O Parque das Aves acaba de receber um grande aliado para ajudar na conservação das espécies da Mata Atlântica, o biólogo Benjamin Phalan. O pesquisador está em Foz do Iguaçu há três meses, e sua experiência de trabalho de campo com espécies ameaçadas e formas de reduzir a pressão humana sobre a biodiversidade, vão ajudar na conservação deste bioma.
O biólogo já foi assistente de campo de um projeto que monitorava albatrozes e outras aves marinhas na Antártica, aprendeu a usar redes de neblina e anilhar pássaros na Irlanda, organizou uma expedição em 2013 para procurar uma espécie desconhecida na Libéria e foi pesquisador de aves de florestas temperadas em Oregon (EUA). No Brasil, lecionou na Universidade Federal da Bahia, no Programa de Pós-graduação em Ecologia e Biomonitoramento.
Depois de passar por diversas florestas no mundo, agora escolheu a Mata Atlântica para pôr em prática seu conhecimento com aves para a conservação. “Sou um apaixonado pela biodiversidade. Desde criança aprendi a observar animais na natureza e tentar compreender seu comportamento. O que me trouxe até o Parque foi a possibilidade de contribuir de forma direta com a conservação da avifauna brasileira”, explica Phalan. Seu interesse pelo Parque das Aves se deve ao trabalho que o atrativo realiza na recuperação das 120 espécies e subespécies de aves da Mata Atlântica ameaçadas de extinção.
A diretora geral do Parque das Aves, Carmel Croukamp, conta que o Parque recebe especialistas do mundo inteiro para somar esforços em pesquisa e métodos de conservação de aves deste bioma. “Esses especialistas chegam aqui com propósito de somar esforços, compartilhar novos conhecimentos, e conhecer também nossa experiência e prática de vivência, passando a desenvolver juntos uma atividade em benefício do meio ambiente”, explica Carmel.
Um pesquisador de renome
Graduado em Zoologia pela Trinity College Dublin, em 2000, com PhD em Ciência da Conservação em Cambridge, no ano de 2009. O pesquisador realizou o trabalho de campo do seu doutorado em Gana, na África, estudando a relação entre agricultura e populações de aves e árvores, com o objetivo de assimilar o melhoramento do uso da terra. Como pós-doutorando em Cambridge, Phalan foi convidado a participar do seleto comitê escolhido pela universidade para lecionar ao príncipe William.
No Parque das Aves, Phalan traz a bagagem de pesquisa sobre o comportamento de espécies em ambientes degradados e os efeitos das mudanças climáticas. “Espécies que desapareceram recentemente da Mata Atlântica nos enviam um aviso triste – incluindo o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi) e o trepador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti). São linhagens que levaram milhões de anos para evoluir e as perdemos agora, sob nossa vigilância. Sem ações efetivas com certeza vamos perder mais espécies”, conta Benjamin.
Dedicado a natureza, Phalan acredita que outras espécies ameaçadas de extinção e oriundas da Mata Atlântica também podem se beneficiar de ações realizadas pelo Parque e seus parceiros, como no caso da choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi). “Todos temos sonhos. Como pesquisador, o meu é ver essa população crescer novamente”, conta Ben.
Sobre o Parque das Aves
Com 25 anos de atuação e 250 colaboradores, o Parque das Aves é a única instituição do mundo focada na conservação de aves da Mata Atlântica. Possui 16 hectares de mata restaurada, 1.300 aves de 130 espécies diferentes, com três viveiros de imersão e um borboletário. O objetivo do Parque das Aves é atuar investindo significativamente para criar um impacto positivo para as aves da Mata Atlântica, principalmente as 120 espécies e subespécies em risco de extinção. O Parque das Aves recebe 830 mil visitantes por ano, sendo o atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas.