A inauguração do sistema de 500 kV, entre a usina de Itaipu e a subestação de Villa Hayes, em Assunção, nesta terça-feira (29), marca uma nova relação bilateral entre Brasil e Paraguai. Durante a solenidade, na margem direita da binacional, em Hernandárias, na fronteira com Foz do Iguaçu, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a obra representa o fortalecimento do Mercosul e abre caminhos para novas parcerias entre os dois países.
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“Essa obra [sistema de 500 kV] é a prova de que o Mercosul é forte", disse Dilma. |
“Essas parcerias não se restringem apenas ao comércio, mas a uma relação solidária com o nosso querido vizinho, que inclui o desenvolvimento e a promoção social”, disse Dilma. “Essa obra [sistema de 500 kV] é a prova de que o Mercosul é forte e de que, na nova América do Sul que estamos construindo, nossas economias serão mais interdependentes e colaborativas, em uma relação de ganha-ganha e com uma integração baseada no interesse recíproco.”
O presidente Horácio Cartes agradeceu pelo apoio e reforçou o compromisso de irmandade entre os dois países, ressaltando os vários interesses entre Brasil e Paraguai, não só na área de eletricidade – ambos são sócios da maior usina em operação de energia limpa e renovável do planeta – mas também nos mais diferentes segmentos, sobretudo o social.
Cartes lembrou que, no país vizinho, vivem mais de 300 mil brasileiros, os chamados brasiguaios, que ajudaram na transformação econômica do Paraguai. A obra de 500 kV, segundo o presidente, representa um marco histórico para a transformação do Paraguai rumo ao desenvolvimento industrial. “A linha de 500 kV é um feito tão impactante para nós, quanto foi a construção de Itaipu, símbolo da integração do Brasil e do Paraguai.”
Crescimento potencializado
Segundo Dilma, com o novo empreendimento, as empresas latino-americanas terão mais interesse em investir no Paraguai, com reflexo no comércio entre os dois países. A presidente lembrou ainda que as empresas brasileiras e paraguaias instaladas a partir do linhão gerarão empregos, pagarão impostos e potencializarão a taxa de crescimento paraguaio, “o que é bom para todo o Mercosul”.
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Dilma e Cartes: integração construída com Itaipu, reforçada com empreendimento inaugurado nesta terça-feira (29). |
O potencial econômico do Paraguai é enorme. O país deverá liderar o crescimento da região em 2013, com uma expressiva taxa de 11%, segundo estimativa do FMI. O forte crescimento será puxado pelo setor agrícola.
Com a entrada em operação do sistema de transmissão de 500 kV, o país deverá atrair o interesse do empresariado local e estrangeiro. Nos últimos anos, os empresários brasileiros vêm demonstrando crescente interesse em investir no Paraguai. Isso porque, em alguns setores da economia, os custos de produção no Paraguai chegam a ser até 40% menores que no Brasil. É o caso da indústria têxtil, por exemplo.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, a inauguração do linhão é um marco histórico na integração do Brasil e do Paraguai. Ele lembrou que a obra foi executada pela Itaipu. O investimento total até agora é da ordem de 330 milhões de dólares, sem contar com a contrapartida do governo paraguaio, beneficiado pela obra, que deve chegar a 150 milhões de dólares.
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Jorge Samek: este é um ato histórico. |
Com a linha, o Paraguai deve dobrar o aproveitamento da energia de Itaipu. Hoje o país vizinho usa menos de 10% da energia a que tem direito.
A disponibilidade energética do Paraguai será ampliada em até 1.200 megawatts (MW), equivalente à demanda de energia, somada, dos Estados do Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins. O aumento será gradual.
A solenidade contou com a presença de autoridades dos dois países. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acompanharam a presidente Dilma Rousseff. Também estiveram no evento autoridades do Paraguai e do Brasil, parlamentares, diretores e membros do conselho de Itaipu.