Há alguns dias que a decisão de sediar a Copa América de 2021 vem trazendo diversas repercussões negativas para o Brasil. E o diário americano The New York Times, um dos veículos de comunicação do mundo, não perdeu a oportunidade de criticar o governo brasileiro, principalmente o presidente Jair Messias Bolsonaro, por abraçar a competição continental em um momento tão delicado. O jornal ressalta que o Brasil vem enfrentando um dos piores momentos da crise sanitária, com alguns estados do país tendo leitos de UTI com ocupação acima dos 80%.
A chamada inicial do texto dita todo o tom da matéria. O título diz o seguinte: “Insanidade completa: Infestado pelo vírus, Brasil concorda em sediar competição de futebol”. O diário ainda ressalta que a Argentina e Colômbia, que deveriam ser a sede inicial da competição sul-americana, desistiram da ideia. A justificativa desses países foi de que eles não conseguiriam receber de forma adequada as comissões técnicas e jogadores das seleções. Com isso, a Conmebol, entidade organizadora do torneio, ficou em uma situação um tanto complicada. Mas o presidente da entidade, Alejandro Domínguez revelou que a competição seria realizada no Brasil, agradecendo a Bolsonaro por “salvar o dia”. Nas redes sociais o ato gerou grande repercussão, sendo defendido por alguns e criticado por outros, que depreciavam as autoridades brasileiras pela demora na aquisição de vacinas, mas que eram céleres na hora de atender um pedido para sediar a Copa América.
Calendário divulgado e o ensaio do boicote
Até o momento, a Conmebol já divulgou o calendário oficial de jogos da competição, e ao total quatro cidades e cinco estádios receberão as partidas ao longo do torneio, que terá como principais estrelas jogadores como Messi, Cavani, Neymar Jr e Luiz Suárez. E o Brasil fará sua estreia na Copa América contra a Venezuela em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, no dia 13 de junho – duelo que deve movimentar bastante as plataformas de apostas no futebol brasileiro, que têm cotado a seleção canarinha como uma das favoritas a levantar o troféu da competição.
Mas, além da imprensa e uma parte da população, o técnico Tite e os jogadores da seleção brasileira se mostraram contra disputar a Copa América no país. Os jogadores até mesmo ensaiaram um boicote ao torneio, sendo que Neymar tentou trazer outras equipes que disputarão a competição para causa, porém não logrou êxito, já que alguns atletas dos outros países vêem na Copa América uma espécie de vitrine do futebol, onde poderão demonstrar suas habilidades para o resto do mundo e, quem, sabe conseguir um contrato com uma clube europeu. Ademais, os jogadores do Brasil demonstraram um grande descontentamento com o presidente da CBF, Rogério Caboclo, que segundo os atletas, os tratavam como se eles fossem subordinados que deviam se submeter às ordens dos dirigentes.
E o estopim do problema ocorreu no dia 3, quando Casemiro deveria participar de uma coletiva de imprensa ao lado de Tite, mas acabou sendo proibido por Caboclo, que exigiu uma reunião particular com o jogador. Após essa e outras polêmicas, Caboclo foi afastado do comando da CBF no último domingo (6). Já os jogadores da seleção voltaram atrás em relação ao possível boicote, agora que um dos seus principais desafetos (Caboclo) estava fora do caminho, e sinalizaram que iriam atuar na Copa América. Com isso, os futebolistas divulgaram uma nota nos Stories do instagram, que não faz nenhuma menção a crise sanitária, mas sim a razões humanitárias ou de cunho profissional que justificariam a sua insatisfação com a realização da Copa América. Na nota divulgada, os jogadores ainda afirmam que não queriam transformar todo esse assunto em uma discussão política e que eram contra a competição desde o início, mas que ainda assim a jogariam.