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Meta tem 72 horas para esclarecer mudanças em suas políticas de moderação de conteúdo ao governo brasileiro

Após anúncio de Mark Zuckerberg, governo exige explicações sobre nova política de checagem de informações e seus impactos no Brasil.

A empresa Meta, responsável por plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp, tem um prazo de 72 horas para esclarecer ao governo brasileiro as mudanças em suas políticas de moderação de conteúdo. A notificação foi apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU) nesta sexta-feira (10), e busca obter respostas sobre os impactos dessa mudança, conforme anunciado pelo CEO Mark Zuckerberg.

O governo brasileiro, representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, demonstrou grande preocupação com a decisão da Meta de reduzir o controle sobre o conteúdo nas suas plataformas. O ministro afirmou que a medida afeta diretamente a sociedade brasileira, especialmente no que diz respeito à segurança pública e à proteção de grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes.

Rui Costa destacou ainda que a mudança pode ter implicações graves, incluindo a disseminação de discursos de ódio e informações falsas. Ele citou, como exemplo, a criação de um vídeo com informações falsas atribuídas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e como isso poderia prejudicar a economia do país. “A dificuldade em distinguir o que é verdade e o que é mentira acaba impactando a nação”, enfatizou Costa.

Formação de grupo de trabalho para reestruturação das políticas

Diante dessas preocupações, o governo brasileiro planeja criar um grupo de trabalho composto por representantes de ministérios e do setor de comunicações. O objetivo é revisar e aprimorar a legislação local, garantindo a proteção da liberdade de expressão sem abrir mão de responsabilidades legais, especialmente no que se refere à disseminação de conteúdos prejudiciais.

O ministro Rui Costa afirmou que é fundamental manter a liberdade de expressão, mas também garantir que a responsabilidade sobre crimes cometidos não seja negligenciada. Ele ressaltou que, enquanto emissoras de TV no Brasil estão sujeitas a regulamentos, as redes sociais de grande alcance, como as da Meta, devem ser tratadas de forma equivalente.

A falta de transparência da Meta

Jorge Messias, advogado-geral da União, também expressou preocupação com a falta de transparência da Meta. Segundo Messias, a empresa não se manifestou claramente sobre as mudanças, deixando a sociedade brasileira vulnerável. A AGU protocolou hoje, uma notificação judicial para que a Meta explique como pretende proteger grupos como crianças, mulheres e pequenos comerciantes, que utilizam as plataformas da empresa como modelo de negócios.

“Nosso objetivo é garantir que a Meta seja transparente sobre sua nova política e como ela afeta os usuários brasileiros”, afirmou Messias.

Mudanças anunciadas por Zuckerberg

Na última terça-feira (7), Mark Zuckerberg anunciou que o sistema de verificação de fatos nas plataformas da Meta, como Facebook, Instagram e Threads, será descontinuado nos Estados Unidos. O novo modelo, que será implementado globalmente, incluirá o recurso “notas da comunidade”, uma abordagem similar ao sistema usado no X (antigo Twitter).

Zuckerberg explicou que a mudança visa evitar cenários problemáticos e reduzir o número de publicações e perfis removidos indevidamente devido à checagem de fatos. O CEO afirmou que a Meta trabalhará em conjunto com a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, para melhorar as políticas de moderação. “Estamos substituindo verificadores de fatos por notas da comunidade para promover mais liberdade de expressão”, disse Zuckerberg.

O impacto da mudança no Brasil

Embora as mudanças estejam, por enquanto, limitadas aos Estados Unidos, o Brasil já iniciou discussões sobre a implementação das alterações. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou explicações à Meta sobre o encerramento do sistema de checagem de fatos no país, e ainda não há uma definição clara sobre o que será feito localmente.

Até então, o sistema de verificação de fatos da Meta era responsável por garantir a disseminação de informações confiáveis em mais de 26 idiomas, combatendo as fake news, principalmente nas questões políticas. Agora, a empresa deixará de verificar conteúdos de menor gravidade e focará apenas nas publicações que possam representar violações legais, como terrorismo e exploração sexual infantil.

Além disso, o novo modelo permitirá que os próprios usuários sinalizem conteúdos potencialmente prejudiciais por meio das “notas da comunidade”. Isso significa que, em vez de profissionais especializados em verificação de informações, será a comunidade quem identificará possíveis impropriedades nos conteúdos.

WhatsApp também será afetado?

Embora o comunicado oficial da Meta não mencione o WhatsApp, já existem indícios de que a plataforma também passará por alterações. Em março de 2024, surgiram informações de que os recursos destinados à checagem de fatos no Brasil já haviam sido reduzidos em 30%, afetando especificamente o WhatsApp.

Com Informações: Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil