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Audiência aponta riscos na preparação da Copa de 2014

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Parlamentares e especialistas disseram na terça-feira (30), em audiência na Câmara, que é preciso dar mais atenção a dois pontos dos preparativos do Brasil para sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. O primeiro é a demora no início da preparação do País: os debatedores disseram acreditar que dificilmente será possível fazer tudo o que foi prometido. Além disso, segundo os participantes da audiência, é preciso fiscalizar os gastos para evitar estouros no orçamento e o uso indevido de dinheiro público – como teria ocorrido em obras feitas para os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro.

O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), destacou que os parlamentares pretendem acompanhar com todo o cuidado a preparação para a Copa. O objetivo é evitar que se repitam alguns dos equívocos verificados há dois anos no Rio: "Aquilo foi vergonhoso. Gastou-se dinheiro do contribuinte para não deixar legado nenhum; e ainda por cima o estádio que representaria um pequeno legado, o Engenhão (Estádio João Havelange), foi mal planejado, fica mal localizado e agora tem pouco uso." Segundo ele, a fiscalização é necessária antes e durante a realização dos gastos, já que depois só se pode buscar eventuais responsáveis.

Pontos críticos – O diretor-executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Bruno Batista, considerou o desafio para realizar a Copa muito superior ao enfrentado na época do Pan, quando as ações se concentraram apenas no Rio.

Ele chamou de "gargalos para o desenvolvimento" os pontos críticos do sistema de transportes. Batista calcula que serão necessários 512 projetos, no valor total de cerca de R$ 250 bilhões, para deixar o País pronto para a competição.

O diretor ressaltou que é preciso permitir o deslocamento entre as cidades que receberão jogos e também entre elas e os pontos turísticos próximos. A CNT avalia que é necessário construir dois aeroportos e ampliar 25, além de melhorar as pistas de vários outros.

Dentro das cidades escolhidas, Batista frisou que é vital permitir o deslocamento dos turistas por meio de corredores exclusivos para meios de transportes coletivos, como os de Curitiba.

Batista criticou a falta de investimentos em transportes públicos, que leva a população a optar pelo transporte individual ou pelo pirata. Ele acrescentou que 70% da população usam os transportes coletivos, que provocam 14% do tráfego urbano, e 20% usam veículos de passeio, responsáveis por 70% do volume de trânsito.

Custos bilionários – Segundo o diretor da CNT, serão necessários cerca de R$ 50 bilhões para resolver os problemas de trânsito nas cidades selecionadas para a Copa. As que precisam de mais investimentos são o Rio de Janeiro, com um orçamento estimado em R$ 12,76 bilhões; e São Paulo (R$ 22,75 bilhões).

Os deputados Lupércio Ramos (PMDB-AM) e José Carlos Machado (DEM-SE) consideraram preocupante o orçamento apresentado por Bruno Batista, pois os números são várias vezes superiores aos gastos com a rede de transportes preparada pela Alemanha para a Copa de 2006.

Batista respondeu que os valores não são exagerados, pois o Brasil investe muito pouco na área e a situação só tende a piorar com medidas como a redução do IPI para a venda de automóveis: "Isso pode ser bom para as indústrias, mas piora ainda mais a situação do tráfego nas cidades, pois mais uma vez o governo faz uma clara opção pelo transporte individual, estimulando esse tipo de alternativa. A situação nas metrópoles vai ficando cada vez pior", alertou.

A audiência pública foi organizada pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle; de Desenvolvimento Urbano; e de Turismo e Desporto.

 

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