Caro leitor, é um fato, consumado eu diria, que todo o tipo de manifestação popular, positiva ou negativa, é o resultado de um estímulo feito, geralmente, pelos agentes públicos.
Veja: uma população quando estimulada com a construção de um novo parque ou área verde, com possibilidade atrativas e com sensação de segurança, frequenta o local prontamente. Isso fornece reflexos e benefícios tanto na saúde quanto na qualidade de vida dos munícipes.
O mesmo pode ser dito sobre a construção de novas escolas, novos espaços culturais e até postos de saúde. Basta um estímulo.
Essa concepção de intervenção é conhecida como acupuntura urbana.
E ela é eficaz em todos os lugares.
Lembro-me da Virada Cultural em Foz: montamos um grande palco naquele gramado da terceira pista da JK e, gradativamente, o público, curioso foi chegando. No terceiro dia, o evento já era um sucesso e o que ouvíamos – de todos – era “isso precisa acontecer novamente”.
O evento deu vida àquela praça. Veja na foto abaixo, tirada no show do Zeca Baleiro, na última noite da Virada em Foz do Iguaçu. Nem parece aquele local abandonado, por nós e pela prefeitura.
Nesta outra foto, tirada no último domingo, no Parque da Juventude, em São Paulo, o mesmo Zeca Baleiro anima as pessoas em um local que há vinte anos protagonizou um dos maiores crimes de nossa história: o massacre do Carandiru. Hoje, o local serve à cidade e onde antes tínhamos o santuário da violência temos quadras, parquinhos, pistas de skate, gramados e shows. A acupuntura urbana mostra seus resultados.
Outro exemplo é pista de caminhada da Avenida Paraná: observe no final da tarde a quantidade de pessoas que frequentam o local, se exercitando ou mesmo apenas caminhando para olhar a paisagem.
Sem dizer que isso embeleza e muito a cidade.
E não é preciso muito dinheiro para fazer bem ao cidadão e à cidade.
O que precisamos então é um Poder Público sensível às técnicas de acupuntura urbana. Um Poder Público capaz de perceber a importância – para o esporte, a saúde, a educação, a cultura, etc – de intervenções criativas, culturais e estruturantes.
* Luiz Henrique Dias é encenador da Cia Experiencial O Teatro do Excluído de São Paulo, Membro do Núcleo de Dramaturgia SESI Paraná e trabalha com projetos em políticas públicas para a arte e a cultura. Ele escreve todas as segundas aqui no Clickfoz. Siga ele no Twitter: @LuizHDias