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A Feira da Bagunça

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Barracas

Ao contrário de outras feiras, em outras cidades, onde as barracas são personalizadas ou, no mínimo, seguem um padrão, em Foz, ou é um trailer ou o padrão “tenda do Big”. Inclusive os feirantes experientes recomendam aos novatos: “compre no Big esse modelo porque todo mundo usa”. Outro detalhe é que as barracas que vendem alimentos ainda improvisam espaços, verdadeiras praças de alimentação, nos fundos, dando à feira um ar ainda mais bagunçado e envergonhando a todos que passam por ali.

 

FozTrans

Sábado, meio-dia, os cavaletes já estão encostados numa árvore em frente ao Xis-Cão. Quem chegar primeiro no domingo (cerca de 06h) fecha a avenida. O povo do FozTrans, se aparece ali, evita ficar, porque dá trabalho arrumar tudo, organizar o tráfego e ainda ficar de olho daqueles cuidadores de carros (os famosos flanelinhas), que, aliás, cumprem a função de guardas de trânsito: param os carros para outros estacionarem, orientam os pedestres sobre o local da parada de ônibus e dão informações aos turistas. Sem falar que, aparecendo na feira, além de ter que trabalhar, o FozTrans seria obrigado a tomar alguma providência quanto aos ônibus do transporte público que trafegam em alta velocidade entre pedestres e crianças na terceira pista.

 

 

 

Policiamento

Vez em quando tem uma viatura lá. No dia em que a RPC fez um evento contra a violência, aí acho que o batalhão da PM se mudou para a feira. Tinha até ROTAM. Uma loucura. Foi só o evento acabar que a polícia voltou pra casa. Quanto à Guarda-Municipal, ela até passa por ali, mas fazendo ronda. E só. A segurança dali é feita pelos feirantes e pelos flanelinhas. Quando, inclusive, presenciei uma batida entre um ônibus e um carro, tive de implorar para alguma autoridade policial aparecer por ali, mesmo na iminência de briga corporal entre os envolvidos.

Fiscalização

Hoje (segunda), fiz uma pesquisa por telefone antes de escrever esta coluna e fui informado de que a Secretaria da Fazenda e a Receita Federal frequentam a feira constantemente. Eu nunca vi. O que vejo por lá é a venda indiscriminada de CDs, DVDs, jogos piratas, brinquedos importados, etc. O que era pra ser uma feira de artesanato e alimentos é, na verdade, uma feira livre a tudo e a todos! O campeão de vendas, segundo os próprios feirantes, é o pastel e, em segundo, pasmem, é aquele cavalinho que anda em círculos.

 

Ponto de Ônibus

Não existe. “É ali” – orienta o flanelinha ao turista, apontando para um ponto qualquer da rua onde, há meia hora, uma senhora espera algo, talvez um ônibus (veja a foto do suposto ponto).

 

Banheiro

Não existe. “Faz ali” – orienta o flanelinha, apontando para um buraco no muro, onde se pode aliviar as necessidade no terreno desocupado ao lado da terceira pista.

 

Verão

Com a chegada do verão, o calor, na feira, fica insuportável depois das 10h da manhã. Para piorar, a feira começa com cerca de 8 metros de largura e termina com mais ou menos 20 metros. Isso porque os responsáveis não tomam sequer a providência de arrumar o alinhamento para uniformizar a largura da feira e, assim, garantir maior nível de sombra. Enquanto isso, podemos presenciar pessoas passando mal com o calor e deixando, assim, de frequentar a feira.

 

E então?

Bom, como falam que eu só reclamo, vou dar uma sugestão (que, aliás, já cansei de falar por aí e, até agora, não fui ouvido ou, se fui, só fui. Nada fizeram ou pouco discutiram):

“Mudem a feira de lugar e a coloquem em frente à Fundação Cultural.”

Isso garantiria o alinhamento e uniformidade das barracas.

Isso garantiria a existência de banheiros.

Isso garantiria sombra (há grandes árvores).

Isso garantiria um espaço para as bancas de alimentos (estacionamento da Fundação).

Isso garantiria maior segurança na relação carro/pedestre/ônibus.

Isso facilitaria o estacionamento e daria certo movimento àquela região.

Isso permitiria, por exemplo, atividades culturais e a abertura da Biblioteca Municipal aos domingos (um velho sonho).

Isso faria com que as pessoas, mesmo diante dos problemas e das humilhações, continuassem a visitar a feira e a colocar mais esse atrativo em sua rotina familiar.

Isso faria com que os turistas pudessem ter mais uma atividade na cidade, assim como a oportunidade de conviverem conosco, iguaçuenses, fora de seus hotéis, resorts e pontos turísticos.

Isso faria, caro leitor, com que pudéssemos amar ainda mais nossa cidade e seu cotidiano.

Está aí minha opinião. E, domingo, todos à Feira!

 

 

 


 

 
* Luiz Henrique Dias é escritor, estudante de Administração Pública e diretor da Cia Experiencial O Teatro do Excluído. Siga ele no twitter: @LuizHDias ou acesse www.luizhenriquedias.com.br

 

 

 

 

 A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 
 

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