A duplicação da Rodovia das Cataratas (BR-469), que começou em setembro de 2022 com um prazo de execução de 18 meses, atinge agora, em janeiro de 2025, 42,49% de execução. A medição mais recente foi divulgada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), evidenciando um atraso significativo na entrega.
Um sonho de 40 anos
A duplicação da rodovia, que conecta o centro de Foz do Iguaçu ao Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu ao setor hoteleiro e ao Parque Nacional do Iguaçu, é uma demanda antiga da população local e dos turistas.
As primeiras promessas de duplicação remontam a 1985, durante o governo de José Richa (1934–2003). Naquele ano, a rodovia tinha pouco mais de 23 quilômetros de extensão, ligando o centro da cidade às Cataratas. Com a construção da Ponte da Fraternidade, que conecta o Brasil à Argentina, o então prefeito Perci Lima convenceu o ministro dos Transportes, Affonso Camargo, a iniciar a duplicação do trecho entre o centro e o trevo de acesso à ponte.
Em 1985, foi entregue um trecho de 4,3 quilômetros, hoje conhecido como Avenida das Cataratas. Contudo, o segmento de 8,7 quilômetros entre o trevo de acesso à Argentina e o portal do Parque Nacional do Iguaçu só começou a ganhar viabilidade em 2020, com a assinatura de um convênio entre Itaipu Binacional, o Governo Federal e o Governo do Paraná.
Em 27 de agosto de 2020, durante uma solenidade na rodovia, o então presidente Jair Bolsonaro lançou a pedra fundamental da duplicação. As obras estavam previstas para começar em abril de 2021, com conclusão em 36 meses. No entanto, os trabalhos só tiveram início em setembro de 2022.
O andamento das obras
Segundo informe do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), emitido no início desta semana, atualmente, o viaduto no acesso ao Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que recentemente recebeu R$ 396 milhões em melhorias, está em fase de escavação, com tráfego desviado para acessos provisórios. Nos outros três viadutos e na nova ponte sobre o Rio Tamanduá, as atividades avançam na superestrutura, com vigas longarinas instaladas e concretagem em andamento.
A terraplanagem segue no alargamento da pista central, na cabeceira da ponte e no espaço destinado à futura ciclovia. O aterro utiliza material pétreo em substituição à argila, permitindo maior celeridade, mesmo em períodos chuvosos.
A pavimentação inclui fresagem do pavimento existente, regularização do subleito, base em brita e imprimação com emulsão asfáltica. Estão sendo construídos muros de contenção, passa-faunas e sistemas de drenagem.
A duplicação prevê duas novas faixas por sentido, com barreiras de concreto, acostamentos internos e externos, vias marginais, passeios e ciclovias bidirecionais.
Avanço lento e transtornos
Apesar dos avanços, a percepção geral é de lentidão. Muitos moradores relatam que a obra carece de mão de obra suficiente. Quem trafega diariamente pela rodovia nota máquinas paradas e poucos trabalhadores em atividade.
Entre 2023 e 2024, o Parque Nacional do Iguaçu recebeu 2.952.988 visitantes, que precisaram passar pelo canteiro de obras. Nesse período, três Maratonas Internacionais de Foz do Iguaçu ocorreram, com os atletas enfrentando calor, poeira e obras nos 8,7 quilômetros da rodovia.
A questão que fica é: não seria mais eficiente dividir a duplicação em trechos entregues gradativamente, em vez de transformar toda a extensão em um único canteiro de obras?
Quando essa obra será finalizada?
Em janeiro de 2024, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) informou que o avanço das obras de duplicação da Rodovia das Cataratas era de 24,76%. Doze meses depois, em janeiro de 2025, o progresso atingiu 42,49%, resultando em uma taxa de avanço anual de apenas 17,73%.
Se essa taxa permanecer constante — um cenário que seria o pior pesadelo dos iguaçuenses —, o tempo necessário para concluir os 100% da obra pode ultrapassar três anos, considerando o ponto de partida em janeiro de 2025.
Para uma população que já aguarda essa duplicação há mais de 40 anos, surge a pergunta inevitável: será possível esperar mais três anos para, finalmente, ver a conclusão desta obra tão aguardada?
Com Informações: Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR).