O Poder Executivo do Paraguai continua “às voltas” em busca de uma estratégia para reativação da economia de Ciudad del Este e outras cidades de fronteira.
Em entrevista coletiva, a ministra da Indústria e Comércio, Liz Rosanna Cramer Campos, afirmou que a fronteira é uma das áreas mais afetadas pela crise gerada pela pandemia da covid-19 e admitiu que a abertura “ainda não será vista em breve ”, considerando o perigo de propagação do vírus devido à situação complicada nos países vizinhos.
Nesse sentido, a Ministra afirmou que o Poder Executivo está atualmente trabalhando em uma série de medidas para a reativação econômica dessas áreas e que uma das estratégias é flexibilizar a tributação dos itens incluídos na lista do regime de turismo. “Isso seria no caso específico de Ciudad del Este e também estamos analisando outras modalidades, trabalhando com a Alfândega no transporte de cargas junto com nossos pares”, explicou a ministra.
No último mês, o Presidente da Câmara de Comércio de Ciudad Del Este, Juan Ramirez, chegou a anunciar o envio de uma proposta ao governo, criada pelos comerciantes da fronteira, que poderia reerguer os negócios em CDE; uma combinação de comércio eletrônico com entrega ao consumidor brasileiro, ou “delivery transfronteiriço”, como foi apelidado pelo jornal paraguaio ABC Color.
Ainda não há previsão para aprovação da proposta do “delivery transfronteiriço” entre Ciudad Del Este e Foz do Iguaçu, porém, no caso da cidade de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com a cidade de Ponta Porã, a Ministra anunciou a aprovação da proposta apresentada pelos comerciantes para implementar um serviço de vendas on-line e a entrega dos produtos na fronteira. Ainda de acordo com a Ministra, os protocolos sanitários para viabilizar este serviço estão sendo finalizados.
Durante a coletiva, a Ministra também anunciou que está analisando a possibilidade de implementar ajuda adicional para cidades fronteiriças, semelhante ao Pytyvõ (benefício pago a título de auxílio emergencial, semelhante ao existente no Brasil, e que já tem mais de 1 milhão de beneficiários no Paraguai), destinada a funcionários informais. Além de um reforço de remuneração por meio do Instituto de Assistência Social (IPS), destinado a trabalhadores formais.
“É claro que, a médio e longo prazo, isso só será possível com um plano de reconversão produtiva e em outras propostas, como parques industriais”, afirmou ela ao destacar o papel que o setor privado na extensão deste benefício, que elevaria os gastos com o combate à crise causada pela pandemia do covid-19 e a quarentena à classificação de “orçamento de guerra”.
Liz Cramer também citou a implementação da terceira fase da quarentena inteligente, iniciada nesta segunda-feira, que possibilita a reabertura de novos setores, inclusive o setor gastronômico. As praças de alimentação seguem proibidas de operar no país, mas segundo a Ministra, há um compromisso do governo de ajustar as medidas sanitárias que serão avaliadas pelo Ministério da Saúde. Ela afirmou que todos os protocolos de trabalho foram, cuidadosamente elaborados, para que os locais gastronômicos pudessem operar.
“Certamente, o consumo pode ser lento no início, e isso é natural porque ocorreu em outros países, mas pouco a pouco as pessoas vão aprendendo essa nova maneira de compartilhar espaços”, enfatizou.
Com o Brasil ainda distante do “pico da curva” e países europeus e asiáticos sofrendo com o início de uma segunda onda de contaminação, o comércio fronteiriço precisa chegar rapidamente a uma solução que viabilize o comércio entre as cidades de países vizinhos. Caso isso não ocorra, e o Paraguai mantenha sua decisão de reabrir a fronteira, apenas e somente quando a situação estiver sob controle nos países vizinhos, o comércio fronteiriço corre o sério risco de não resistir, mesmo com as novas medidas anunciadas.