Mais um capítulo foi escrito na recuperação da onça-parda (Puma concolor) macho que chegou ao Refúgio Biológico Bela Vista em estado grave de saúde, no dia 25 de julho. Na última quarta-feira, 31, o animal passou por um procedimento cirúrgico de 4,5 horas no hospital veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus de Palotina, por uma equipe da UFPR e da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu – o médico veterinário Pedro Henrique Teles e o biólogo Marcos de Oliveira.
De acordo com Pedro Teles, a cirurgia foi concluída com sucesso, com prognóstico favorável. “Houve pouca perda sanguínea, não ampliando ainda mais a anemia em que o animal se encontrava”, informou. Segundo ele, o foco da fratura foi estabilizado com auxílio de duas placas bloqueadas e um pino intramedular. “Para auxílio na formação de calo ósseo foi realizado, ainda, o implante de tecido ósseo retirado do próprio animal.”
Após o procedimento cirúrgico, foram feitas novas radiografias que confirmaram o bom posicionamento ósseo. Pedro conta que nestas radiografias foram encontrados cinco pequenos projéteis de chumbo na face, no pescoço e no tórax da onça, indicando que ela possa ter sido alvejada por algum caçador no passado. Como os projéteis foram encapsulados e cicatrizados, optou-se por não retirá-los.
A onça-parda foi, então, reencaminhada ao hospital veterinário do RBV, em Foz do Iguaçu, aonde chegou acordado e em alerta. Ela permanecerá por um período pós-cirúrgico de 60 dias em espaço pequeno, com restrição dos movimentos, para evitar a desestabilização da fratura e favorecer a remodelação óssea. “Os analgésicos serão dados via oral, já que a onça passou a se alimentar de forma voluntária”, conta Pedro Teles.
Sobrevivente
A onça-parda chegou a RBV inconsciente e em estado grave de saúde no último dia 25 de julho, encaminhada pela Polícia Ambiental de Foz do Iguaçu. A informação é que ela tinha sido atropelada na rodovia BR-163, km 322, entre as cidades de Mercedes e Guaíra, no Oeste do Paraná. A região é próxima à Faixa de Proteção Ambiental da Itaipu, de onde, provavelmente, o animal saiu.
Os primeiros procedimentos foram fazer radiografias que constataram a fratura na pata traseira direita (membro pélvico direito) e uma lesão no pulmão. A onça teve ainda traumatismo craniano, um corte na lateral direita da face, um canino quebrado e sofria de anemia. O felino passou por ultrassom e análise de sangue e foi levado à ala de internação do hospital veterinário.
Segundo Pedro Teles, a prioridade do tratamento foi estabilizar o animal e reduzir uma hemorragia cerebral. Foram aplicados analgésicos para reduzir a dor gerada pelas várias lesões e houve o cuidado com a hidratação da onça, devido à perda de sangue e ao fato de o animal não ingerir líquidos espontaneamente.
Contra o relógio
Embora fosse necessário esperar a evolução do quadro clínico do animal para realizar a cirurgia, o procedimento não poderia demorar muito porque, com o tempo, inicia-se um processo de fibrose na região fraturada que poderia dificultar a futura operação.
De acordo com o médico veterinário do RBV, a cirurgia foi a única forma de fazer que o animal se recupere plenamente. “Por ser uma espécie bastante musculosa e forte, qualquer forma mais conservadora como talas e bandagens não surtiriam efeitos positivos”, concluiu.