Um cubano e um venezuelano foram os vencedores do 9º Torneio Paranaense de Economia. Raime Rodríguez Díaz e Carlos Alberto Ramos Torres, alunos do curso de Ciências Econômicas da Unila, conquistaram o primeiro lugar na competição, realizado nos dias 16 e 17 de agosto, em Curitiba. O Torneio é organizado pelo Conselho Regional de Economia (Corecon) do Paraná e contou estudantes de sete instituições de ensino superior do Estado.
No ano passado, a dupla inaugurou a participação da Unila na competição e ficou em terceiro lugar. “Acreditamos que o principal fator seja a maturidade intelectual. Como estamos no final do curso, já temos uma melhor perspectiva da totalidade da Ciência Econômica, o que nos permite apreender as determinações essenciais das diversas escolas do pensamento econômico”, comenta Carlos, que, como seu colega de turma, Raime, conclui neste semestre o curso de Ciências Econômicas – Economia, Integração e Desenvolvimento. Ele credita o resultado, também, ao melhor entendimento de como funciona o sistema econômico em seu nível macro. “E há, ainda, fatores pessoais, como a disciplina e a constância na nossa preparação”, completa.
Com a vitória, os dois estudantes conquistaram uma vaga na Gincana Nacional de Economia, que será realizada em Florianópolis (SC), nos dias 16 e 17 de outubro. “Foi possível perceber que o nível de competitividade [na etapa estadual] foi bastante alto e, seguramente, na disputa nacional também será”, comenta Carlos. “A etapa nacional é mais competitiva e, em consequência, mais divertida. Agora, não só vamos representar nossa querida universidade, mas também o Paraná. Até lá, estaremos treinando para corresponder com um bom desempenho às expectativas que os nossos professores, amigos e familiares colocaram sobre nós”, assegura Raime.
Teoria, conhecimento e sorte
O jogo, explicam os estudantes, apresenta três pilares fundamentais para simular a atividade de um ministro de Economia. O primeiro, é o conhecimento teórico; o segundo, o entendimento sobre como se relacionam variáveis como juros, câmbio, inflação e o desemprego. “O terceiro é a incerteza. Embora os economistas passem muito tempo tentando estimar o valor ou o comportamento de determinadas variáveis e cenários futuros, nem sempre acertam as previsões, pois a sociedade é muito complexa e, portanto, impossível de ser modelada perfeitamente”, destaca Raime. E aí, entra a sorte também, comentam os dois. “Sem dúvida alguma, o terceiro pilar foi o mais difícil na disputa. Embora nossa taxa de acerto nas perguntas fosse quase o dobro da maioria dos adversários, sempre existia o perigo da má sorte, com um aumento exagerado da recessão ou da inflação. Mesmo assim, depois de 8 rodadas e 16 níveis jogados, não sofremos nem uma derrota.”
Se o jogo não parece fácil para brasileiros, é possível imaginar a dificuldade para quem é de fora e não viveu, sequer, a história econômica mais recente do Brasil: Carlos tem 25 anos e é da Venezuela e Raime, de 23 anos, é de Cuba. “No ano passado, nós afirmamos que o curso de Ciências Econômicas da Unila apresenta a pluralidade necessária para formar um profissional capaz de atuar em diversas áreas da economia. Neste ano, utilizamos novamente a ampla gama de autores que estudamos na graduação, mas também nos aprofundamos em outros que nem sempre são suficientemente abordados em cursos de economia no Brasil, como Masahisa Fujita, Karl Kautsky e Franco Modigliani”, explica Raime. Para ele, uma grande ajuda no torneio deste ano também veio de um projeto de extensão – “Ciclo de debates: controvérsias na Ciência Econômica” – que proporcionou a análise de obras de autores como John Keynes, Milton Friedman e Gunnar Myrdal.