O disco segue o que podíamos esperar da banda: algo diferente e inovador do que eles já tinham feito. O rock pesado e agressivo deu lugar a músicas mais cadenciadas e melodias que valorizam mais a compreensão das letras. Confesso que o disco não é muito fácil de digerir. É necessário um pouco de insistência para entrar no clima do que a banda quis fazer. Então, depois de um tempo, paramos de prestar atenção nos ritmos e na velocidade da música para atentarmos para as letras. Cada letra tenta contar algo com começo, meio e fim. Basicamente elas falam (muito bem, por sinal) sobre auto-conhecimento. Uma delas chama a atenção – "Desconstruindo a Amélia" – que retrata a transação das mulheres submissas para as mulheres independentes e batalhadoras. Interessante.
Me chamou a atenção também a curiosa "8 ou 80", que no refrão diz assim:
"Me dou bem com os inocentes, mas com os culpados me divirto mais"
Essa frase me desconcentrou um pouco, porque fico imaginando ela se divertindo…
Mas seguindo a análise geral do disco (bons fluídos entrem, maus fluídos saiam), posso dizer que quem quiser tentar terá um pouco de trabalho, mas pela Pitty sempre compensa. Certamente a banda perdeu alguns fãs, porque o nível das letras subiu considerávelmente (a letra de "Fracasso" não me deixa mentir) e, pra isso, fizeram um disco com menos barulhos, gritos, distorções etc. Logo, o público mais jovem vai se afastar um pouco, mas pra compensar eles ganharão um pouco de ouvintes mais atentos e até mais fiéis.
Pra resumir bem, posso dizer que nem parece um disco deles e por isso ficou uma certa expectativa para o próximo. Tomara que não demorem muito.
Em tempo:
– Na próxima semana (ou até nessa), iniciarei postagens frequentemente no twitter (http://twitter.com/coisasdosom). Me aguardem!
– Meu filho tem me "dado aulas de mestrado" em música infantil. Estou craque já!
– Análise imparcial é para os fracos!
Até breve, ouvidos!