O Brasil possui grande potencial para liderar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF), segundo especialistas que participaram da 15ª Clean Energy Ministerial e da 9ª Mission Innovation, realizadas em paralelo à Reunião Ministerial de Energia do G20, em Foz do Iguaçu (PR). O evento destacou os avanços do país no desenvolvimento de biocombustíveis e discutiu a transição para uma aviação mais limpa.
Enio Verri, diretor-geral da Itaipu, que conduziu o painel “Aviação: Uma nova fronteira para combustíveis de baixo carbono no Brasil e na América do Sul”, apontou que a produção em larga escala do SAF deve avançar rapidamente. “Em breve teremos esse combustível sustentável produzido em escala”, afirmou Verri.
Erasmo Battistella, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), ressaltou o histórico brasileiro em biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, como credenciais para essa liderança. “O Brasil pode se tornar a ‘Arábia Saudita do SAF’”, disse.
O programa Combustível do Futuro, que deverá ser sancionado em breve pelo Governo Federal, marcará uma nova etapa na descarbonização da aviação. A partir de 2027, operadores aéreos serão obrigados a reduzir gradativamente as emissões de gases de efeito estufa nos voos domésticos com o uso do SAF, começando com uma meta de 1% e atingindo 10% até 2037.
A Itaipu Binacional, por meio do Itaipu Parquetec, tem se destacado no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Em junho, a empresa inaugurou a primeira planta de produção de SAF no Brasil, fruto de uma parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e outras instituições. O projeto conta com 1,8 milhão de euros de financiamento do governo alemão e é capaz de produzir 6 kg por dia de bio-syncrude, um composto derivado de biogás e hidrogênio verde.
Tarcísio Soares, gerente de Estratégia da Airbus, destacou que a indústria aeronáutica já consegue operar aviões utilizando até 50% de SAF, com a expectativa de atingir 100% até 2035. Ele enfatizou os esforços da indústria em reduzir o consumo de combustível em comparação com os anos 1970. O evento também contou com a participação de representantes do Fórum Econômico Mundial, da Organização Internacional de Aviação Civil (Icao) e de outras entidades ligadas à sustentabilidade.
Fotos: Marcos Labanca/Divulgação Itaipu Binacional.