O Parque das Aves recebe anualmente cerca de 830 mil visitantes. São milhares de visitantes todos os dias que consomem, geram lixo e causam algum impacto ao meio ambiente. Foi pensando nisso que o Parque adotou diversas medidas que envolvem visitantes e colaboradores visando a redução e reutilização de resíduos, coleta seletiva e uso de materiais sustentáveis.
Um item que o visitante nota logo que chega ao Parque são as lixeiras “recicláveis”, espalhadas por toda a trilha, e também disponíveis na área interna do Parque. Tudo o que é captado nessas lixeiras passa por um processo de separação, feito por funcionários, antes de ser encaminhado para reciclagem em empresas externas, ou compostagem (transformação de resíduos orgânicos em húmus, rico em nutrientes), feita no Parque mesmo.
Sabe aqueles canudos descartáveis que compõem boa parte do lixo plástico que poluem os oceanos e terminam na cadeia alimentar de diversas espécies marinhas? Eles foram simplesmente banidos dos restaurantes. Hoje quem pede um suco ou um refrigerante leva um canudo biodegradável, feito de papel e com embalagem individual de papel também.
Outra novidade é que as saladas e os mix de castanhas são servidas em potes de vidro, que podem ser reutilizados novamente após higienização. As opções de ingredientes nos pratos que possam gerar menos desperdício também foram aplicadas, como substituição de ingredientes por opções nativas e, quando possível, que possam ser produzidas localmente.
Outra forma de inovação sustentável é a utilização de tablets na Cozinha das Aves, onde todos os dias as fórmulas e prescrições de dietas saem do computador do zootecnista diretamente para os tablets da cozinha. Assim o pedido fica mais rápido e elimina todo o papel que antes era utilizado.
Jurema Fernandes, diretora administrativa do Parque das Aves, explica que pequenas medidas refletem resultados mais globais que se somam à gestão ambiental do Parque. “Nossas ações vão além das pilhas recarregáveis e lixo reciclável. Hoje o óleo de cozinha utilizado nos restaurantes e refeitórios dos colaboradores é comercializado com uma empresa em Campo Mourão (PR), enquanto o lixo de papel fica com uma empresa em Foz do Iguaçu. Já o papelão e as garrafas PET são doados para a Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (COAAFI), que vende os materiais e a renda é revertida para os catadores membros da cooperativa.”
Iniciativas ambientais
São diferentes os resíduos gerados no atrativo. O Parque produz diariamente cerca de 150 kg de resíduos orgânicos, contando a produção de alimentos dos funcionários, na cozinha que é preparada o alimento das aves, lanchonetes dos visitantes e sobra de alimentação dos animais.
Todo esse resíduo é levado para uma área interna no Parque onde são realizadas a compostagem. E após seis meses o composto produzido ali mesmo é utilizado como adubo nos jardins e plantios de árvores pela trilha do Parque das Aves. “Tudo começa com a dedicação dos nossos colaboradores, que levam os resíduos orgânicos para barris feitos em tela, misturando com matéria seca como palhas e serragem, evitando assim a proliferação de insetos e mau cheiro”, explica Jurema.
Com relação ao lixo eletrônico, todos os funcionários são incentivados a separá-los e levá-los ao Parque das Aves, para que seja feito o descarte adequado. Segundo Jurema, o objetivo é evitar que esse material altamente contaminado chegue aos lixões sem nenhum tratamento.
Produtos locais e artesanais
Outra maneira que o Parque das Aves encontrou para reduzir o impacto no meio foi escolhendo fornecedores locais e que tenham produções preocupadas com o meio ambiente. E isso gera escolhas mais positivas tanto para os produtos da loja e do restaurante, quanto para os insumos consumidos na operação, desde os alimentos das aves e dos funcionários até os materiais de escritório.
Um exemplo são os picolés vendidos no restaurante. Anteriormente, o Parque comprava esses produtos de uma grande marca, mas agora optou por apenas trabalhar com um fabricante local, a Oficina do Sorvete, que criou a linha “Sabores do Iguaçu” e utiliza ingredientes da região e alguns da Mata Atlântica. Isso faz com que os visitantes tenham a possibilidade de provar sabores tradicionais da região sul do Brasil, como pinhão, butiá e até mesmo erva-mate.
Além disso, o Parque deixou de vender no restaurante batatas fritas industrializadas, e passou a produzir um mix de batatas (mandioquinha, batata doce e batata inglesa), servidas em um copo de papel, sempre fresquinhas e muito crocantes.
“Nosso público tem tido uma aceitação muito boa dos produtos que estamos criando para substituir os industrializados. O mix de batatas está vendendo muito bem, e o mix de castanhas, servido em pote de vidro retornável, agradou pela substituição da embalagem plástica descartável. Aos poucos queremos analisar todas as opções sendo oferecidas a nossos visitantes e disponibilizar apenas produtos ambientalmente adequados”, comenta Jurema.
Desafios constantes
Como toda mudança, essas transformações que vêm ocorrendo no Parque das Aves nos últimos meses são repletas de desafios, e algumas precisam de várias tentativas antes de serem realmente implementadas. Um exemplo é o ketchup, agora produzido artesanalmente no atrativo. No início, os funcionários tiveram dificuldades em implementar uma embalagem para distribuir o condimento com os lanches, mas agora ele está implementado e funcionando.
“Optamos por uma embalagem biodegradável, mas também utilizamos um pote retornável. Ambos estão funcionando muito bem e as pessoas aprovaram nosso ketchup”, comenta Sandra Pereira Grego, gerente da loja e do restaurante do Parque das Aves.
Outro desafio que a equipe tem enfrentado é quanto à utilização da embalagem de vidro. Hoje, a reciclagem desse material é muito restrito na região, o que dificulta um pouco o trabalho com esses resíduos. Além disso, alguns visitantes acabam levando a embalagem embora, o que aumenta os custos dos produtos.
“Foz do Iguaçu merece que tenhamos essa preocupação, pois nossa maior riqueza é a natureza. Estamos trilhando um caminho cheio de desafios, mas que está longe de ser um caminho impossível, sobretudo quando equilibramos nossas decisões com a sustentabilidade econômica do negócio. Podemos garantir para quem quer seguir esse caminho que é compensador”, complementa Jurema.