O Parque Tecnológico Itaipu vai implantar, no mês de março, o primeiro laboratório para pesquisas com biogás do Brasil. Com o laboratório, será possível estudar a potencialidade das diferentes matérias orgânicas (como plantas ou dejetos de animais) usadas na fabricação do gás metano, mais conhecido como biogás. As pesquisas serão importantes, principalmente, para orientar os produtores rurais da região interessados em instalar biodigestores em suas propriedades.
O laboratório faz parte de um termo de cooperação firmado entre o PTI, o Observatório Brasil de Energias Renováveis, a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi) e a Universidade de Recursos Naturais e Ciências Aplicada à Vida, a Universidade de Boku, de Viena (Áustria). Pelo acordo, os austríacos vão orientar sobre os equipamentos necessários para montar o laboratório e fornecer capacitação sobre como fazer as pesquisas. O laboratório terá um contato próximo com o Programa Europeu de Biogás.
“Nosso objetivo não é construir um megalaboratório aqui no PTI”, explicou o coordenador de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Jr. “Queremos implantar uma rede de laboratórios, com ramificações em vários estados onde há demanda para estas pesquisas”. Segundo Cícero, na Áustria justifica-se ter um único laboratório, dado o tamanho do país. No Brasil, não. Ele informou que já há contatos com empresas como Embrapa, de Concórdia (SC), além de universidades como USP, UFRG, entre outras, que podem integrar a rede de pesquisa na área.
O primeiro laboratório de biogás do Brasil terá o modelo totalmente importado da Áustria. Cerca de 30 mil euros da Onudi foram destinados para compra dos equipamentos. Os outros laboratórios usarão tecnologia brasileira para fabricar os equipamentos. “Vamos usar a indústria nossa para mobilizar a riqueza”, afirmou Cícero Bley. E concluiu: “É a criação de uma nova economia rural, em que os produtores vão gerar alimento e energia”.
O biogás – O gás metano (CH4) é gerado, entre outras fontes, da decomposição da matéria orgânica. Na natureza ele é emanado de vulcões, pântanos, no fundo dos rios, na digestão de animais herbívoros. Mas a sua criação pode ser feita em um biodigestor que força a decomposição da matéria orgânica. Buscar a melhor maneira de se fazer isso, e qual matéria-prima usar, é o objetivo do laboratório de biogás.
Para fazer estes estudos, é usado um microbiodigestor do tamanho de um copo, aproximadamente, que reproduz as condições do biodigestor. O laboratório do PTI começará com cinco microbiodigestores. A universidade de Boku tem 50. Nele são colocadas as matérias-primas – como dejetos de suínos, de aves, ou ainda, bagaço de cana, que são decompostas pela ação de micro-organismos. Bactérias e fungos se alimentam desta matéria-prima e geram o gás.
No biodigestor, o gás é canalizado e levado a um gerador onde, por explosão, faz girar a turbina e gerar energia elétrica. O biogás também pode ser usado como combustível de tratores e outros veículos da propriedade rural. Outro subproduto da decomposição da matéria-orgânica é um composto muito fértil que pode ser usado como adubo orgânico. Finalmente, como o metano não chega à atmosfera, pode gerar créditos de carbono (certificados emitidos para quem evita a emissão de gases estufa). Estes certificados podem ser vendidos no mercado de crédito de carbono.