delgado compartilham um mesmo desejo para o futuro da UNILA: um espaço próprio, que possa reunir toda a comunidade acadêmica. “[Onde] a gente consiga ter mais alunos, mais pessoas que queiram ter conhecimento e que tenham vontade de viver esse mundo que a UNILA tem a oferecer”, afirma Eliane Souza. “Onde a gente possa viver toda essa diversidade cultural, sem ilhas, sem separação”, sonha Eliane Delgado. “Quero para a UNILA, nesse aniversário, que ela seja uma universidade estabelecida no próprio local”, diz José.
Além de mais estrutura física, Izabela Fernandes espera que a Universidade ganhe força para manter sua direção. “Uma Universidade que esteja estruturada e forte para combater as desigualdades, para possibilitar a equidade e para possibilitar, de fato, que a diversidade possa coexistir neste lugar de forma acolhedora”. Na mesma linha, segue Thaina Alencar. “Espero uma UNILA mais equitativa, mais diversa e mais plural.” Também nessa linha, está o pensamento do docente Gerson Ledezma. “A Universidade que quero para o futuro é aquela que poderá incorporar epistemologias negras, indígenas e dos povos tradicionais do Brasil, da América Latina e Caribe.”
Para o estudante Lucas Ovelar, a UNILA do futuro terá mais espaço para as línguas nativas da América Latina, valorizando as raízes do continente e “integrando cada vez mais corações, convicções e saberes”. Ideais que também estão nas expectativas de Bruno Azevedo. “A UNILA do futuro, para mim, é referência na produção de conhecimento desde o Sul Global para o Sul Global.”