O posicionamento histórico do Paraguai em relação à tarifa da Itaipu Binacional ganhou destaque recentemente, em matéria da jornalista Alexa Salomão para o jornal Folha de São Paulo. Conforme matéria veiculada no jornal, a diretoria paraguaia da usina busca um aumento na tarifa da energia para o período de 2024, desencadeando uma falta de consenso nas negociações com o Brasil.
A repercussão dessa posição do Paraguai, segundo a Folha de São Paulo, resultou em uma paralisação nos investimentos da hidrelétrica, afetando o pagamento a colaboradores, prestadores de serviços e fornecedores de ambos os lados da fronteira referente ao mês de janeiro.
“A suspensão dos pagamentos foi confirmada à Folha pelo Sinefi (Sindicato dos Eletricistas de Foz do Iguaçu) e executivos ligados à usina que preferem não citar seus nomes. O impasse entre diretores e conselhos no Brasil e no Paraguai sobre o preço da energia elétrica para este ano está travando a liberação de recursos”, destacou a Folha.
Conforme o artigo, a indefinição em relação à questão tarifária impacta diretamente na elaboração do orçamento de 2024 da entidade, impedindo a liberação de recursos até que um acordo sobre a tarifa seja alcançado por ambas as partes. O forte posicionamento do Paraguai na defesa de seus interesses nacionais representa um marco histórico, especialmente considerando a última negociação, feita ainda no mandato de Mário Abdo Benitez, que acabou cedendo à proposta brasileira de redução da tarifa, indo totalmente contra a opinião pública no Paraguai. Em dezembro de 2022, o governo do então Presidente Jair Bolsonaro (PL), fixou a tarifa em US$ 12,67 por kW de forma unilateral, sem acordo com os paraguaios. Antes, o encargo era de US$ 20,75 por kW, o acordo causou um grande desgaste político ao então Presidente do Paraguai.
Já em abril de 2023, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertou com o Paraguai a tarifa de serviços de Itaipu para US$ 16,71 por kW (quilowatt) em 2023.
“Está tudo paralisado, não tem orçamento definido e, por isso, não liberam dinheiro para nada”, declarou Paulo Henrique Guerra Zuchoski, presidente do Sinefi, em entrevista à Folha, destacando que um cenário como esse nunca havia paralisado o orçamento da binacional.