Tema polêmico e recorrente no esporte bretão, a paradinha nas cobranças de pênaltis voltou com força aos debates futebolísticos devido a recentes acontecimentos no Campeonato Paulista. Em 4 de abril, o goleiro-artilheiro Rogério Ceni experimentou a artimanha e perdeu o pênalti na partida contra o Botafogo-SP. Isso aconteceu após o próprio Rogério ter criticado o uso do artifício por Neymar, atacante do Santos, na derrota por 2 a 1 que o São Paulo sofreu no dia 7 de fevereiro. "Falei para ele aproveitar, pois só no Brasil pode fazer essas coisas", havia declarado na ocasião o jogador são-paulino. O episódio alimentou diversas sátiras na web, onde a coerência do goleiro-artilheiro foi colocada em xeque.
Esse é um debate que não é exclusivo do Brasil. A FIFA já havia marcado reunião para definir a legalidade da “paradinha” em março. Nada ficou acertado na época. A International Board, órgão que estuda as regras do futebol, voltará a se reunir com a diretoria da FIFA em maio, dias 17 e 18, para decidir o destino da artimanha.
Enquanto isso, na América Latina, é nós que sofreremos uma cruel “paradinha” no campeonato continental. As semifinais e as finais da Taça Libertadores da América serão realizadas somente entre julho e agosto, depois da Copa do Mundo da África do Sul, com início em 11 de junho. Durante este tempo o campeonato sofrerá uma pausa e os jogadores inevitavelmente enfrentarão uma quebra no ritmo físico, psicológico e motivacional.
Aliás, não é só a quebra de ritmo que é prejudicial ao espetáculo. Enquanto ficamos aqui chupando os dedos, os colegas europeus já terão seus campeões na temporada. Por que não ajustar o calendário brasileiro ao calendário europeu? Será justo só nós sofrermos essa “paradinha”?
Além dos prejuízos já listados, vale destacar que a não adequação ao calendário colabora na queda de rendimento dos clubes, que infelizmente, no Brasil, nunca começam e terminam as principais competições com o mesmo time. Isso acontece devido à abertura da principal janela de contratações da Europa ser justamente na metade do ano.
Uma das equipes mais prejudicadas (a mais prejudicada?) com a pausa em 2009 foi o Corinthians. O clube perdeu Christian, André Santos e Douglas, peças fundamentais na campanha vitoriosa da Copa do Brasil e do título Paulista. Neste ano, quem periga em ser o maior prejudicado é o Flamengo, que está ameaçado em ter o ‘Império do Amor’ desfeito antes mesmo do final da Libertadores (em caso de classificação). Adriano já tem propostas na Itália e Vagner Love tem contrato só até 10 de julho, data que o CSKA-Moscou quer a volta do atacante.
Os benefícios do ajuste do calendário seriam muitos! Há de se considerar também que a mudança contribuiria com um maior destaque das equipes sul-americanas poderiam ter mundo afora. Isso poderia acontecer através do enfrentamento de clubes europeus em competições de pré-temporada. Contra, há o argumento de que a temporada no molde atual já está “enraizada” no costume dos latino-americanos. Sim, de fato. Mas, paradigmas existem para serem quebrados! O Campeonato Brasileiro eliminou o tradicional playoff adotando os pontos corridos e deu certo. A crescente audiência das emissoras de TV e ampliação na arrecadação de bilheteria dos clubes não me deixa mentir. Então, por que não ajustar o calendário também?
Caso não haja um acordo continental, a Confederação Brasileira tem a obrigação de prezar, ao menos, pelo desenvolvimento local e aprovar um plano (em médio prazo) para alterar o calendário do Campeonato Brasileiro. Chega de paradinha!
Vejo a alteração do calendário como uma mudança inevitável. O quanto antes, melhor para o futebol. Logo, deslocando de contexto uma frase aqui já citada, aproveite o campeonato anual enquanto pode, pois “só no Brasil pode fazer essas coisas".
E você? O que pensa a respeito do assunto? Deixe a sua opinião nos comentários! Mais que uma coluna o Tá na Rede pode se tornar um espaço prazeroso e construtivo de debate, sem clubismo, sem bairrismo e sem piriguetagem. Mãos no teclado já e até a próxima!