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E os protestos em Foz? Acabaram? Por quê?

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Há alguns meses, milhares de pessoas confirmaram a presença em um grande protesto em Foz do Iguaçu, e algumas centenas, inclusive, compareceram ao "evento". Munidos de suas cartolinas, jovens, adultos, idosos, pediam o combate à corrupção, mais recursos para a saúde, educação, etc, além de participarem de uma "onda" que oscilava pelo Brasil.

Dois textos que escrevi para o ClickFoz, um em 2012, outro em 2013, me vieram à cabeça há pouco: um, chamava-se "Ativistas de Sofá" e falava justamente do fato de a grande maiorias das pessoas não conseguir mexer o corpo para mudar o mundo. Outro, sobre os protestos, escrito à véspera do "encontro" de Foz, falava justamente do fato de saírem do sofá sem rumo, como um gigante que acordasse e estivesse meio zonzo.

Neste segundo texto, em especial, fui atacado por todas as vias possíveis (Facebook, Twitter, comentários, email, pessoalmente) pelos organizadores e simpatizantes do protesto de Foz. Durante demonizado, ouvi frases do tipo "a revolução começou", "vamos mudar o Brasil", etc. Fui acusado de subestimar a capacidade das pessoas de lutar pelo seu país, fui chamado de governista (e sou) e recebi uma série de apelidos, alguns horríveis, e comparações absurdas.

Mas, passados seis meses do fim da "onda", o que sobrou?

Nada.

Eu dizia, na época, que faltava um foco.

Um protesto tem que ter foco. Ou morre na praia. Tem que ter pauta de reivindicações para se cobrar das autoridades, ou seja lá de quem, depois.

Eu dizia, na época, que faltava uma liderança.

Em tudo, numa sala de aula, em um jogo de futebol, em qualquer lugar, alguém tem que representar, ser porta-voz, organizar, estar a frente.

Eu dizia, na época, que errava o alvo.

Pressionar por uma educação melhor não é erguer cartolina. É pressionar o Congresso a aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE), emperrado no Legislativo. Foz tem um Deputado Federal. Alguém pressionou ele?

Lutar por uma saúde melhor não é erguer cartolina. É ir à frente da Prefeitura, do Palácio Iguaçu, do Palácio do Planalto e pedir (com pauta clara) o cumprimento dos percentuais constitucionais, é participar das reuniões do Conselho Municipal de Saúde, que são públicas.

Querer o fim da corrupção não é erguer cartolina. É focar a crítica no Judiciário brasileiro, que senta sobre os processos contra políticos corruptos até prescreverem e só julgam na conveniência política.

Protestar deve ser algo pensado, planejado. 

Aqueles dois mil ativistas que acordaram em junho passado, se tivessem um líder, poderiam, por exemplo, se juntarem para eleger um vereador (com 1.500 votos já dá pra começar) e fazer a pressão de forma pouco mais efetiva. E depois eleger um Deputado. E depois eleger o Prefeito. E depois…

Mas não. Foram lá erguer a cartolina por que era férias. Porque era legal.
 


 

* Luiz Henrique Dias é escritor e adorador de canetas e cadernetas. Ele frequente lojas de materiais escolares e livrarias, sempre em busca de um bom atendimento e respeito. Quando não encontra, ele se frustra um pouco mais com a raça humana. "Mas só um pouco" – diz ele. Siga no Twitter também: @luizhdias

 

 

 

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