Em 2019, Foz do Iguaçu registrou 5.313 ocorrências policiais que vitimaram mulheres – um crescimento acima de 12% em relação ao ano anterior, quando foram 4.736 casos. Os dados são da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico, órgão da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná.
Os registros de violência doméstica foram 2.150, o que representa um aumento maior do que 16% na comparação com 2018, quando os órgãos de segurança receberam 1.852 denúncias desse tipo de crime. No ano passado, os boletins de ocorrência apontaram 1.548 ameaças, 817 lesões corporais e 682 situações de injúria contra mulheres.
Descumprimento de medidas protetivas, estelionato e violação de domicílio também fazem parte do conjunto de agressões à mulher. O levantamento mostra ainda que homens adultos foram responsáveis por 817 situações de violência – em 2018, esse número foi de 297; armas de fogo foram empregadas em 205 ocorrências em 2019.
O fim de semana é o período de maior incidência da violência de gênero, com 746 ocorrências aos sábados e outras 805 aos domingos. Houve um vertiginoso aumento de casos nos quatro últimos meses do ano, com 521, 538, 583 e 609 ocorrências, respectivamente em setembro, outubro, novembro e dezembro de 2019, ante 387 denúncias às forças de segurança locais em agosto do mesmo ano.
O fim da violência de gênero é uma das principais pautas da Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu neste sábado, 7. De acordo com Cátia Castro, uma das organizadoras do movimento e integrante do Coletivo Mulheres Sem Fronteiras, os números locais mostram a necessidade de envolver toda a sociedade na luta contra o machismo e pela manutenção e fortalecimento de políticas, serviços e investimentos públicos.
“Nos preocupa muito toda a destruição promovida pelo governo federal das políticas de atendimento à mulher, com menos verbas e programas desmontados”, enfatiza. “Além do mais, o presidente da República reforça em suas falas todo o machismo presente na sociedade e com isso só estimula mais violência, maior desrespeito e menos diretos sociais”, reflete.
De acordo com Cátia Castro, o alto número de violência contra a mulher em Foz nos finais de semana, demonstrado pelos dados oficiais, requer maior estruturação de órgãos de proteção. “Precisamos, urgentemente, do atendimento da Delegacia da Mulher nos finais de semana. Para isso é necessário maior investimento e concursos para a contratação de profissionais”, enfatiza.
Maior parte da violência é em casa
A apuração dos números mostra que a maior parte das mulheres vítimas de violência – 1.344 casos – tem entre 35 e 45 anos. Em seguida aparecem as faixas etárias de 18 a 24 anos e dos 46 aos 60 anos, com 997 e 882 ocorrências registradas em 2019. Quanto ao local da agressão à mulher, a residência está em primeiro lugar, com 3.104 registros – aumento de 15,13% em relação a 2018; locais públicos concentram 1.367 situações; e o comércio, 197.
Por região da cidade, o centro é a área que apresenta o maior número de casos de violência em que a vítima é mulher: 521. No Morumbi, foram identificados 267 registros de denúncias; na Vila A, 177; na Vila C, 176; em Três Lagoas, 168; e no Morumbi II, foram 162 situações de violência de gênero.
Marcha das Mulheres
Em Foz do Iguaçu, a Marcha das Mulheres será realizada neste sábado, 7, com concentração às 10h no Bosque Guarani. A mobilização pedirá o fim da violência contra a mulher e contra o feminicídio, além de reivindicar a manutenção de direitos, serviços públicos, emprego, democracia e liberdades democráticas. Na manhã de domingo, 8, haverá panfletagem na Feira Livre da JK. O movimento será realizado pelo Coletivo Mulheres Sem Fronteiras.