A Ponte da Amizade, símbolo da conexão entre Brasil e Paraguai, celebra, nesta quinta-feira (27), 60 anos de sua inauguração oficial. No entanto, a trajetória dessa obra remonta a quase sete décadas.
A construção e a inauguração oficial
Em 27 de março de 1965, três anos após sua conclusão, a ponte que ligava Foz do Iguaçu (Brasil) a Puerto Presidente Stroessner (atual Ciudad del Este, Paraguai) foi oficialmente inaugurada. O evento contou com a presença dos presidentes Humberto Castelo Branco (Brasil) e Alfredo Stroessner Matiauda (Paraguai), que batizaram a estrutura como Ponte Internacional da Amizade.

Porém, um detalhe histórico ainda gera confusão na região trinacional. Muitos acreditam que o presidente brasileiro responsável pela inauguração foi Juscelino Kubitschek. Até mesmo a redação do Clickfoz caiu nessa dúvida! E, de certa forma, não é um erro completo.

Imagem: Acervo Wagner Dias/Memória Rondonense.
Embora essa informação não esteja completamente equivocada, o que de fato ocorreu foi que JK, ao lado de Stroessner, apenas deu iniciou as obras da ponte, em 1956.
O papel de JK na construção da ponte
Durante seu governo, Kubitschek visitou várias vezes a região para acompanhar o andamento da construção. Em janeiro de 1961, poucos dias antes de deixar o cargo, ele esteve novamente em Foz do Iguaçu. A ponte já permitia a passagem de um lado a outro, e o encontro entre os presidentes ocorreu no meio da estrutura. Esse aperto de mãos acabou sendo considerado uma inauguração simbólica, especialmente no Paraguai, que chegou a emitir selos comemorativos.

Em 26 de março de 1962, o Paraguai declarou a obra concluída. Uma placa comemorativa, atualmente exposta no ‘Museo El Mensú’, em Ciudad del Este, marca essa data. O museu, aliás, é uma das paradas do passeio City Tour Paraguay, oferecido pela Loumar Turismo e operado pela agência paraguaia Lleva Paraguay. Foi nesta data também que a ponte recebeu o registro do recorde de maior vão em concreto armado e arco engastado do mundo, com 290 metros.

Atualmente, a Ponte da Integração Brasil-Paraguai, segunda ligação entre Brasil e Paraguai na região trinacional, detém o título de maior vão livre do Brasil e da América Latina, com vão livre de 470 metros.
Nota da Redação: Sim, a gente sabe que não se trata do mesmo tipo de construção, que a tecnologia utilizada foi outra, o que obviamente impediria comparação, mas a redação não podia deixar de registrar mais um grandioso título que está presente aqui na nossa terrinha que amamos, então, registro feito e segue o texto…
O atraso na inauguração brasileira
Apesar da conclusão da obra, a inauguração no lado brasileiro foi adiada. O Brasil passava por uma crise política que culminou no Golpe Militar de 1964, adiando vários projetos estruturais. Apenas em 27 de março de 1965, a ponte foi oficialmente inaugurada e passou a operar plenamente.

Imagem: Acervo Memória Rondonense.
Uma ponte para o futuro
Na época da construção e posteriormente na inauguração, muitos questionavam a relevância da obra, pois as infraestruturas viárias ainda estavam em desenvolvimento. No Paraguai, a Ruta PY07 (atual PY02) já existia, mas não conectava Ciudad del Este à capital, Assunção. No Brasil, a BR-277 só foi concluída em 1969, durante o governo do presidente Artur da Costa e Silva. A inauguração da rodovia, que curiosamente também aconteceu em março, contou novamente com a presença de Stroessner.

Imagem: Acervo Wagner Dias/Memória Rondonense.
Provavelmente por conta desta inauguração, a principal avenida, que liga a BR-277 ao centro de Foz do Iguaçu recebeu o nome de Costa e Silva.
E sobre ligar nada a lugar nenhum…
Na época, a Ponte da Amizade parecia uma conexão incerta. Hoje, a história se repete com a Ponte da Integração, a segunda ligação entre os dois países na região trinacional. Será que daqui a algumas décadas olharemos para trás e veremos que essa ponte também se tornou um eixo essencial para a economia e a mobilidade entre Brasil e Paraguai? O tempo, sempre senhor da razão, dará essa resposta.
Entre outubro de 2014 e julho de 2016, a Ponte Internacional da Amizade passou por obras de revitalização que deram uma cara nova ao monumento. Dentre os trabalhos realizados, destacam-se o recapeamento de todo o asfalto, a substituição das juntas de dilatação da ponte, a fixação das grades laterais, reforço nas estruturas e cobertura de toda a passarela por onde passam os pedestres. Além disso, toda a ponte recebeu pintura e iluminação novas, entre outras melhorias.
Na entrega das obras de revitalização, o então ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, nos brindou com uma informação que, ou afirmava que a fronteira já estava vivendo o futuro, com veículos que Elon Musk nem sonhava em criar, ou que tínhamos um grave déficit de motoristas para assumir a direção de alguns veículos que cruzavam a fronteira:

Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.
“Hoje, entregamos as obras de recuperação da Ponte, entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, importante trecho da BR-277 no Paraná por onde transitam diariamente 15 mil pessoas e 40 mil veículos movimentando a economia e gerando recursos para os dois países”
Brincadeiras à parte sobre a citação do ministro que evidenciava a existência de 25 mil veículos autômatos na fronteira – a redação tá engraçadinha hoje – é inegável que a Ponte da Amizade se tornou um marco econômico e histórico, sendo fundamental para o comércio e a integração entre os dois países.